Hoje, ao entardecer, começa um dia muito importante: o Yom Hashoá, data do calendário judaico dedicada à memória das vítimas do Holocausto. Reproduzo abaixo um importante reflexão do Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba:
"Nesse dia, é fundamental refletirmos que o Holocausto mítico, ritualizado, sacralizado e intocável não contribui para a memória que vislumbramos. Pelo contrário: impede que as lições éticas da Shoá sejam transmitidas para todo o mundo. Impede que o potencial educativo seja explorado. Impede que seus aprendizados façam a diferença no presente e no futuro.
Essas histórias pertencem a todos, não apenas à sua família. Estamos construindo uma memória coletiva universal, útil, justa. Para que o Yom Hashoá faça sentido, é preciso que não seja apenas uma data para acender seis velinhas e postar "Nunca Mais".
"Nunca Mais" deve ser um pacto, e não um slogan. Um pacto de ajudar a criar um mundo melhor. Honrar e recordar as vítimas depende do legado que criamos a partir dessa tragédia. Depende de nós. Hoje."
Qual a diferença entre o Dia Internacional em Memória do Holocausto e o Yom HaShoá?
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, criado pela ONU em 2005, é celebrado em 27 de janeiro, data da libertação de Auschwitz. É uma data universal, voltada à memória das vítimas e ao combate ao antissemitismo e ao racismo.
Já o Yom HaShoá, marcado no 27 de Nissan (abril ou maio), é uma data judaica, que recorda os seis milhões de Judeus assassinados e honra a resistência judaica. A escolha dessa data remete ao início do Levante do Gueto de Varsóvia.
A diferença é clara: o mundo lembra nossas mortes; nós lembramos nossa dignidade. Choramos os que perdemos, mas afirmamos que os Judeus resistiram — e resistem. Não fomos como ovelhas mudas para o matadouro.
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