O negacionismo é umha teoria da conspiraçom antissemita que pretende apagar, dumha penada, os seis milhões de mortos do genocídio judeu executado polos nazistas nos campos da morte durante a Segunda Guerra mundial na sequência da "soluçom final".
Arquivos desconhecidos e a perícia de historiadores permite deconstruir este discurso do ódio, que apareceu no pós-guerra a partir dos nostálgicos do nazismo e da colaboraçom. Para o historiador Henry Rousso, "o extermínio dos Judeus é um dos objetivos da guerra alemã: nom é um dano colateral".
Quando em 20 de novembro de 1945 se abre em Nuremberga o processo contra umha vintena de dirigentes do III Reich, "muitos investigadores, -lembra o antigo advogado criminalista Robert Badinter-, assignaram-se como tarefa apanhar as provas do genocídio judeu. (...) Todo isto foi submetido ao controlo do procedimento muito contraditório anglossaxom. (...) Neste sentido, Nuremberga fez à história um serviço mais que valioso". Porém, enquanto o processo de Nuremberga acabava de esclarecer as provas esmagadoras do horror, o silêncio impõe-se aos sobreviventes da barbárie.
Num primeiro momento a apariçom das teorias negacionistas surgem a partir de nostálgicos do III Reich e da colaboraçom.
Em 1948 o polemista de extrema-direita Maurice Bardèche, parente do escritor colaboracionista Robert Brasillach afuzilado durante a Libertaçom, publica um artigo inflamatório intitulado "Nuremberga ou a Terra prometida" em favor da Alemanha nazista, contestando o direito legal e moral dos Aliados para julgar os dirigentes do III Reich por atos que eles "talvez" teriam cometido (escreve que "vivimos desde há três anos umha falsificaçom da história") e no que exprime as teses negacionistas cujos argumentos se irám tornar nos clássicos da negaçom do Holocausto.
Em 1950 um ex-deputado socialista deportado em Buchenwald, Paul Rassinier, em "A mentira de Ulisses" exprime as suas dúvidas relativamente à existência das câmaras de gás, declarando nom tê-las visto no campo onde fora deportado.
Em 1950 um ex-deputado socialista deportado em Buchenwald, Paul Rassinier, em "A mentira de Ulisses" exprime as suas dúvidas relativamente à existência das câmaras de gás, declarando nom tê-las visto no campo onde fora deportado.
Para ouvir o testemunho de 111 sobreviventes do Holocausto será preciso esperar até 1961, com motivo do julgamento em Israel de Adolf Eichmann, antigo dirigente do III Reich e diretor do escritório IV-B4 responsável polo transporte dos Judeus para os campos de extermínio. O processo de Eichmann é a primeira vez em que se narram publicamente a destruiçom dos Judeus como um aspeto distinto dos outros da criminalidade nazista. Apesar disto, o discurso revisionista continua a se desenvolver nos medios neonazis e grupos de extrema-direita.
Porém, constrói-se um discurso movediço, que sabe adaptar habilmente o seu argumentário e ângulos de ataque segundo o contexto e o alvo. Assim sendo, no quadro da Guerra Fria e do conflito israelo-palestiniano, na década de 1970, sob a influência dumha extrema-esquerda antissionista, o negacionismo experimenta umha certa reorientaçom.
Na década de 1980 os negacionistas concentram os seus ataques sobre aspectos "técnicos" da soluçom final. Para a sua defesa, quando colocados perante os tribunais, retorquem que som especialistas do que resta das infraestruturas dos campos de concentraçom. Embora estas argumentações "técnicas" nom resistem o trabalho dos historiadores, a visibilidade conquistada por causa de processos mediatizados faz com que o discurso negacionista alastre. Para muitos historiadores, entre os quais Pierre Vida-Naquez, "dar-lhes a palavra é dar-lhes o único que reclamam". Abrir o diálogo para refutar as teses negacionistas é dar-lhes tempo e protagonismo para serem ouvidos.
