A seguir reproduz-se umha traduçom livre da terceira e última parte em que se dividiu neste blogue o artigo sobre umha aproximaçom histórica do mito da conspiraçom judia do filósofo e historiador das ideias Pierre-André Taguieff, publicada na ediçom de julho-agosto de 2016 da "Revue des Deux Mondes". Os aspetos do conspiracionismo antijudeu ordinário que o artigo desenvolve sobre a França poder-se-iam aplicar a qualquer um outro país europeu.
Na pesquisa de opiniom realizada polo Instituto Francês de Opiniom Pública (IFOP) para a Fundaçom para a Inovaçom Política (Fondapol) a partir de 26-30 setembro de 2014 (33), os resultados da temática conspiracionista som muito significativos:
- 25% dos entrevistados acreditam que os Judeus têm demasiado poder na economia e finanças (43% de todos os muçulmanos);
- 22% que os Judeus têm muito poder nos meios de comunicaçom;
- 19% que os Judeus têm muito poder no campo da política (51% de todos os muçulmanos);
- 16% de que existe umha "conspiraçom sionista" (44% para todos os muçulmanos: 30% entre as que referiram ter "origem muçulmana", 42% dos "crentes muçulmanos" e 56% de "crentes e praticantes muçulmanos").
O sociólogo Eric Marlière destaca, entre os "jovens das cidades" com os que teve várias entrevistas, "umha simbiose entre sentimentos de injustiça e a existência dumha visom conspiracionista": "Esses jovens, pola sua condiçom de Árabes e de muçulmanos (principalmente), vêem-se como os "novos inimigos internos" face à minoria judia percebida como rica, dominante e manipuladora". (34) Se, em geral, a sociedade francesa lhes parece à vez fechada e hostil, eles parecem estar convencidos de que esta nom é apenas aberta para os Judeus, mas também controlada ou dirigida por eles. O "sionismo" é o nome que eles dam ao poder que domina o mundo.
Um jovem solteiro de 26 anos vindo da imigraçom marroquina afirma o seguinte: "É eles que dominam. Eles detêm o mundo. Os Estados Unidos som obrigados a segui-los. Olha, eles atacam a Palestina e ninguém diz nada! O sionismo para mim, é isso, é a dominaçom dumha elite judia sobre outros povos". Um outro jovem da imigraçom tunisiana de 27 anos, de formaçom engenheiro, acusa "o ultra-liberalismo" e "o sionismo": "Se hoje dominam a mídia, os grandes financeiros, o ultraliberalismo que possui tudo e atrás acha-se o sionismo. Repare no número de Judeus (jeufs) em posições-chave na mídia, no Estado nas universidades". Um estudante de 26 anos saído da imigraçom argelina indigna-se: "Os sionistas, eles realmente controlam tudo sem nem sequer precisar se escondere!". Indignaçom que ecoa nas palavras de um homem de 33 anos de origem argelina, "Hoje eles já nom se escondem. O sionismo está a ganhar. Olhe, podemos falar nisso aqui numha cidade, mas na televisom, na rádio ou na imprensa você pode perder tudo! Eles dominam quase tudo!"
Um jovem solteiro de 26 anos vindo da imigraçom marroquina afirma o seguinte: "É eles que dominam. Eles detêm o mundo. Os Estados Unidos som obrigados a segui-los. Olha, eles atacam a Palestina e ninguém diz nada! O sionismo para mim, é isso, é a dominaçom dumha elite judia sobre outros povos". Um outro jovem da imigraçom tunisiana de 27 anos, de formaçom engenheiro, acusa "o ultra-liberalismo" e "o sionismo": "Se hoje dominam a mídia, os grandes financeiros, o ultraliberalismo que possui tudo e atrás acha-se o sionismo. Repare no número de Judeus (jeufs) em posições-chave na mídia, no Estado nas universidades". Um estudante de 26 anos saído da imigraçom argelina indigna-se: "Os sionistas, eles realmente controlam tudo sem nem sequer precisar se escondere!". Indignaçom que ecoa nas palavras de um homem de 33 anos de origem argelina, "Hoje eles já nom se escondem. O sionismo está a ganhar. Olhe, podemos falar nisso aqui numha cidade, mas na televisom, na rádio ou na imprensa você pode perder tudo! Eles dominam quase tudo!"
Segundo o conspiracionismo, o DAESH (ISIS) seria umha criaçom do sionismo para cometer ataques terroristas sob falsa bandeira |
As histórias conspiracionistas permitem sintetizar estes temas de acusaçom e dar-lhes umha interpretaçom global, com base numha ideia simples: umha pequena minoria de poderosos (dominantes e exploradores) tira proveito da miséria da maioria ("nós", as vítimas da conspiraçom dos poderosos). É umha resposta padrom para a pergunta: "Quem se beneficia do crime? ".
A nova vulgata antijudia que parece ter-se estabelecido definitivamente na França e noutros países europeus pode resumir-se pola articulaçom de três características negativas atribuídas aos "Judeus" ou "sionistas":
- eles som "dominadores" no Ocidente ("Eles têm o dinheiro", "eles têm o poder", "eles dominam a America");
- eles som "racistas", particularmente no Próximo Oriente, onde eles se comportam "como nazistas" com os Palestinos;
- eles conspiram em todo o mundo: eles organizaram os ataques de 11 de setembro, empurram para a guerra e querem lançar umha guerra preventiva contra o Irã, eles estám por trás dos conflitos que rasgam os países árabes (nomeadamente através da manipulaçom do Estado Islâmico, simples espantalho), organizam ataques terroristas sob falsa bandeira para "lixar o Islám" (como os ataques de 7, 8 e 9 de janeiro e 13 de novembro de 2015), e, em geral, manipulam a política internacional .
NOTAS
33. Ifop/Fondapol, l’Antisémitisme dans l’opinion publique française. Nouveaux éclairages, novembre 2014, http://www.fondapol.org/wp-content/uploads/2014/11/CONF2press-Antisemitisme-DOC-6-web11h51.pdf.
34. Éric Marlière, La France nous a lâchés ! Le sentiment d’injustice chez les jeunes des cités, Fayard, 2008, p. 135.
Sem comentários:
Enviar um comentário