terça-feira, 27 de janeiro de 2015

EM LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO

Há 70 anos, em 27 de janeiro de 1945 o Exército Vermelho libertava os perto de 7.000 prisioneiros que restavam no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Semanas antes, as SS iniciaram o desmantelamento e demoliçom deste campo tentando assim encobrir este horrível crime contra a Humanidade. Destruiram as câmaras de gás e os crematórios e queimaram documentos. Os prisioneiros ainda com algumha força foram levados para outros campos na Alemanha.
A inscriçom ARBEIT MACHT FREI (o trabalho liberta) sobre o portom de
Auschwitz I tornou-se num ícone fácil de reconhecer
Porém, antes da libertaçom do campo as autoridades do campo nom tiveram tempo de enviar para a Alemanha ou de destruir os restos de haveres que pertenciam aos assassinados. É por isso que ainda se conservam as malas de Judeus deportados e exterminados. Também nom tiveram tempo de fazer desaparecer as latas que continham o Cyclon B, um gás usado ate 1941 como desinfectante e que entre agosto e setembro do mesmo ano passou a ser usado como meio de extermínio em massa de pessoas. Era fornecido em latas especiais para evitar contaminações acidentais. 


Latas que continham o gás Cyclon B
Estima-se que tenham sido deportados para este campo da morte mais de 1,1 milhões de Judeus oriundos de toda a Europa ocupada, perto de 150 Polacos, prisioneiros políticos na sua maioria, cerca de 23.000 Ciganos, mais de 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, assim como umhas dezenas de milhares de prisioneiros oriundos doutras nações. A grande maior parte destes prisioneiros morreu neste campo.


Auschwitz, o campo de extermínio mundialmente reconhecido como símbolo de terror, genocídio e Holocausto (Shoah), foi erguido em 1940 polo sistema nazista nas redondezas da cidade de Oświęcim, ocupada na altura polo exército alemão; assim como toda a Polónia durante a Segunda Guerra mundial. O nome da cidade foi mudado de Oświęcim para Auschwitz ficando o campo com o mesmo nome. A cidade, na altura com metade de populaçom judaica (de facto, em iídiche era chamada Oshpitsin), foi esvaziada para contruir essa fábrica da morte.

O campo de concentraçom/extermínio foi aumentado nos anos seguintes e dividido em três partes: Auschwitz I, Auschwitz II-Birkenau, Auschwitz III-Monowitz, existindo também mais de 40 subcampos. De início eram Polacos os deportados e assassinados nesse campo. Depois seguiram-se prisioneiros de guerra soviéticos na frente oriental, Ciganos e doutras nacionalidades. A partir de 1942 este campo tornou-se no maior lugar de extermínio em massa de Judeus em toda a história da Humanidade, parte do projeto Nazi de extermínio total deste povo. A maior parte de Judeus deportados era imediatamente exterminada nas câmaras de gás de Birkenau.

AUSCHWITZ I

O local onde se levantou este campo em meados de 1940 encontrava-se um quartel do Exército polaco. As razões principais que levaram as SS a abrir o campo para prisioneiros políticos polacos neste local foram a possibilidade de usufruir de imediato as instalações desertas, o aumento de detenções em massa de Polacos e o estado de superlotaçom das prisões.

Neste campo encontrava-se a primeira câmara de gás e crematório. O crematório funcionou entre agosto de 1940 e julho de 1943 e, consoante os cálculos das autoridades nazis, nele poderiam ser cremados 340 corpos por dia. No compartimento ao lado encontrava-se a primeira câmara de gás. Nelas as SS eliminaram milhares de Judeus, assim como vários grupos de prisioneiros de guerra soviéticos usando Cyclon B. A câmara de gás tinha capacidade de exterminar várias centenas de pessoas dumha só vez. No tecto estavam os orifícios polos quais era lançado o Cyclon B.

Umha vez que em 1943 foram construídos crematórios novos e de maior capacidade em Auschwitz II-Birkenau, os nazis deixaram de cremar neste crematório

AUSCHWITZ II- BIRKENAU

Os nazis deram início à construçom deste campo de extermínio no outono de 1941 na localidade de Brzezinka, situada a 3 km de Oświęcim, da qual foram evacuados os seus habitantes e as suas habitações demolidas. Neste campo foi instalada a maior parte da maquinaria de extermínio e nele assassinadas a maior parte das vitimas do campo.


Porta da Morte de Auschwitz II - Birkenau através da qual entravam
os comboios com deportados
A porta de entrada deste campo, mais conhecida polos prisioneiros como "Porta da Morte", achava-se no principal edifício de vigia. Os deportados que lá chegavam eram metidos em duas filas separadas: umha para mulheres e crianças e outra para homens. Entre estes os fortes e saudáveis eram separados dos idosos, doentes, das grávidas e das crianças. Os declarados polos médicos das SS para realizar trabalhos forçados ficavam no campo, sendo encaminhados para um edifício conhecido por Sauna onde era efetuada a desinfeçom e inscriçom. Os restantes (70-75%) eram conduzidos direitinhos às câmaras de gás e exterminados. A partir de 1944 os comboios que transportavam os Judeus como gado entravam no campo através da rampa que dava à porta principal do KL Birkenau. Antes os comboios paravam fora do campo.

