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terça-feira, 16 de maio de 2023

O BANHO JUDAICO ESCAVADO NA CIDADE VELHA DA CORUNHA

 Muita pouca gente conhece o que escondem os muros do número 4 de Rua da  Sinagoga da cidade da Corunha desde que a câmara municipal local travou a sua compra em dezembro de 2022 para investigar o seu passado judaico e torná-lo num Centro de Interpretaçom. Os primeiros restos achados assim o merecem, já que constituem um dos espólios mais importantes dos últimos anos na Cidade Histórica da Corunha.

Os arqueólogos e técnicos confirmaram-no: os largos muros do prédio ocultavam umha cisterna, que pôde ter sido umha mikvé ou mikvá; isto é, um espaço para realizar a imersom ritual de purificaçom que prescrebe o judaísmo, segundo alguns historiadores, ou um simples reservório de água. Esta construçom já é visível e acessível logo de ter sido escavada.

«Relativamente à sua tipologia dam-se todas as condições para achar que pode ser umha mikvá», assegura o arqueólogo municipal Marco Antonio Rivas, durante umha visita aos achados, ao que se accede pola porta lateral da casa. Ao atravessar a entrada observa-se na parede da esquerda umha porta retangular com bordos de pedra que começa abaixo do nível do atual solo. É necessário descer uns degraus para chegar a ela. Desde que se atravessa aparece o habitáculo de 2,80 metros de largo por 2,40 de comprimento no que brota água dum manancial.


Há que descer sete degraus, um número simbólico para o judaismo. Abaixo da água localizam-se dous grupos de escadas, um primeiro de quatro degraus e um segundo de três, o que dá umha ideia aos investigadores. No meio, há um assento de pedra. Do escoamento até a base há 2,30 metros, «mas a água chega a 160 ou 170 centímetros», precisa Marco Antonio Rivas. «Parece que é um banho, porque nom faz sentido fazer umha escada num poço que ocupa um terço da superfície do poço», acha o arqueólogo, descartando a hipótese do depósito para retirar água.


Segundo ele perceber as fases construtivas «é importante para conhecermos a relaçom da construçom e o prédio». Primeiro procuraram um manancial e depois cortaram a rocha», frisou, antes de apontar para umha pedra de grandes dimensões que é um silhar e pôde ser retirado da escavaçom da rocha. Colocaram-no ao fundo, junto de outros que alicerçam o muro da casa. Posteriormente, criaram a abóvada de canhom, apoiada na parede, com o que seria um espaço totalmente fechado. «Após ter a estrutura acabada fizeram a escada», referiu ele.




Umha escavaçom muito difícil

Se bem que a pesquisa avança, Rivas relembra que «para concretizar a funçom desta cisterna é preciso alargarmos os trabalhos de escavaçom e leitura de parámetros». Assim mesmo, vam continuar a investigar se o imóvel foi umha sinagoga ou umha casa privativa. Os trabalhos estiveram comandados polo arqueólogo Simón Pena, auxiliado por três técnicos. «As condições de escavaçom foram muito duras. Tivemos de esvaziar um aterro de 4,80 metros de altura. O manancial brotava e estavam a trabalhar com água até cima, mas polo interesse deste achado prosseguiram», refere Marco Antonio Rivas. Deramoram um mês.

A chefa do escritório técnico de licenças, Ana Debén, foi umha das pessoas que teimou desde o início em investigar este prédio e agora que pode entrar ve semelhanças com umha esnoga. «O andar principal da casa é un cubo de 7 por 7 por 7 metros», matiza e acrescenta que «há exemplos doutras com esse feitio». O arqueólogo esclarece que existem diferentes tipologias construtivas que marcan etapas distintas. «Há que ver a casa como umha grande estaçom arqueológica para ir identificando fases construtivas», sugere.


Também estudou o achado o historiador Xosé Alfeirán, que pede nom apurar conclusões precipitadas, já que durante a escavaçom «nom se achou nengum material judaico» como restos de cerâmica. «Jamais vi umha mikvé com esse feitio na parte de abaixo, nem de cisterna», cuida Alfeirán, ao que também nom lhe calha a altura da água, pois habitualmente atinge os 1,45 metros mas neste caso o escoadouro está a 2,32 metros.

«É umha cerimónia na que se introduzem por completo na auga e este é fundo de mais. Sería difícil fazer o ritual», acha. Também nom acha que este habitáculo fosse feito como un depósito para apanhar água, porque nom faria sentido ter construído assim as escadas. «Poderia ser umha mikvé privativa, nom acho que pertencesse a umha sinagoga, mas cabe seguir a analisá-lo», frisou ele.

>> Judiaria da Corunha

Fonte: La Voz de Galicia via Associaçom para a Defesa do Património Galego

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