segunda-feira, 21 de julho de 2014

SISTÉMICO ANTISSEMITISMO

Alberto Moyano

Com certeza, nem toda crítica a Israel incorre no antissemitismo. Mas, ao igual que existe umha "casta política", existe umha outra "casta moral", que opera em funçom de critérios estritamente ideológicos, com umha ética à vontade, que aparece e desaparece para desatar a indignaçom a conveniência.

De menor a maior, surpreende a frivolidade dos que sustentam que o conflito basco é muito complexo, tanto que desde fora nom se entende, e que seja como for, há que ouvir todas as partes, para ato contínuo despachar o conflito do Próximo Oriente em 140 caracteres ligados a arrepiantes imagens, tantas vezes, resgatadas do arquivo.

Nom existe território mais ocupado do que o corpo dumha mulher palestiniana, nem faixa mais estreita do que o espírito feminino limitado pola imposiçom violenta das superstições de Alá e os seguidores de Maomé. Da situaçom dos homossexuais, melhor nem falarmos. Isso é antissemitismo, na sua forma mais curiosa quando se der entre os melhores progressistas.

Também causa perplexidade a laxitude moral aplicada aos recentes acontecimentos registados na Ucrânia, onde, postos a escolher entre UE e Moscovo, a "casta ética" nom duvidou em se situar com Putin, o mesmo que deixou a Chechénia convertida num ermo sem que ninguém mencionasse que os Russos estavam a fazer com este povo caucasiano o mesmo que os nazistas fizeram com os soviéticos. Por agrávio comparativo, isso é antissemitismo.

Como também é esquecer que Israel é o único estado do mundo cuja existência juraram pôr fim a fauna de tiranos que floresceram na zona desde 1947 e mesmo antes. Nom há dirigente árabe que, em caso de apuro, nom tenha arremetido contra Israel, o inimigo comum, antes de atacar o seu próprio povo nuns termos bélicos aos que nunca recorreu este país. Massacre sem conto na Líbia, gaseamento de Curdos no Iraque, 30.000 mortos e 300.000 deslocados na Síria, um país que apenas preocupa no que diz respeito ao status das Colins de Golã. Por suposto, nengumha mençom a Hitler. Isso é antissemitismo.

Todo o mundo sabe que Ariel Sharon foi o general que permitiu as matanças de Sabra e Chatila. Já som menos os que conhecem que os executores foram as milícias libanesas de cristãos maronitas, aos que ninguém comparou, nem equiparou com o III Reich. Do nome do responsável direto do massacre, melhor nem falarmos. Naquele caso, ao Exército israelita cabe a duvidosa honra de se ter comportado com a mesma passividade com a que anos depois as forças holandesas contemplaram a matança de bosniacos. Porém, Sharon luziu no imaginário popular um bigode hitleriano; a ninguém se lhe ocorreu comparar os holandeses com Hitler. Mais umha vez, agrávio comparativo, essa fascinaçom é antissemitismo.

Quando interesseiramente se silencia que o Muro que divide de forma sangrante Cisjordânia foi construido com os materiais vendidos por empresários palestinianos e que desde a sua construçom os atentados suicidas contra civis israelitas passaram dum à semana para um ao ano é antissemitismo, mais ainda à luz das tragadeiras dos cidadãos ocidentais na hora de aceitar toda classe de cortes em matéria de direitos civis e de sacrificar a sua liberdade individual no altar da segurança, todo a raiz dum magno atentado perpetrado há tres lustros.

Quando se vinculam as atuações do Exército israelita à aprendizagem recebida a mãos das SS soslaia-se que mais bem foram os palestinianos os alunos dotados: já nos anos quarenta, foi o mufti de Jerusalém, al-Husayni, instalando em Berlim, quem rogou, suplicou e implorou a Himmler que instalasse câmaras de gás na Palestina para a eliminaçom maciça de Judeus ou, no seu defeito, extermisse "in situ" os 400.000 alemãos que Berlim achava deportar. Nesta última aspiraçom, as suas prezes foram atendidas e os 400.000 judeus alemães, reduzidos a cinzas. Porém, nunca verás vinculadas as palavras "nazi" e "palestiniano".

Antissemitismo é negligenciar que Israel abandonou Gaza em troca de nada, apenas a promessa de nom agressom e que nem sequer isto foi capaz de cumprir a Autoridade Palestiniana sobre o terreno, quer dizer, os iluminados do Hamás. Nengum país árabe quis saber nada dos Palestinianos, que Egito sempre rejeitou fazer-se cargo de Gaza e que se a faixa é "o maior cárcere ao ar livre do mundo", é-o porque o encargado de manter trancada umha das suas portas é Cairo, com Sadat e sem Sadat, com Mubarak e sem Mubarak. 30.000 palestinianos atravessam a diário os dous passos fronteiriços de Gaza para ir trabalhar a Israel, um drama facilmente evitável se o Egito se ocupasse de abrir o seu muro e dar-lhes emprego.

Antissemitismo é exibir a divisom a 50% do antigo Mandato Britânico da Palestina aprovado polas Nações Unidas, silenciando que Israel aceitou a sua parte, enquanto os Palestinianos nom, aguilhoados polos países árabes, que prometeram jogar os Judeus ao mar. O Estado de Israel proclamou-se a 14 de maio de 1948. A 15 de maio cinco países árabes declararam-lhe a guerra e tentarom invadi-lo. Desde entom, nom conheceu um respiro.

Dito isto, oxalá Israel saia quanto antes da espiral de violência, iniciada mais umha vez polos extremistas islâmicos, e encontre um interlocutor desprovido de impulsos liberticidas e com o que assinar umha paz duradoura. Mas convenhamos em que será difícil enquanto no outro lado da mesa se sentar, por um lado, uns que sentiram o pavor da vertigem à paz cada vez que a acarinharam, metade deles, corrompidos até o tutano, e por outro, alguém que se nega a reconhecer a tua existência e, simultaneamente, jura destruir-te.

Fonte: EL DIARIO VASCO
Traduzido ao galego-português por CAEIRO.

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