Cidade portuguesa, no Distrito da Guarda, situada na vertente norte da Serra da Estrela. Nesta cidade existiu umha comunidade judaica bem organizada.
Em 1083 D. Fernando I, Magno, Rei da Galécia-Leom, integrado no movimento chamado da Reconquista Cristã retomou Gaudela aos Mouros. O primeiro foral de Gouveia foi concedido no ano de 1186 por El-rei D. Sancho I e confirmado por D. Afonso II em Coimbra em 1217.
A judiaria de Gouveia, rodeando a cidade a oeste, ter-se-ia desenvolvido com orientaçom sul-norte. Iniciada com umha pequena comuna tendo cerca de 50 Judeus em meados do século XV, no final da centúria, seriam quase 200 famílias. Encontram-se aqui os Adida, Abenazo, Baruc, Faravam, Navarro e Sacuto.
Em 1083 D. Fernando I, Magno, Rei da Galécia-Leom, integrado no movimento chamado da Reconquista Cristã retomou Gaudela aos Mouros. O primeiro foral de Gouveia foi concedido no ano de 1186 por El-rei D. Sancho I e confirmado por D. Afonso II em Coimbra em 1217.
A judiaria de Gouveia, rodeando a cidade a oeste, ter-se-ia desenvolvido com orientaçom sul-norte. Iniciada com umha pequena comuna tendo cerca de 50 Judeus em meados do século XV, no final da centúria, seriam quase 200 famílias. Encontram-se aqui os Adida, Abenazo, Baruc, Faravam, Navarro e Sacuto.
Os Judeus que habitavam Gouveia estiveram sempre ligados ao trabalho da lã, atividade clássica desde há muito nesta cidade. Localizada nas proximidades da Estremadura espanhola, depois da data de expulsom dos Judeus de Espanha, a vinda dos refugiado provocou o desenvolvimento da indústria de lanifícios, praticado entom de jeito muito rudimentar, tendo modernizado e intensificado o trabalho dos lanifícios. Nomeadamente utilizando engenhos movidos a energia hidráulica, que provinha das ribeiras caudalosas da vila.
Aliás, os judeus espanhóis expulsos construíram no outono-inverno de 1496 umha sinagoga que nom chegou a ser inaugurada por causa da ordem de expulsom do Rei Manuel I de dezembro desse ano. Porém, em 1967 foi encontrada umha pedra pertencente a essa sinagoga numha casa da Rua Nova em plena judiaria de Gouveia. Nessa pedra pode ler-se: «A glória desta Última casa será maior que a primeira; Diz o "Adonai" (Senhor) dos Exércitos: a casa da nossa santificação, da nossa glória, e os resgatados pelo Senhor, voltarão e regressarão a Sião em alegria.»
A judiaria de Gouveia englobava toda a parte oeste da cidade, e tem como principais pontos a chamada hoje em dia a Rua e Travessa do Ouvinho, Rua das Flores, vias perpendiculares à Rua da República, a zona de Santa Cruz, formando com a Rua Nova e parte da Av. 1º de Maio, o Bairro da Biqueira.
Aliás, os judeus espanhóis expulsos construíram no outono-inverno de 1496 umha sinagoga que nom chegou a ser inaugurada por causa da ordem de expulsom do Rei Manuel I de dezembro desse ano. Porém, em 1967 foi encontrada umha pedra pertencente a essa sinagoga numha casa da Rua Nova em plena judiaria de Gouveia. Nessa pedra pode ler-se: «A glória desta Última casa será maior que a primeira; Diz o "Adonai" (Senhor) dos Exércitos: a casa da nossa santificação, da nossa glória, e os resgatados pelo Senhor, voltarão e regressarão a Sião em alegria.»
A judiaria de Gouveia englobava toda a parte oeste da cidade, e tem como principais pontos a chamada hoje em dia a Rua e Travessa do Ouvinho, Rua das Flores, vias perpendiculares à Rua da República, a zona de Santa Cruz, formando com a Rua Nova e parte da Av. 1º de Maio, o Bairro da Biqueira.
A Capela de Santa Cruz
Na Capela de Santa Cruz de Gouveia acha-se um testemunho da violência exercida sobre a comunidade cristã-nova de naturais de Gouveia.
No século XVI, na sequência do ódio aos Judeus formentado por D. João III, nesta vila beirã havia duas comunidades em conflito. Por um lado umha rica e próspera comunidade de cristãos-novos ou judeus e, por outro, os cristãos-velhos que achavam mal a prosperidade dos primeiros.
