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sexta-feira, 21 de junho de 2024

CARTA ABERTA A OCIDENTE DE HERTA MULLER

 Herta Muller

Herta Muller é umha novelista, escritora, poetisa, ensaísta e tradutora de origem alemã nascida na Roménia

Eles transformaram-se em monstros

Na maioria dos relatos da guerra em Gaza, a guerra nom começa onde começou. A guerra nom começou em Gaza. A guerra começou em 7 de outubro, exatamente 50 anos depois que o Egito e a Síria invadiram Israel. Os terroristas palestinianos do HAMAS cometeram um massacre inimaginável em Israel. Eles filmaram-se como heróis e celebraram o seu banho de sangue. As celebrações da sua vitória continuaram em Gaza, onde os terroristas arrastaram reféns gravemente espancados e os apresentaram como espólios de guerra à exultante populaçom palestiniana. Esta alegria macabra estendeu-se a Berlim. No distrito de Neukölln houve danças de rua e a organizaçom palestiniana Samidoun distribuiu doces. A Internet fervilhava de comentários felizes.

A atual guerra de Gaza foi desatada polo ataque islamo-fascista do HAMAS

Mais de 1.200 pessoas morreram no massacre. Após torturas, mutilações e violações, 239 pessoas foram raptadas. Este massacre do HAMAS é um descarrilamento total da civilizaçom. Há um horror arcaico nesta sede de sangue que nom pensei mais ser possível nestes tempos. Este massacre tem o padrom de aniquilaçom através de pogroms, um padrom que é conhecido polos Judeus há séculos. É por isso que todo o país ficou traumatizado, porque a fundaçom do Estado de Israel pretendia proteger contra estes pogroms. E até 7 de outubro, acreditava-se que estava protegido. Embora o HAMAS esteja no pescoço do Estado de Israel desde 1987. A carta de fundaçom do Hamas afirmava claramente que a destruiçom dos Judeus era o objetivo, e que “a morte por Deus é o nosso desejo mais nobre”.

O ódio aos Judeus (Israel) justifica a luta jihadista da resistência palestiniana

Embora tenham havido alterações nesta carta desde entom, é claro que nada mudou: a destruiçom dos Judeus e a destruiçom de Israel continuam a ser o objetivo e o desejo do HAMAS. Isto é exatamente o mesmo que no Irão. Na República Islâmica do Irão, a destruiçom dos Judeus também tem sido doutrina estatal desde a sua fundaçom, ou seja, desde 1979.

A destruiçom de Israel é um objetivo compartilhado por HAMAS e o Irão 

Quando se fala sobre o terror do HAMAS, é sempre necessário incluir o Irão na discussom. Os mesmos princípios são aplicados, e é por isso que o irmão mais velho, o Irão, financia, arma e transforma o irmão mais novo, o HAMAS, no seu sequaz. Ambas são ditaduras implacáveis. E sabemos que todos os ditadores se tornam mais radicais quanto mais tempo governam. Hoje, o governo do Irão é composto exclusivamente por radicais. O estado dos mulás, com os seus guardas revolucionários, é umha ditadura militar inescrupulosa e em expansom. A religiom nada mais é do que camuflagem. O Islão político significa desprezo pola humanidade, flagelações públicas, sentenças de morte e execuções em nome de Deus. O Irão está obcecado com a guerra, mas ao mesmo tempo finge que nom está a construir armas nucleares. O fundador da chamada teocracia, o aiatolá Khomeini, emitiu um decreto religioso, umha fatwa, declarando que as armas nucleares nom são islâmicas.


Em 2002, inspetores internacionais já tinham descoberto provas dum programa clandestino de armas nucleares no Irão. Um russo foi contratado para desenvolver a bomba. O especialista em pesquisa de armas nucleares soviéticas trabalhou no Irão durante anos. Parece que o Irão está a tentar alcançar a dissuasom nuclear, seguindo o exemplo da Coreia do Norte -e isso é um pensamento aterrorizante. Especialmente para Israel, mas também para o mundo inteiro.


