Uri Avnery, ativista da esquerda israelita, neste artigo de opinom defende a criaçom dum amplo bloco de centro-esquerda que evite a reeleiçom de Benyamin Netanyahu nas eleições antecipadas o vindouro 17 de março de 2015.
Uri Avnery
Eu nom sou um membro do Meretz. Mas eu votei no Meretz nas últimas eleições, porque foi o partido que representava mais de perto os meus pontos de vista. É por isso que me permito fazer algo que abeira o cara de pau: apelo para o Meretz se aderir ao bloco de partidos que poderiam dar aos eleitores umha alternativa realista face Benjamin Netanyahu nas eleições de março.
Meretz é um partido puro, e sua tendência natural é preservar essa pureza. No entanto, aqui estou eu, a lhe pedir um compromisso sobre um monte de coisas. Por quê?
Porque eu vejo diante de mim um país em estado de emergência, um país em que a democracia está a morrer, os direitos humanos estam a ser pisoteados e a justiça social está a desaparecer. Um país em que os colonos e os seus emissários estám a destruir tudo de bom. Um país que está a caminhar para o abismo, um abismo do qual nom há retorno.
A eleiçom que vem deve deter este louco galope em direçom à direita endoidecida e restaurar umha medida de sanidade para o Estado. Só após conseguirmos isso podemos dedicar-nos ao maior problema de todos: fazer a paz.
Eu poderia compilar umha lista de todas as falhas de Isaac Herzog e Tzipi Livni, separadamente e em conjunto, a partir de agora até o fim dos tempos. Eles nom som a minha equipa de sonho. Mas eles fizeram uma grande coisa; a sua fusom despertou o centro-esquerda dum coma terminal. Eles restauraram a esperança para umha possível mudança. O público entende que um governo de direita radical nom é um fado inevitável, como se pensava apenas recentemente. O público entende que tem o poder de derrotar Netanyahu.
A base política formada pode ser aproveitada. Para isso, Herzog e Livni merecem os nossos sinceros agradecimentos. Mas nom podemos parar aqui. O impulso que foi criado deve continuar a ganhar força. Os próximos parceiros naturais som o Meretz e Yesh Atid.
Yair Lapid nom tem nada a perder. Se ele correr sozinho, vai sofrer um golpe humilhante. Mas num grande bloco, pode ser dissimulada a sua queda. A sua honra será salva e o seu futuro assegurado. Meretz tem mais de um problema. Mas Zahava Gal-On e os seus colegas devem considerar se eles vam correr como um pequeno partido ou fazer parte dum grande campo. Se o Meretz permanecer separado, vai manter a sua força, e pode até mesmo adicionar um mandato ou dous. Mas com isso? Como evitará isso afundar-nos no esquecimento?
Se Yesh Atid e Meretz fizerem parte do grande bloco, eles vam equilibrar-se na opiniom pública. Este campo unido nom ficará muito de esquerda ou de direita. Afinal, nos Estados Unidos da América os equivalentes de todos esses partidos encontram-se num só partido, o Partido Democrata, e ainda há espaço.
E o que dizer Moshe Kahlon? Sob tais circunstâncias, seria umha mágoa que ele nom se juntasse também. Enfrentado a um bloco centrista unido, cuja popularidade será esmagadora, as chances de sucesso para umha entidade independente som reduzidas. Como Lapid, Kahlon também poderia concluir que vale a pena a sua adesom ao grande bloco.
O que irá alcançar este grande bloco? Na verdade, há uniões cujos custos excedem os seus benefícios, porque perdem votos nas margens, e existem combinações que valem muito mais do que a soma das suas partes. Estou completamente convencido de que, neste caso, este último é o caso. O público está ansioso para algo novo, grande e poderoso.
É melhor caçar um urso juntos do que o dilacerar separadamente, um após o outro. O surgimento de tal bloco vai mudar todas as regras. Hordas de eleitores que perderam a esperança, que dizem "o que faz diferença?" e que podem ficar em casa, irám levantar-se das suas cadeiras e votarám. Essa é a massa crítica que vai mudar o equilíbrio. De repente, emergerá que a direita é umha minoria. Este bloco, juntamente com os ultra-ortodoxos e os Árabes, será capaz de formar o próximo governo.
Nom vai ser umha simples viragem. Será umha revoluçom. Fomentar a revoluçom requer entusiasmo e autoconfiança. Exige a fé que podemos salvar o estado que fundamos. Os pessimistas nom fazem a história.
Opiniom tirada do jornal Haaretz, traduzida para o galego-português por CAEIRO.
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