É nessa tensom que um dia de 1522 numha igreja de Gouveia aparece uma imagem da virgem Maria pendurada por umha corda atada ao pescoço como se a tivessem enforcado. Ato contínuo, a populaçom acusou os Judeus e correu à judiaria de Gouveia pegando dos três mais ricos. Trazeram-no para o cabo de vila e queimaram-nos vivos abraçados à Santa Cruz.
Porém, mais tarde verificou-se a sua inocência, acabando-se por se saber que quem tinha ido enforcar a virgem foram os próprios que acusaram os Judeus. Para expiar esse remorso os frades do Convento de S. Francisco mandaram erigir a capela como desagravo no sítio onde queimaram os três judeus inocentes.
Fica para a história o relato sobre este episódio realizado por Meyer Kayserling: «Em Gouveia foi encontrada em pedaços umha imagem de Maria, muito adorada polo povo. Este sacrilégio, atribuído aos criptojudeus da cidade, levou à prisom de três deles, que foram soltos após alguns dias. A massa enfurecida acusou os judeus de suborno. [...] O inquérito contra os criptojudeus libertados foi reiniciado por insistência dos moradores. Falsas testemunhas depuseram contra os acusados e, como ficou provado mais tarde, devido a acusações caluniosas, morreram na fogueira como hereges e profanadores de imagens sagradas.»
Na Capela de Santa Cruz de Gouveia acha-se um testemunho da violência exercida sobre a comunidade cristã-nova de naturais de Gouveia.
No século XVI, na sequência do ódio aos Judeus formentado por D. João III, nesta vila beirã havia duas comunidades em conflito. Por um lado umha rica e próspera comunidade de cristãos-novos ou judeus e, por outro, os cristãos-velhos que achavam mal a prosperidade dos primeiros.
Capela de Santa Cruz na antiga judiaria de Gouveia |
Porém, mais tarde verificou-se a sua inocência, acabando-se por se saber que quem tinha ido enforcar a virgem foram os próprios que acusaram os Judeus. Para expiar esse remorso os frades do Convento de S. Francisco mandaram erigir a capela como desagravo no sítio onde queimaram os três judeus inocentes.
Fica para a história o relato sobre este episódio realizado por Meyer Kayserling: «Em Gouveia foi encontrada em pedaços umha imagem de Maria, muito adorada polo povo. Este sacrilégio, atribuído aos criptojudeus da cidade, levou à prisom de três deles, que foram soltos após alguns dias. A massa enfurecida acusou os judeus de suborno. [...] O inquérito contra os criptojudeus libertados foi reiniciado por insistência dos moradores. Falsas testemunhas depuseram contra os acusados e, como ficou provado mais tarde, devido a acusações caluniosas, morreram na fogueira como hereges e profanadores de imagens sagradas.»
Gostei muito do artigo sobre gouveia nas fiquei com uma dúvida em que livro ou documento viu que nos finais do século xv era cerca de 200 famílias? Gostaria de saber a fonte pois conheço poucas investigações com esses dados.
ResponderEliminarCara Carolina, pode conferir essas informações em "Os Judeus em Portugal no século XIV" (1980) e "Os Judeus em Portugal no século XV" (1982) de Maria José Pimenta Ferro. Talvez as obras mais completas sobre a judiaria portuguesa. Agradeço imenso o seu comentário. Cumprimentos.
EliminarCaro Sr. Caeiro,
ResponderEliminarSou descendente de Pedro de Gouveia, meu 12º avô que faleceu em Loriga, em 11AGO1639, com 70 anos. Pesquisei todos os registos paroquiais da Paróquia de Loriga e nunca encontrei algum dos nomes hebraicos que menciona no seu artigo. Assim sou levado a admitir que os meus ascendentes de Loriga, cujo apelido é "de Gouveia" possam ser cristãos-novos, de origem judaica que por motivos de perseguição religiosa deixaram Gouveia, refugiando-se em Loriga e passaram a usar o apelido de Gouveia como indicador da sua proveniência.
Com os meus cumprimentos,
Raul Gouveia
Caro Raul,
EliminarÉ muito provável que tivesse acontecido com o seu antepassado o que o senhor refere na sua mensagem. O município de Seia foi terra de refúgio de muitos Judeus/cristãos-novos.
Cumprimentos.