A obsessom dos mulás e do HAMAS pola guerra é tão generalizada que -quando se trata do extermínio dos Judeus- transcende até mesmo a divisom religiosa entre xiitas e sunitas. Todo o resto está subordinado a esta obsessom pola guerra. A populaçom é deliberadamente mantida na pobreza, ao mesmo tempo que a riqueza dos líderes do HAMAS aumenta desproporcionalmente: no Catar, diz-se que Ismael Haniye tem milhares de milhões à sua disposiçom. E o desprezo pola humanidade nom conhece limites. A populaçom nom tem quase nada além do martírio. Militares mais religiom como vigilância total. Em Gaza nom há literalmente lugar para opiniões divergentes na política palestiniana. O HAMAS expulsou todas as outras correntes políticas da Faixa de Gaza com umha brutalidade incrível. Após a retirada de Israel da Faixa de Gaza em 2005, membros da Fatah foram atirados dum edifício de quinze andares como medida de dissuasom.


Os nossos sentimentos são a sua arma mais poderosa

Foi assim que o HAMAS assumiu o controlo de toda a Faixa de Gaza e estabeleceu umha ditadura indiscutível. Irrespondível porque ninguém que questionar isso vive muito. Em vez dumha rede social para a populaçom, o HAMAS construiu umha rede de túneis sob os pés dos palestinianos. Mesmo em hospitais, escolas e creches financiados pola comunidade internacional. Gaza é um quartel militar único, um estado profundo de antissemitismo subterrâneo. 


Completo e ainda invisível. No Irão há um ditado: Israel precisa das suas armas para proteger o seu povo. E o HAMAS precisa que o seu povo proteja as suas armas.

Os palestinianos são usados polos seus cherifaltes para proteger e as suas armas

Este ditado é a descriçom mais breve do dilema de que em Gaza o civil e o militar nom podem ser separados. E isso se aplica nom apenas aos edifícios, mas também ao pessoal que neles trabalha. Os militares israelitas foram forçados a cair nesta armadilha na sua resposta ao dia 7 de outubro. Nom atraído, mas forçado. Forçado a defender-se e a assumir a responsabilidade destruindo a infraestrutura com todas as vítimas civis. E é precisamente esta inevitabilidade que o HAMAS queria e está a explorar. Desde entom, dirige as notícias que chegam ao mundo. A visom do sofrimento perturba-nos diariamente. Mas nengum repórter de guerra pode trabalhar de forma independente em Gaza. O HAMAS controla a seleçom de imagens e orquestra os nossos sentimentos. Os nossos sentimentos são a sua arma mais poderosa contra Israel. E ao selecionar as imagens, consegue até se apresentar como o único defensor dos palestinianos. Este cálculo cínico valeu a pena.


"Ganz normale Männer"

Desde 7 de outubro, penso continuamente num livro sobre a era nazista, o livro "Ganz normale Männer", de Christopher R. Browning. Descreve a aniquilaçom de aldeias judaicas na Polónia polo 110º Batalhom da Polícia de Reserva, quando as grandes câmaras de gás e crematórios de Auschwitz ainda nom existiam. Foi como a sede de sangue dos terroristas do HAMAS no festival de música e nos kibutzim. Num único dia de julho de 1942, os 1.500 habitantes Judeus da cidade de Józefów foram massacrados. Crianças e bebés foram baleados na rua em frente às suas casas, idosos e doentes nas suas camas. Todos os outros foram levados para a floresta, onde tiveram que se despir e rastejar no chão. Eles foram ridicularizados e torturados, depois baleados e deixados na floresta sangrenta. O assassinato tornou-se maligno.

Israel tornou-se no alvo do novo antissemitismo (antissionismo)

O livro é intitulado "Ganz normale Männer" (Homens bastante normais) porque este batalhom policial de reserva nom era composto por homens da SS ou soldados da Wehrmacht, mas por civis que nom eram mais considerados aptos para o serviço militar por serem muito velhos. Eles vieram de profissões completamente normais e tornaram-se monstros. O julgamento deste caso de crimes de guerra só começou em 1962. Os registros do julgamento mostram que alguns dos homens “estavam-se a divertir muito”. O sadismo foi tão longe que um capitão recém-casado levou a esposa aos massacres para comemorar a lua de mel. Porque a sede de sangue continuou noutras cidades. E a mulher andava com o vestido de noiva branco que trouxera consigo, entre os Judeus que estavam amontoados na praça do mercado. Ela nom era a única esposa que ele tinha permissom de visitar. Nos documentos judiciais, a esposa dum tenente diz: “Certa manhã eu estava sentada com o meu marido no jardim dos seus alojamentos, tomando o pequeno almoço, quando um homem simples do seu pelotom se aproximou de nós, assumiu umha postura rígida e declarou: ‘Sr. Tenente, ainda nom tomei o pequeno-almoço!' Quando o meu marido olhou para ele interrogativamente, ele continuou a explicar: 'Ainda nom matei nenhum judeu.'


