Desde a sua criaçom, o Parlamento galego nunca se tem caracterizado polo seu compromisso com a soberania nacional da Galiza nem pola defesa dos seus direitos nacionais.
Muito diferentemente das outras nações sem Estado existentes no Estado espanhol, a hegemonia política na Galiza corresponde às forças que defendem a unidade de Espanha ou mesmo negam a existência dum conflito Galiza-Espanha em termos nacionais. Nem sequer no breve período progressista (2005-09) em que o nacionalismo galego participou no governo galego (Junta da Galiza), o Parlamento galego jamais adoptou qualquer resoluçom em prol da soberania nacional.
Porém, agindo como se nom existisse umha questom nacional galega, no passado dia 6 de maio TODAS AS FORÇAS com presença do Parlamento galego (unionistas e soberanistas) aprovaram umha Declaraçom Institucional com motivo do aniversário do início do êxodo do povo palestiniano.
No que resulta, já agora, umha atitude muito espanhola de querer ser mais papista que o Papa, a declaraçom feita polos deputados autonómicos galegos aponta umhas exigências que Israel deve cumprir para chegar a umha resoluçom do longo conflito israelo-palestiniano:
"- o cumprimento das resoluções da ONU
- o respeito absoluto dos direitos humanos de palestinianos/as
- o respeito absoluto dos direitos colectivos do povo palestiniano
- o reconhecimento do direito ao retorno das pessoas e comunidades às terras e casas de que foram expulsas".
Logo a seguir, essa Declaraçom oficial acaba referindo que "o Parlamento da Galiza nom irá poupar esforços em contribuir desde a Galiza para construir umha ordem internacional justa sob o apoio da legalidade internacional, um mundo no que a força fique sempre submetida ao direito". Isto é, o Parlamento galego em vez contribuir para que as partes encontrem umha soluçom ao conflito na sequência do Processo de Paz em que estám envolvidas e apoiar o Acordo ao que se chegue, entra em cheio em certos aspectos ou linhas vermelhas que dificultaram até agora a soluçom do conflito.
Umha vez conhecida a declaraçom, Alon Bar, o embaixador de Israel no Reino de Espanha e em Andorra, remetou a 9 de maio umha carta à Presidência do Parlamento galego mostrando a sua surpresa polos termos em que está redigida a Declaraçom.
Alon Bar. Foto. Adrià Costa |
Segundo o embaixador israelita com esta declaraçom o Parlamento da Galiza coloca-se entre os piores e mais extremos inimigos de Israel ao pretender impor o retorno dos refugiados palestinianos, pois a implementaçom disso suporia a desapariçom do Estado de Israel. "Com essa postura, o Parlamento da Galiza situa-se fora do que é o consenso da UE sobre os parâmetros do futuro acordo de paz entre palestinianos e israelitas e das posições defendidas polos sucessivos governos de Espanha". A carta do diplomata israelita finda frisando que "umha declaraçom com estes conteúdos e focagens, aprovada polo Parlamento da Galiza precisamente no dia do aniversário da Independência de Israel, apenas serve para favorecer as posições mais extremistas dos que perseguem a desapariçom do Estado de Israel".
Esta tomada de posiçom constitui um grave erro dos representantes legítimos do povo galego que, mais umha vez, agem contra os interesses da Galiza. Especialmente os dez representantes que dizem representar a consciência nacional deste povo oprimido (7 deputados do BNG e 3 de ANova-IN) que, sem dúvida, vangloriar-se-ám polo seu "golpe ao imperialismo" mas que, na prática, fecham as portas a um país que pode ser aliado, como o está a ser na Catalunha, na causa da libertaçom nacional. Com certeza, cabe lembrar as declarações de Musa Amer Osed, embaixador da Palestina em Madrid, quem chegou a afirmar que "umha Espanha unida apoia melhor a causa palestiniana".
