terça-feira, 1 de julho de 2014

ISRAEL PRONTO PARA RECONHECER A INDEPENDÊNCIA DO CURDISTÁM

A mudança radical que nos últimos dias está a ter lugar no Iraque reabriu o debate sobre se chegou o momento em que o Curdistám do Sul alcance a independência total. Umha independência que já o é de facto logo após a queda do exército iraquiano nas regiões de maioria árabe-sunita perante o avanço dos jihadistas do Exército Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) e doutros grupos armados sunitas tenha feito com que as poucas ligações que mantinha o governo do Curdistám do Sul com o executivo iraquianos quebrassem.
Guerrilheiros Peshmerga combatendo em defesa do Curdistám
Neste cenário, segundo noticia a Reuters desde Jerusalém, o governo israelita trasladou no dia 26 de junho ao governo dos EUA que, na sua opiniom, a independência do Curdistám do Sul é "um final anunciado". Além disso, especialistas israelitas anteciparam que umha declaraçom de independência do Curdistám do Sul poderia ser facilmente reconhecida por parte do Estado judeu.

Desde a década de 1960 Israel mantém discretas ligações de tipo militar, de inteligência e de negócios com os Curdos, vendo nesta naçom sem estado umha proteçom contra um adversário árabe comum.

Os Curdos aproveitaram o recente caos sectário que envolve o Iraque para alargar o seu território autónomo, incluindo a área Kirkuk, muito rica em jazidas de petróleo, o que contribuiria para fazer economicamente viável esse Estado curdo independente.

Porém, Washington defende a unidade territorial do Iraque. Assim sendo, no dia 24, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, visitou lideranças curdas iraquianas, às que apelou para procurar umha integraçom política com Baguedá. No dia 26 Kerry também tratou a crise iraquiana com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Avigdor Lieberman, numha juntança que manteveram em Paris. 

Na véspera, o Presidente israelita Shimon Peres trasladou umha mensagem semelhante ao Presidente dos EUA, Barack Obama, que recebeu o velho estadista na Casa Branca. Segundo os repórter, Peres trasladou que lhe tinha dito a Obama que ele nom via um Iraque unido sem umha maciça intervençom militar estrangeira, o que dava ênfase a umha separaçom curda da maioria muçulmana xiíta e da minoria árabe sunita."Os Curdos, de facto, já criaram o seu próprio estado, que é democrático. Um dos sinais dumha democracia é a concessom da igualdade para a mulher", disse o chefe de Estado israelita, acrescentando que a vizinha Turquia iria aceitar o novo estatuto dos Curdos a teor do fornecimento de petróleo.

Na passada sexta-feira Israel teria recebido alegadamente umha primeira entrega do crude disputado do novo gasoduto do Curdistám iraquiano em contra do critério dos EUA, que desaprovam essa exportaçom de petróleo  do Curdistám.

O Curdistám é a maior Naçom sem Estado do mundo. Calcula-se que há cerca de 30-40 milhões de Curdos em todo o Curdistám, umha naçom cujo território se estende pola Turquia, Irám, Iraque e Síria. É precisamente pola existência de minorias Curdas nos estados vizinhos que os Curdos hesitaram em declarar a independência do Iraque.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel disse que naquele momento nom havia relações diplomáticas formais com os Curdos. As autoridades israelitas recusaram comentar a existência de ligações clandestinas. "O nosso silêncio, polo menos em público, é melhor. Um pronunciamento desnecessário pola nossa parte só pode prejudicar os Curdos", disse no dia 24 Amos Gilad, alto funcionário da defesa israelita. Perguntado na rádio do Exército de Israel se a independência curda era desejável, Gilad notou a fortaleza da parceria israelo-curda no passado e disse que "pode-se olhar para a história e tirar conclusões sobre o futuro".

Veteranos da inteligência israelita dizem que a cooperaçom tomou a forma de treinamento militar dos Curdos do norte do Iraque em troca da sua ajuda para permitir a saída clandestina de Judeus, bem como na espionagem ao regime de Saddam Hussein e, mais recentemente, do Irám.

Eliezar Tsafrir, ex-chefe do Mossad no Curdistám iraquiano, agora reformado, frisou que o sigilo em torno a essas ligações tinha sido mantido a pedido dos Curdos. "Gostaríamos de que fosse aberto, ter umha embaixada lá e ter relações normais. Mas mantemo-las clandestinas porque é isso que eles querem", disse ele à Reuters.

Ofra Bengio, umha especialista no Iraque da Universidade de Telavive e autora de dous livros sobre o Curdistám disse que a entrega de petróleo da semana passada e outras ligações comerciais entre Israel e o Curdistám faziam parte "obviamente" dumha política mais ampla. "Eu certamente acho que no momento em que Masoud Barzani (o presidente curdo) declarar a independência, essas ligações seriam transformados em relações abertas", disse ela. "Depende dos Curdos".

O Governo Regional Curdo do Iraque negou ter vendido petróleo para Israel, quer direta, quer indiretamente. O governo israelita também nom quis comentar a entrega desse petróleo.

A posiçom do governo de Israel relativamente a independência do Curdistám do Sul tornou-se pública logo depois da proclamaçom, em 29 de junho, do Califado nos territórios controlados polo EIIL.

Assim sendo, em resposta às conquistas feitas por insurgentes sunitas no Iraque, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu a criaçom dum Estado curdo independente. Num discurso em Telavive, ele disse que os Curdos "som umha naçom de guerreiros", "provaram compromisso político" e "som dignos de independência".

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