Nom reparam mais na sua liberdade

É correto pensar nos massacres nazistas de 7 de outubro? Penso que é correto fazê-lo, porque o próprio HAMAS quis evocar a memória da Shoah. E queria mostrar que o Estado de Israel já nom é umha garantia para a sobrevivência dos Judeus. Que o seu Estado é umha miragem, isso nom os salvará. A lógica proíbe-nos de abordar a palavra Shoah. Mas porque isso tem que ser banido? Porque o sentimento que você tem nom pode evitar essa proximidade pulsante.


E há outra cousa que me vem à mente e que me lembra os nazistas: o triângulo vermelho na bandeira palestiniana. Nos campos de concentraçom era o símbolo dos prisioneiros comunistas. E hoje? Hoje pode ser visto novamente em vídeos do HAMAS e nas fachadas de edifícios em Berlim. Nos vídeos é usado como um chamado para matar. Nas fachadas marca objetivos que devem ser atacados. Um grande triângulo vermelho paira sobre a entrada do clube de techno "About Blank". Durante anos, refugiados sírios e gays israelitas dançaram aqui normalmente. Mas agora nada é mais normal. Agora o triângulo vermelho grita na entrada.

O triângulo invertido🔻é um chamado para matar Judeus

Um raver cuja família judia vem da Líbia e do Marrocos diz hoje: “O clima político acorda todos os demônios. Para a direita, nós, Judeus, nom somos brancos o suficiente; para a esquerda, somos brancos de mais”. O ódio aos Judeus criou raízes na vida noturna de Berlim. Depois de 7 de outubro, a cena noturna de Berlim literalmente encolheu-se. Embora 364 jovens ravers como eles tenham sido massacrados num festival de música techno, a associaçom do clube só comentou o assunto dias depois. E mesmo isso foi apenas um exercício superficial, porque o antissemitismo e o HAMAS nem sequer foram mencionados.


Vivi numha ditadura durante mais de trinta anos. E quando vim para a Europa Ocidental, nom conseguia imaginar que a democracia pudesse ser questionada desta forma. Pensei que numha ditadura as pessoas sofrem sistematicamente umha lavagem cerebral. E que nas democracias as pessoas aprendem a pensar por si mesmas porque o indivíduo conta. Ao contrário dumha ditadura, onde o pensamento independente é proibido e o coletivo forçado treina as pessoas e onde o indivíduo nom faz parte do coletivo, mas sim um inimigo. Horroriza-me que os jovens, os estudantes do Ocidente, estejam tão confusos que já nom tenham consciência da sua liberdade. Que aparentemente perderam a capacidade de distinguir entre democracia e ditadura.


É um absurdo que homossexuais e pessoas queer, por exemplo, se manifestem a favor do HAMAS, como fizeram em Berlim, no dia 4 de novembro. Nom é segredo que nom só o HAMAS, mas toda a cultura palestiniana, despreza e pune as pessoas LGBTQ. Apenas umha bandeira arco-íris na Faixa de Gaza é inimaginável. As sanções do HAMAS para homossexuais variam de polo menos cem chicotadas até a pena de morte. Num inquérito de 2014 nos territórios palestinianos, os 99% dos entrevistados afirmaram que a homossexualidade era moralmente inaceitável. Você também pode adotar umha abordagem satírica, como faz o blogueiro David Leatherwood em “X”: assumir-se pola Palestina como umha pessoa queer é como um frango assumir-se polo Kentucky Fried Chicken.


