O mediador da ONU propõe o plano dos imperialistas abandonando o das Nações Unidas.
Nas vésperas de expirar a trégua de quatro semanas na Palestina o mediador nomeado polas Nações Unidas deu a conhecer as suas propostas de paz.
Estas propostas oferecem provas do cinismo do Conde de Bernadotte, que sendo delegado da ONU, abandona as propostas das Nações Unidas e, mais do que delegado destas, aparece como um emissário do imperialismo anglo-americano.
A sua eleiçom nom foi por acaso: basta lembrar que foi o correio de Himbler, nos dias finais da guerra.
O seu plano parece o resultado de ter ouvido e atendido aos círculos que em Londres e Washington contestam a repartiçom do Próximo Oriente. Esse plano nom pode resolver a questom da Palestina porque atende unicamente aos interesses dos imperialistas e vai em contra dos interesses dos povos, tanto judeu como árabe.
Limita-se nele a soberania e o território do Estado de Israel e reforça-se e concede umha grande extensom territorial à Transjordânia, pau-mandado da Inglaterra.
Todo o território árabe da Palestina passa a fazer parte da Transjordânia, mas, além disso, modificam-se as antigas fronteiras de Israel entregando para a Transjordânia o território de Negez, a sul da Palestina e a troca disso dá-se a Israel a pequena zona da Galileia, o que reduz à metade o Estado judeu.
Segundo "The Economist" de Londres, Negev nom merece discusom porque as suas terras carecem de valor, no entanto, o Governo de Israel tinha o plano de pô-lo em exploraçom, mas, além disso, por informações da imprensa estrangeira essa zona nom está tam desprovida de valor porque nela existem importantes jazidas petrolíferas.
No plano do Conde Bernadotte propõe-se que Haiffa seja porto livre; deixará de fazer parte de israel, o que equivale a estabelecer lá um Gibraltar em benefício da Consolidate Oil Refineries, Ltd, companhia inglesa proprietária das refinarias de Haiffa que fornecem 90% das necessidades de petróleo do Próximo Oriente.
Na proposta de Bernadotte, Jerusalém deve passar a fazer parte do território árabe, em lugar da sua internacionalizaçom, como recomendava a ONU, sob a proteçom desta, soluçom que os judeus estavam prontos a aceitar.
Segundo o plano Bernadotte, os Estados judeu e árabe irám formar umha uniom federal, com evidente desvantagem para Israel. O Conselho desta uniom irá condicionar os problemas de carácter económico, de política estrangeira e de defesa dos dous Estados, e mesmoo Times de Londres diz que "considera-se duvidoso que Israel aceite limitações da sua soberania tal como constam no plano".
Com efeito, esta Uniom significa que os problemas fundamentais da política de Israel estarám sob o controlo dumha Transjordânia muito mais poderosa que agirá com o suporte dos "conselhos" do Governo inglês.
Relativamente à imigraçom, o Plano Bernadotte estipula que se ao cabo de dous anos houvesse desacordo por parte dum dos membros e este desacordo nom se resolvesse no Conselho da Uniom, a parte interessada poderia levar o problema ao Conselho Económico e Social das Nações Unidas. Mas como a imigraçom apenas afeta os judeus, isto daria ocasiom ao governo árabe de fazer intervir às Nações Unidas num problema que é apenas competência da soberania do Estado judeu.
Todo parece indicar que o período de trégua serviu nom para elaborar um programa de paz para a Palestina, consoante as propostas da ONU e com as necessidades e direitos dos povos árabe e judeu, mas para servir a política dos imperialistas ingleses e americanos. Deste plano ressalta que apenas se teve em conta a repartiçom do Próximo Oriente entre Londres e Washington, divisom feita a custa da independência e da paz de aqueles povos.
Comparado este plano com as propostas da ONU, mostra os extremos de cinismo a que chegam os governos imperialistas na sua violaçom dos compromissos internacionais.
O governo de Israel declarou que nom pode aceitar este plano. É evidente a razom da sua negativa. A existência de Israel como estado independente nom passaria de ser teórica ao ficar despojado da sua soberania e à mercê do aventureiro rei Abdullah.
Esta soluçom prejudica também o povo árabe porque tende a favorecer aos reacionários que o oprimem, que estám ao serviço do imperialismo.
A luta de Israel pode ter começado de novo quando se publiquem estas linhas. Um crime cuja origem está na política que realizam o governo inglês e o governo dos Estados Unidos, que na Palestina, como em toda parte, levam umha política contra o direito e a liberdade dos povos e ao serviço exclusivo dos monopólios e dos seus planos de agressom.
Nº 125 de Mundo Obrero - 8 de julho de 1948 - pág. 4
Sem comentários:
Enviar um comentário