Muito diferentemente do caso galego, os representantes nacionalistas do povo catalão que estám a liderizar um movimento secessionista em marcha (CiU e ERC), gozam de boas relações tanto com o povo Judeu quanto com o Palestiniano. De facto, no passado 3 de junho de 2013 a Comissom de Açom Exterior, Uniom Europeia e Cooperaçom (CAEUEC) recebeu Alon Bar, ao que lhe trasladaram os pormenores do movimento independentista em marcha. Nessa reuniom o diplomata israelita manifestou, literalmente, que "Israel vai respeitar a vontade expressa pola Catalunha", interiorizando ato contínuo quais som as procuras catalãs de que seja respeitada a vontade e que se permita a sua expressom democratica através dum referendo. A diferença doutros governos ocidentais, a mídia espanhola tem destacado em múltiplas ocasiões a recusa de Israel a criticar o movimento soberanista catalão que, por outro lado, tenciona abrir em breve um consulado israelita em Barcelona.
Assim sendo, embora o porta-voz do Partido Popular, recusou inicialmente valorizar a resposta diplomática, o Presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, lembrou que os termos da declaraçom "está dentro das resoluções da ONU", lamentando a "má interpretaçom". O presidente conservador defendeu que "o povo galego nom procura nem procurará qualquer conflito", mas que visa enviar "umha mensagem de respeito a todos os povos". "Admiramos e respeitamos o povo israelita, a sua laboriosidade, e somos conhecedores das calamidades que sofreram ao longo da História", frisou ele.
Por outra parte, o porta-voz do Grupo parlamentar do PSOE, J. L. Mendez Romeu, qualificou a resposta de "desproporcionada", reiterando que a declaraçom unânime foi aprovada numha "data muito simbólica". Ele lembrou outras declarações semelhantes "como a que condena o Holocausto aprovada no mês de janeiro" e que põe de manifesto a postura socialista de comprometer-se com a paz e com o cumprimento das resoluções da ONU.
Para Xosé Manuel Beiras, porta-voz de AGE conhecido entre os meios da extrema-direita mundiais por ter vetado no ano passado umha resoluçom de condena do genocício nazista por parte do Parlamento galego, a resposta do embaixador israelita é "totalmente inadmisível que o diplomata israelita cometa umha ingerência nas decisões soberanas do parlamento galego". O velho líder nacionalista criticou que o Estado de Israel "leva decénios incumprindo sistematicamente as resoluções da ONU e e cometendo etnocído e genocídio contra o povo palestiniano". Por se havia dúvidas, "é o Estado judeu, nom o povo judeu, o que se comporta de maneira extremista e submete a um regime de apartheid aos palestinianos em Gaza ou Cisjordânia". Coerente com a sua aliança politico-eleitoral com a esquerda espanhola, o ex-independentista galego manifestou-se em prol da existência dum único estado binacional judeu-árabe ao exprimir o seu desejo de que "algum dia um Estado laico garanta o convívio dos povos palestiniano e Israelita".
Para o BNG, formaçom política que também se tem negado a condenar o genocídio nazista contra os Judeus ou que mesmo chegou a expulsar do seu seio a militantes nacionalistas por fazerem parte dumha associaçom de amizade com Israel, mostrou-se muito duro ao qualificar de "impresentável" a carta enviada pola Embaixada de Israel. O seu porta-voz, F. Jorquera Caselas, anunciou que o BNG vai pedir na próxima junta de porta-vozes do Parlamento galego que se encaminhe umha resposta "reprovando" a atitude de Alon Bar.
Em geral, os grupos políticos representados no Parlamento galego nom compartilham a opiniom do embaixador israelita.
A imagem negativa dos Judeus na Galiza nom é um fenómeno novo; está ligado tanto ao processo de castelhanizaçom/espanholizaçom (de facto, o Reino da Galiza era muito tolerante com os Judeus) quanto à perseguiçom levada a cabo pola Inquisiçom nos séculos XVII-XVIII. Posteriormente acrescentar-se-ia a propaganda nacional-católica e antissemita espalhada durante quarenta anos polo regime nazi-fascista de Franco.