Auschwitz-Birkenau supôs umha melhora tecnológica em todos os níveis. Por exemplo, foram construídas novas câmaras de gás com maior capacidade e nelas foi levado a cabo o extermínio em massa de Judeus. Segundo a empresa que construiu os crematórios nos dous campos, nos novos fornos era possível queimar 4.576 pessoas por dia (a capacidade de forno velho era de 340 cadáveres/dia).

O crematório possuia 5 fornos e ainda um adicional chamado de Müllverbrennungsofen (forno para queimar o lixo) no qual eram queimados os haveres de pouco valor deixados polos exterminados, tais como documentos pessoais, carteiras de senhora, livros, brinquedos,... Este forno encontrava-se junto da cheminé. No armazem do carvom estavam também as escadas que davam acesso ao sótão onde eram secados os cabelos já desinfectados das mulheres exterminadas.

Ao lado da câmara de gás e crematório IV existia umha represa de água para a que se transportava, em vagões, as cinzas dos corpos cremados.

Nos finais de 1944, vendo que estava perdida a guerra, os nazis desmantelaram os crematórios com a intençom de eliminar as provas dos crimes cometidos. No entanto, nom conseguiram desmantelar por completo o edifício que entretanto tinha sido dinamitado a 20 de janeiro de 1945.

As pessoas aptas para  trabalho eram apinhadas em barracas de tijolo, cheias de gemidos, moribundos, cheiro a suor, corpos sujos e excrementos, fazendo com que estivessem infestadas de pulgas e ratazanas. Em cada prateleira tinham de dormir 5 pessoas. No bloco nº10 o ginecólogo alemão, prof. dr. Carl Clauberg, levava a cabo pesquisas criminosas como esterilizaçom de mulheres judias prisoineiras. Nas imediações do campo feminino encontrava-se a orquestra do campo que tocava marcha durante a saída para o trabalho e durante o retorno do mesmo. Os sons da música chegavam às rampas onde os médicos nazis peneiravam os recém-chegados.

Na seçom de quarentena ergueram-se barracas de madeira onde eram amontoados centenas de prisioneiros. O objetivo da quarentena era introduzir os recém-chegados ao sistema de terror existente no campo, obrigando-os a umha obediência total.

Para além das câmaras de gás e dos fornos crematórios, da rampa do comboio, o campo de Birkenau era composto também polos chamados setores, nos quais existiam 9 campos separados por arame farpado, conhecidos por campos ajudantes.

A fim de nom permitir fugas de prisioneiros foi construída umha vedaçom dupla eletrificada em arame farpado. Houve pessoas esgotadas polo clima de terror dentro do campo que preferiram "ir ao arame farpado" que na gíria do campo queria dizer cometer suicídio atirando-se aos arames morrendo eletrocutados. Enquanto vedaçom de auschwitz I tinha mais de 2 km, a de Auschwitz II- Birkenau era quase de 12 km.


Vedaçom dupla eletrificada
Aquando a sua inscriçom, os nazis tiravam fotografias dos prisioneiros. A partir de 1943 em vez de fotografias eram tatuados números de campo no antebraço esquerdo. Nengum dos fotografados sobreviveu.


Em 1967 no local onde anteriormente se encontrava outro monumento foi erguido um monumento em honra das vítimas do campo de extermínio de Auschwitz. Este museu foi o segundo lugar de memória -depois de Majdanek, a ser aberto na Europa de pós-guerra. O seu objetivo principal é recordar as vítimas do nazismo deixando que os terrenos dos antigos campos possam ser visitados.

Em abril de 2001 abriu ao público umha exposiçom de fotografias de família pertencentes a Judeus deportados. Foram encontradas logo a seguir à libertaçom do campo numha das malas que os nazis nom tiveram tempo a destruir.

Em 2002 a UNESCO declarou oficialmente as ruinas de Auschwitz-Birkenau como Património da Humanidade.


Junto à represa de água quatro lápides de granito negro em 4 línguas (polaco, inglês, hebraico e iídiche) lembram a memória das vítimas. 

Em 1 de novembro de 2005, durante a 42º sessom plenária da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi aprovada a resoluçom 60/7 que designa o 27 de janeiro de cada ano, dia da libertaçom de Auschwitz polas tropas soviéticas, como Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.

Malas de Judeus deportados e exterminados
No terreno do antigo campo há lugares onde ainda hoje podem-se encontrar provas visíveis deste terrível crime contra a humanidade (ossos, cinzas,...).

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