Cidade galega situada à beira do rio Minho com cerca de 110.000 habitantes.
Batizada como "A cidade de Ouro" (Auriense) polos romanos, Ourense manteve importância pola sua ponte romana e situaçom na antiga Galécia. De facto, foi corte real do Reino Suevo da Galiza.
Durante o reinado de Sancho II tem lugar a renascença da cidade. Em 1122 Dona Teresa de Portugal entrega a jurisdiçom da cidade ao bispo, situaçom que se manteve até o século XVII. Durante o século XVI a cidade experimenta um importante aumento de populaçom e da atividade comercial ao abrigo da comercializaçom do vinho e do artesanato.
A Judiaria de Ourense, apesar de ser umha comunidade importante dentro das judiarias galegas, era fraca. De facto, nom se pode falar propriamente numha judiaria, apesar de ter sinagoga e rabino-mor, já que os Judeus estavam espalhados pola cidade misturados com cristãos e, depois das medidas segregacionistas de 1484-87, polo reduzido tamanho da Rua da Judiaria e o número limitado de Judeus que concentrou.
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Zonas de âmbito judaico de Ourense. GoogleEarth |
A Judiaria de Ourense estava situada na Rua Nova (atual Rua Lamas Carvajal), mas devido ao seu baixo número de membros, sempre conviveram com os cristãos na mesma rua polo facto de os Judeus nom ocuparem toda a rua. Mesmo alguns investigadores acham que no momento de esplendor, a populaçom de Judeus na rua Nova nom superou os 15% da vizinhança, enquanto outros afirmam que superavam metade da populaçom.
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Eva L. Parguinha |
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Eva L. Parguinha |
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Eva L. Parguinha |
Algumhas famílias judias moravam nas ruas lindeiras à Rua Nova, como as Ruas Sapateiros (atual R. das Tendas), Arcedianos, Praça do Campo (atual Praça Maior) e Barreira.
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R. Arcedianos. GoogleMaps |
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R. das Tendas. GoogleMaps |
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Rua Lua. GoogleMaps |
Posteriormente a Judiaria de Ourense estendeu-se à denominada Porta da Fonte do Bispo, um dos acessos à cidade, devido aos conflitos originados tanto pola oposiçom dos cristãos a abandonar as suas casas para deixar sítio nos limites geográficos marcados pola lei para a judiaria, quanto polos protestos dos Judeus contrários a abandonar as suas vivendas. Os Judeus podiam conservar as suas lojas e oficinas fora da judiaria definida sempre que nom dormirem nem comerem nelas.
Seja como for, os dados que se dispõem, todos do século XV e muito numerosos, sabe-se que a Judiaria de Ourense gozava dumha boa saúde económica, onde havia vários angariadores de impostos e penhoristas, ao mínimo um joalheiro, um sapateiro, um armeiro, vários médicos e um veterinário.
Porém, em 1484 publica-se o decreto das Cortes de Toledo obrigando todos os Judeus para residirem na Rua Nova e ordenando à populaçom cristã o abandono dessa rua. O governo municipal nom fez muito caso desse édito, sendo necessária a sua reiteraçom em 1487.
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Planta de Ourense no séc. XV |
Como acontecido noutros pontos da Galiza, o convívio era tam distendido que nalgumhas ocasiões alguns Judeus foram detidos por blasfemar durante as procissões cristãs. Assim sendo, a briga mais grave que se lembra contra os Judeus de Ourense foi o saque da Sinagoga em 1441. No entanto, a documentaçom existente culpabiliza disso um grupo de Franceses que nessa altura estavam hospedados numha das casas do bairro judeu.
Nesse quadro, as crónicas da época referem as boas relações existentes ente cristãos e Judeus. Os Judeus colaboravam com o Concelho nas obras da ponte, nas despesas extraordinárias ou no pleito promovido polo concelho contra o bispo. E por tudo isto que as autoridades municipais, cientes da importância da judiaria para a economia local polos impostos que pagavam e polas riquezas que geravam, tentavam que os judeus nom abandonassem a cidade. Entre estas medidas achava-se o imposto que devia pagar qualquer um cidadão que abandonasse a cidade: enquanto os cristãos deviam pagar doze maravedis, os Judeus tinham de pagar o dobro. Quer por antissemitismo, quer para conservá-los, essas eram as taxas municipais para abandonar Ourense. Reciprocamente, o Concelho de Ourense repõe 3000 maravedis que certo David perdera em Chaves, qualifica um "agrávio" o saque à sinagoga ou adia até sete anos o cumprimento da ordem segregacionistas dada polos Reis Católicos.
No que diz respeito à Sinagoga de Ourense, sabe-se que estava situada na Rua Nova e que, consoante o tamanho da populaçom judaica local, era pequena e tinha horta e poço. Porém, nom se pode determinar a sua localizaçom exata. Enquanto uns defendem que se achava no local onde agora se levante a igreja de Santa Eufémia, outros acham que é o local de em frente, num prédio que ligava a Rua Sapateiros com a Rua Nova.
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Igreja de Sta. Eufémia, possível local da Sinagoga de Ourense.
Eva L. Parguinha
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