Também me pergunto se os estudantes de muitas universidades americanas sabem o que estão a fazer quando gritam nas manifestações: "Nós somos o HAMAS" ou mesmo "Querido Hamas, bombardeie Telavive!" ou "Vamos voltar a 1948." Isso ainda é inocente ou já é estúpido? Embora nestas manifestações o massacre de 7 de outubro já nom seja mencionado. E é escandaloso quando até o dia 7 de outubro é interpretado como umha montagem por parte de Israel. Ou quando nem umha palavra é dita sobre a exigência da libertaçom dos reféns. Quando, por outro lado, a guerra de Israel em Gaza é apresentada como umha guerra arbitrária de conquista e aniquilaçom por umha potência colonial.


Os jovens só assistem a clipes no Tiktok? Entretanto, os termos seguidor, influencer, ativista já nom me parecem inofensivos. Essas palavras sofisticadas da Internet significam negócios. Todos eles existiam antes da Internet. Eu traduzo-os para a época. E de repente eles ficam rígidos como chapas metálicas e muito leves. Porque fora da Internet significam seguidores, agentes de influência, ativistas. Como se tivessem saído do campo de treino dumha ditadura fascista ou comunista. De qualquer forma, a sua flexibilidade é umha ilusom. Porque eu sei que as palavras fazem o que dizem. Promovem o oportunismo e a obediência no grupo e impedem que as pessoas assumam a responsabilidade polo que o grupo faz.

O caso da foto ☝🏻 corporifica o referido por H. Muller (Fonte: DCO/PCO)

Nom ficaria surpreendida se alguns dos manifestantes fossem estudantes que, há apenas alguns meses, protestavam contra a opressom no Irão com o slogan "Mulheres, Vida, Liberdade". Estou horrorizada que os mesmos manifestantes demonstrem hoje solidariedade para com o HAMAS. Parece-me que já nom compreendem a contradiçom abismal do conteúdo. E pergunto-me porque é que eles nom se importam com o facto de o HAMAS nom permitir a menor manifestaçom polos direitos das mulheres. E que no dia 7 de outubro as mulheres violadas foram expostas como espólios de guerra.

Corpos de mulheres judias foram expostos como troféus de guerra a 7O em Gaza

No campus da Universidade de Washington, os manifestantes jogam o jogo coletivo "Tribunal Popular" para se divertir. Os representantes das universidades são julgados por diversom. Entom chegam os vereditos e todos gritam em coro: “Para a forca” ou “para a guilhotina”. Há aplausos e risadas, e eles chamam o seu acampamento de “Lugar dos Mártires”. Na forma de acontecimentos, celebram a sua própria estupidez coletiva com a consciência tranquila. É de se perguntar o que é ensinado nas universidades hoje.

Parece-me que desde 7 de outubro o antissemitismo espalhou-se como um estalar colectivo de dedos, como se o HAMAS fosse o influencer e os estudantes os seguidores. No mundo midiático dos influencers e os seus seguidores, apenas os cliques rápidos nos vídeos contam. O bater dos cílios, o tamborilar das emoções vivas. O mesmo truque funciona aqui e na publicidade.


Estará a suscetibilidade das massas, a causa do desastre do século XX, a tomar um novo rumo? Conteúdos complicados, nuances, contextos e contradições, compromissos são estranhos ao mundo da mídia.


Isto também é evidente num apelo estúpido de ativistas da Internet contra o Festival de Curtas-Metragens de Oberhausen. É o festival de curtas-metragens mais antigo do mundo e este ano comemora o seu septuagésimo aniversário. Muitos grandes cineastas começaram as suas carreiras aqui com os seus primeiros trabalhos. Miloš Forman, Roman Polański, Martin Scorsese, István Szabó e Agnès Varda. Duas semanas após as celebrações do HAMAS nas ruas de Berlim, o diretor do festival, Lars Henrik Gass, escreveu: “Meio milhom de pessoas saíram às ruas em março de 2022 para protestar contra a invasom russa da Ucrânia. Sinal forte. Mostre ao mundo que os amigos do HAMAS de Neukölln e aqueles que odeiam os Judeus estão em minoria".


