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domingo, 15 de junho de 2025

AS LIÇÕES DA GUERRA DOS SEIS DIAS NO ATUAL ATAQUE AO IRÃO

 John Spencer

Em 1967, Israel enfrentou a aniquilaçom. O Egito fechou o estreito de Tiran. Cinco exércitos árabes mobilizaram-se (465 mil soldados, 2800 tanques e 800 aviões). Israel atacou primeiro e, em seis dias, derrotou o Egito, a Síria, a Jordânia, o Iraque e o Líbano. Foi umha preempçom para a sobrevivência.


Em 2025, Israel enfrenta umha ameaça diferente, mas nom menos existencial. O regime islâmico do Irão esteve a poucos dias dum ataque nuclear e já possui mísseis capazes de atingir cada centímetro de Israel. Trata-se dum regime que financia o HAMAS, o Hezbollah, os Houthis e entoa cânticos de "Morte a Israel" como política.


O Irão tem (ou tinha):


- Urânio enriquecido suficiente para umha bomba em poucos dias

- Mísseis balísticos de 2000 km

- Agentes terroristas em todas as fronteiras israelitas

- Umha rede militar-industrial protegida no subsolo


A liçom de 1967 ainda se aplica.


A prevençom non é escalada. É sobrevivência.


Israel nom pode esperar por um segundo Holocausto antes de agir.


Quer se trate de cinco exércitos árabes em 1967 ou dum Irão com armas nucleares em 2025, o princípio continua a ser o mesmo: atacar antes que seja tarde demais, ou nom sobreviver.





Cenários da guerra entre Israel e o Irão 

João Koatz Miragaia 


> Irão

O principal cenário de fim da guerra que seja positivo para o Irão, é derrotar Israel. O que isso significa?


1. Destruir o reator nuclear israelita e as capacidades militares do país, impondo umha humilhaçom.


Este cenário é possível, embora nom parece ser provável frente à aparente superioridade militar de Israel e o apoio dos EUA. Mas, suponhamos que o Irão seja capaz: Israel render-se-ia? É muito pouco crível. A maior possibilidade seria dum confronto estendido por meses.


2. O Irão destrói o Estado de Israel.


É pouco provável que o Irão tenha essa capacidade, e o país aparentemente nom conta com aliados capazes e interessados nessa tarefa. Caso tenha, seria umha tragédia, com centenas de milhares de mortos (inclusive palestinianos).


3. O Irão impõe uma situaçom de desgaste que derruba o governo de Israel.


Esta seria umha possibilidade, mas, no momento, a guerra justamente fortalece o governo israelita. É pouco crível. Mas falaremos do desgaste mais tarde. 


> Israel.

1. Israel destrói os reatores nucleares do Irão e provoca umha humilhaçom militar.


Talvez esse seja o principal objetivo, mas Israel é capaz disso? O reator de Natanz, que já foi atingido, tem as suas 20 mil centrífugas numha estrutura subterrânea fortemente protegida.


Amos Yadlin, ex-comandante da inteligência militar israelita, diz que o país nom tem condições militares de detonar o reator de Natanz como fez com Osirak (1981) e Deir ez-Zor (2007), no Iraque e na Síria. Os iranianos fortificaram os seus reatores,. aprendendo a liçom a partir da vulnerabilidade alheia. Noutras palavras, Israel precisaria da ajuda dos EUA para desencadear essa missom, algo que Trump nom parece disposto a fazer, sobretudo porque quer mudar a dinâmica de atuaçom dos EUA na regiom.


2. Israel submete um golpe forte ao Irão forçando-os a negociar um acordo nuclear.


Esse, segundo Yadlin, é o objetivo de Israel e dos EUA. Trump já disse diversas vezes que o Irão deveria voltar a negociar, caso contrário o estrago seria ainda maior. Mas é difícil acreditar que a República Islâmica se submeteria a essa humilhaçom. Por ora, nom há umha oposiçom fortemente armada no país, disposta a iniciar umha guerra civil e a derrubada do regime. E as consequências podem sair pola culatra.



Guerra de desgaste

E aí entra a outra vez a opçom da guerra de desgaste. Mesmo enfraquecido, se o regime nom está em vias de ser derrubado, o desgaste passa para o outro lado. Israel pode lidar com meses dumha guerra de desgaste, com bombardeios a cada 3 dias?


Alguns podem pensar: se o Irão pode, Israel também pode. Mas isso é um engano. A populaçom do Irão vive há décadas sob sanções o crises econômicas, ao contrário da de Israel. Israel está mais vulnerável a um forte declínio no estilo de vida dos cidadãos.


Além disso, a economia israelita depende muito da indústria de alta tecnologia, e umha longa e pesada guerra pode afetar muito o seu desenvolvimento. Umha populaçom pequena, desgastada e dividida nom é um bom cenário para umha longa guerra.


Baseado nisso está o meu pessimismo: Israel está acostumado a guerras rápidas, enquanto o Irão tem um histórico de guerras longas. O ataque do dia 13 de junho foi devastador, porque é isso o que Israel sabe e pode fazer. Pode sustentar esse ritmo por uns dias. E depois? 


O Irão certamente aposta na longa duraçom, e o que vai definir a situaçom é o tamanho do golpe que Israel conseguirá infligir. E Trump é figura essencial nessa história.


E por que eu nom estou otimista?

Porque eu no vejo esse confronto acabando rapidamente.


Eu gostaria de ver umha saída diplomática, um Próximo Oriente de paz, sem ocupaçom, massacres nem armas nucleares. Mas essa guerra nom parece que vai levar a esse fim. Na melhor das hipóteses, adia a próxima guerra, aumentando o ódio. Na pior, vira umha guerra infinita.



Nom acho que o vespeiro é maior do que a guerra Rússia x Ucrânia, mas nom dá para desprezar o tamanho da destruiçom que esse confronto ainda pode provocar.


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