Paradoxalmente é o nacionalismo galego bregado no combate antifranquista e que se chama de esquerdas o que, ao igual que a esquerda espanhola operante na Galiza, defende maioritariamente posições antissionistas que abeiram o velho antissemitismo. Destarte para os antissionistas é o Estado de Israel de hoje que corporifica o Judeu eterno de outrora dos antissemitas como bode expiatório da sua impotência para interpretar umha realidade complexa que os supera.
Reações na Galiza
Ao abrigo do acontecido, a presidenta do Parlamento galego distribuiu a carta entre os porta-vozes das distintas forças políticas representadas nessa câmara.Assim sendo, embora o porta-voz do Partido Popular, recusou inicialmente valorizar a resposta diplomática, o Presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, lembrou que os termos da declaraçom "está dentro das resoluções da ONU", lamentando a "má interpretaçom". O presidente conservador defendeu que "o povo galego nom procura nem procurará qualquer conflito", mas que visa enviar "umha mensagem de respeito a todos os povos". "Admiramos e respeitamos o povo israelita, a sua laboriosidade, e somos conhecedores das calamidades que sofreram ao longo da História", frisou ele.
Por outra parte, o porta-voz do Grupo parlamentar do PSOE, J. L. Mendez Romeu, qualificou a resposta de "desproporcionada", reiterando que a declaraçom unânime foi aprovada numha "data muito simbólica". Ele lembrou outras declarações semelhantes "como a que condena o Holocausto aprovada no mês de janeiro" e que põe de manifesto a postura socialista de comprometer-se com a paz e com o cumprimento das resoluções da ONU.
Para Xosé Manuel Beiras, porta-voz de AGE conhecido entre os meios da extrema-direita mundiais por ter vetado no ano passado umha resoluçom de condena do genocício nazista por parte do Parlamento galego, a resposta do embaixador israelita é "totalmente inadmisível que o diplomata israelita cometa umha ingerência nas decisões soberanas do parlamento galego". O velho líder nacionalista criticou que o Estado de Israel "leva decénios incumprindo sistematicamente as resoluções da ONU e e cometendo etnocído e genocídio contra o povo palestiniano". Por se havia dúvidas, "é o Estado judeu, nom o povo judeu, o que se comporta de maneira extremista e submete a um regime de apartheid aos palestinianos em Gaza ou Cisjordânia". Coerente com a sua aliança politico-eleitoral com a esquerda espanhola, o ex-independentista galego manifestou-se em prol da existência dum único estado binacional judeu-árabe ao exprimir o seu desejo de que "algum dia um Estado laico garanta o convívio dos povos palestiniano e Israelita".
Para o BNG, formaçom política que também se tem negado a condenar o genocídio nazista contra os Judeus ou que mesmo chegou a expulsar do seu seio a militantes nacionalistas por fazerem parte dumha associaçom de amizade com Israel, mostrou-se muito duro ao qualificar de "impresentável" a carta enviada pola Embaixada de Israel. O seu porta-voz, F. Jorquera Caselas, anunciou que o BNG vai pedir na próxima junta de porta-vozes do Parlamento galego que se encaminhe umha resposta "reprovando" a atitude de Alon Bar.
Em geral, os grupos políticos representados no Parlamento galego nom compartilham a opiniom do embaixador israelita.
Galiza antijudia
A imagem negativa dos Judeus na Galiza nom é um fenómeno novo; está ligado tanto ao processo de castelhanizaçom/espanholizaçom (de facto, o Reino da Galiza era muito tolerante com os Judeus) quanto à perseguiçom levada a cabo pola Inquisiçom nos séculos XVII-XVIII. Posteriormente acrescentar-se-ia a propaganda nacional-católica e antissemita espalhada durante quarenta anos polo regime nazi-fascista de Franco.
Paradoxalmente é o nacionalismo galego bregado no combate antifranquista e que se chama de esquerdas o que, ao igual que a esquerda espanhola operante na Galiza, defende maioritariamente posições antissionistas que abeiram o velho antissemitismo. Destarte para os antissionistas é o Estado de Israel de hoje que corporifica o Judeu eterno de outrora dos antissemitas como bode expiatório da sua impotência para interpretar umha realidade complexa que os supera.
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