Isso gerou umha resposta hostil na Internet. Um grupo anónimo acusou-o de demonizar a solidariedade com a libertaçom palestiniana. O grupo garantiu-lhe que iria “encorajar” a comunidade cinematográfica internacional a reconsiderar a sua participaçom no festival. Um apelo velado ao boicote, que muitos cineastas seguiram e cancelaram os seus compromissos. Lars Henrik Gass afirma, com razom, que estamos atualmente a viver umha regressom no debate político. Em vez do pensamento político, prevalece umha compreensom esotérica da política. Por trás disso está o desejo de consistência e a pressom para se conformar. Também no cenário artístico tornou-se impossível diferenciar entre defender o direito de existência de Israel e, ao mesmo tempo, criticar o seu governo.


É por isso que nem sequer se considera se a indignaçom global face às numerosas mortes e sofrimento em Gaza nom faz parte da estratégia do HAMAS. Ele está surdo e cego ao sofrimento do seu povo. Porque outro motivo ele atiraria na fronteira de Kerem Shalom, onde chega a maior parte dos suprimentos de ajuda? Ou porque dispararia contra os estaleiros de construçom dum porto temporário, onde a ajuda chegará em breve? Nom ouvimos umha única palavra de simpatia polo povo de Gaza por parte do Sr. Sinwar e do Sr. Haniye. E em vez dum desejo de paz, apenas exigências máximas que eles sabem que Israel nom pode cumprir. O HAMAS aposta numha guerra permanente com Israel. Seria a melhor garantia da sua continuidade. O HAMAS também espera isolar Israel internacionalmente, custe o que custar.

Isolar Israel faz parte do projeto islamo-fascista desatado o 7O

No romance "Doktor Faustus", de Thomas Mann, diz-se que o nacional-socialismo "tornou tudo o que era alemão insuportável para o mundo". Tenho a impressom de que a estratégia do HAMAS e dos seus apoiantes é tornar tudo o que é israelita e, portanto, tudo o que é judeu, insuportável para o mundo. O HAMAS quer manter o antissemitismo como um clima global permanente. É por isso que ele também quer reinterpretar a Shoah. Ele também quer questionar a perseguiçom nazista e a fugida de resgate para a Palestina. E, em última análise, o direito de Israel existir. Esta manipulaçom chega ao ponto de afirmar que a memória alemã do Holocausto serve apenas como umha arma cultural para legitimar o “projeto de colonizaçom” branco-ocidental de Israel. Estas inversões a-históricas e cínicas da relaçom autor-vítima pretendem impedir qualquer diferenciaçom entre a Shoah e o colonialismo. Com todas estas construções acumuladas, Israel já nom é visto como a única democracia no Próximo Oriente, mas como um Estado modelo colonialista. E como um eterno agressor, contra quem se justifica o ódio cego. E até o desejo de sua destruiçom.

O palestinismo parece nom ocultar as saudades da soluçom final

O poeta judeu Yehuda Amichai diz que um poema de amor em hebraico é sempre um poema sobre a guerra. Muitas vezes é um poema sobre a guerra no meio dumha guerra. O seu poema "Jerusalém 1973" relembra a Guerra do Yom Kippur:

"Homens tristes carregam a memória dos

seus entes queridos na mochila, nos bolsos laterais

Nos seus cintos de munições, nos seus sacos de alma,

em pesadas bolhas de sono sob seus olhos".


Quando Paul Celan visitou Israel em 1969, Amichai traduziu os poemas de Celan e leu-os em hebraico. Dous sobreviventes da Shoah encontraram-se. Jehuda Amichai chamava-se Ludwig Pfeuffer quando os seus pais fugiram de Würzburg.


A visita a Israel comoveu Celan. Conheceu amigos da escola em Czernowitz, na Roménia, que, ao contrário dos seus pais assassinados, conseguiram fugir para a Palestina. Paul Celan escreveu a Jehuda Amichai após a sua visita e pouco antes da sua morte no Sena: “Querido Jehuda Amichai, permita-me repetir a palavra que saiu espontaneamente dos meus lábios durante a nossa conversa: nom consigo imaginar o mundo sem Israel; nem quero imaginar isso sem Israel".


A autora é umha das maiores escritoras alemãs contemporâneas. Agora, a vencedora do Prémio Nobel de 2009, escreveu um chocante alerta ao Ocidente: a loucura que tomou conta de parte da sociedade ocidental desde que o HAMAS atacou Israel.

A autora leu este texto no Fórum de 7 de outubro sobre “Cultura Judaica na Suécia”, realizado em Estocolmo em 25 de maio.


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