Na década de 1990 o negacionismo experimenta umha reorientaçom com a adesom de antigos militantes de esquerda ao abrigo do conflito israelo-palestiniano.
O negacionismo mesmo consegue a adesom de antigos militantes de esquerda. Assim sendo, durante a década de 1990, Roger Garaudy, ex-militante comunista, corporifica esta reorientaçom do movimento negacionista. O discurso dele, recolhido em "Os mitos fundadores da política israelita" (1996), após pôr em causa a existência das câmaras dem e gás, toma um carácter político alvejando o Estado hebreu, que é acusado de ter inventado/fabricado um mito para justificar a criaçom de Israel e servir aos seus interesses. Defendido por Jacques Vergès, sob a escusa de defesa da liberdade de expressom, Garaudy recebe o apoio inesperado do abade Pierre, umha das personalidades mais estimadas na França.
O discurso negacionista, decididamente antissionista e antissemita, atrai tanto os ativistas pró-palestinianos quanto a umha parte do mundo árabe-muçulmano antissionista, mobilizados contra Israel.
Em 11 de dezembro de 2006, o presidente iraniano Mahmud Ahmadineyad, reúne em Teerám umha conferência pública, "Conferência Internacional para a Revisom da Visom Global do Holocausto", à que som convidados nom apenas proeminentes antissemitas e negacionistas ocidentais, mas também organizações racistas (vários líderes do Ku Klux Klan, entre os quais David Duke) e neonazistas europeias, juntamente com judeus ultraortodoxos antissionistas, cregos e governantes do mundo islâmico. Para além de difamar a Israel e o sionismo em geral, tratou-se dumha reuniom de negacionistas do Holocausto onde os seus protagonistas puseram em causa inúmeras vezes a existência do genocídio judeu e se dedicaram a negar sistematicamente o número de vítimas, a existència das câmaras de gás e os principais campos de extermínio.
Durante essa conferência Robert Faurisson, revisionista francês do Holocausto condenado várias vezes por "contestaçom de crimes contra a humanidade", atreveu-se a pedir "provas". O objetivo é sempre o mesmo: semiar a dúvida sobre os crimes cometidos polos nazistas contra os Judeus. Em 2008, convidado por Dieudonné M'Bala M'Bala, este negacionista francês é aclamado polo público deste pseudo-humorista no Zénith.
À maneira do filme "Autopsie d'un mensonge. Le négationsme" (2001) ou do documentário "Einsatzgruppen, les comandos de la mort" (2009), Michaël Prazan e Valérie Igounet acabam de realizar um documentário de primeira ordem, intitulado "Les faussaires de l'Histoire", no qual vários historiadores desmontam solidamente as teses negacionistas.
Com base numha multidom de documentos e imagens de arquivos, alguns dos quais desconhecidos ou inéditos, testemunhos durante os processos, dados, relatórios,... mas também nas análises de politólogos ou historiadores, entre os quais Henry Rousso, autor do termo "negacionismo", os autores traçam a trajetória geopolítica deste discurso nojento que visa revisar a história.
Segundo o documentário, emitido pola primeira vez em 28 de setembro em Talweg - France 5, o negacionismo aparece hoje como um movimento, umha SEITA, seguida à sua vez polos neonazistas e a franja antissemita do mundo árabe-muçulmano. As chaves de resposta acham-se, portanto, no passado deste nevoeiro que atrai personalidades de todas as origens.
Enquanto desaparecem devagarinho as últimas testemunhas do Holocausto, para o diretor do museu de Auschwitz sempre ficará a educaçom e o ensino face ao veneno da falsificaçom.
Minorizado e estigmatizado na Europa Ocidental e na América do Norte, o negacionismo ganha terreno nos países árabes e do Próximo Oriente. Por isso é importante lembrar que, seja qual for a sua forma e cor política, trata-se dumha "forma contemporânea do antissemitismo".
Informações tiradas de CONSPIRACY WATCH. Traduzido para o galego-português por CAEIRO.
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