quarta-feira, 2 de março de 2022

COMO A INVASOM DA RÚSSIA NA UCRÂNIA ESTÁ A AFETAR ISRAEL?

João Koatz

O analista da Conexão Israel encara nesta mensagem como é que invasom da Rússia na Ucrânia afeta Israel e de que forma o governo israelita está a lidar com esse conflito.


Só se fala nesse conflito no mundo todo, é claro que em Israel nom seria diferente. Os israelitas, no entanto, tendem a meter Israel no meio de tudo, a considerar que o país é, no mínimo, coadjuvante em qualquer grande acontecimento global. Agora nom é. 

Para começar, Israel está alinhado com os EUA de forma quase que automática desde meados da guerra fria. Dificilmente os países boicotam-se na arena internacional, ainda que haja crises entre os dous. E isso aproxima Israel do Ocidente. Portanto, se os EUA, a NATO e a UE estám do lado da Ucrânia, dificilmente Israel estará do outro. 

Por outro lado, Israel mantém boas relações com a Rússia, quase que por obrigaçom. A Rússia está longe de ser um dos principais parceiros econômicos de Israel mas exerce umha influência desproporcional no Próximo Oriente, especialmente na Síria. Sabemos que a Síria é inimiga de Israel desde a sua fundaçom, e que o regime é permissivo com a passagem de armamentos do Irão ao Hezbollah no Líbano.

Israel frequentemente bombardeia bases do Hezbollah e do Irão na Síria, e tudo isso sob a aprovaçom de Putin. Israel precisa ter os russos ao seu lado, sobretudo desde que Trump decidiu retirar as tropas norte-americanas da Síria. E aí o bicho começa a pegar. 

Presença russa na Síria

Antes da invasom russa, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, ofereceu-se para intermediar negociações entre a Rússia e a Ucrânia. Israel tem relações com os dous países, Zelensky, presidente da Ucrânia, é judeu, e Bennett julgou-se grande o suficiente para isso. Grave erro, pois Israel nom tem nem tradiçom de mediaçom de conflitos, nem estatura para mediar umha negociaçom dum conflito no qual um dos lados é um país da envergadura da Rússia. Além disso, Israel nom consegue nem resolver conflitos com os seus vizinhos, quem dirá dos outros

Como se nom bastasse, Putin ficou furioso! Ele nom queria nengumha mediaçom, quanto mais dum país ligado aos EUA, como é Israel. Bennett tentou sair maior do que é (síndrome de Netanyahu?) e terminou menor ainda. 

E aí começou a guerra. Israel demorou dous dias para se manifestar, mas as pressões do ocidente obrigaram o governo a repudiar a invasom russa. Israel defendeu o direito soberano da Ucrânia, sem citar Putin e a Rússia. Culpa a agressom, nom o agressor. 

A Rússia nom gostou. Chamou o embaixador de Israel em Moscovo para questioná-lo sobre como era possível que Israel apoiasse um governo formado por nazistas. Ele referia-se ao batalhom Azov, milícia neonazista que foi incorporada ao exército ucraniano. 


E aí Zalensky ligou para Bennett pedindo que ele intermediasse em Jerusalém negociações para o cessar-fogo. A ideia foi genial (para a Ucrânia): um presidente judeu, em Jerusalém (que nom é reconhecida como capital de Israel por boa parte da comunidade internacional) para afastar de vez as acusações de nazista. Bennett, entom, ligou para Putin no domingo dia 27 de fevereiro. Toda a mídia israelita estava em êxtase repercutindo a "noticia", quando três horas depois, assim do nada, anunciam que as negociações começariam em Bielorússia. Balde de agua fria

Zalensky, entom, fez outro pedido: queria que Israel vendesse armas para a Ucrânia. Os EUA disseram que viam com bons olhos, mas Bennett recusou. Depois, outra polêmica: Israel recusou-se a receber refugiados ucranianos, e aí vem a cereja do bolo: O embaixador da Ucrânia em Telavive, Yevgeni Kornichuk, disse-se desapontado e pediu para que Israel reconsiderasse, pois a Ucrânia ajudara muitos judeus no Holocausto. 

O Yad Vashem reconhece cerca de 2.500 Justos entre as Nações ucranianos, mas a Ucrânia é um dos países com mais colaboracionistas com os nazistas. Além de todo o histórico de antissemitismo, os ucranianos som um dos povos com mais condenados nos tribunais internacionais por crimes contra a humanidade na Segunda Guerra Mundial.

Como se nom bastasse essa disputa pola memória dos bons e maus no Holocausto, no dia 1 de março as forças russas bombardearam a torre de TV de Kiev e acertaram o memorial de Babi Yar, um dos bosques onde principalmente judeus foram assassinados e enterrados em fossas no Holocausto.

Babi Yar é local dum dos maiores massacres de judeus e civis da URSS polos nazistas

Israel economica e militarmente nom tem muita importância para este conflito. O seu peso internacional é muito pequeno, mas a disputa pola memória do Holocausto faz com que russos e ucranianos cortejem e pressionem Israel, algo de simbólico tem aí e nom é pouca cousa. 


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