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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

QUEM É QUEM NO NOVO GOVERNO DE ISRAEL

 Conforme informamos na QJ, no passado 1 de novembro houve eleições em Israel em que se produziu umha vitória do Likud de B. Netanyahu e dos seus aliados de direita do sionismo religioso e partidos ultra-ortodoxos. 


Lideranças do novo governo:
Acima: Itamar Ben-Gvir (Força Judaica), Arie Dery (Shas) e (?) [quem souber o nome do cara à direita do Bibi deixe nos comentários ou contate com o CAEIRO]
Abaixo: Betzalel Smotrich (Sionismo Religioso), Itzhak Goldknopf (Judaísmo da Torá) e Avi Maoz (Noam).

Embora os dous blocos em que está dividida a sociedade israelita obtiveram praticamente a mesma votaçom, a falta de alianças no de Lapid e a divisom entre os partidos da esquerda sionista e partidos árabes deram ao bloco pró-Bibi 64 nos 120 mandatos, permitindo a sua eleiçom como primeiro-ministro do Estado judeu e a tomada de posse do 37º Governo de Israel o passado 30 de dezembro de 2022.

Relativamente às eleições cabe referir, segundo apontou Jaume Renyer, três considerações prévias imprescindíveis:

1) A livre participaçom dos partidos árabes, com candidatos que expressam explicitamente o seu suporte à luta armada palestiniana (caso de Ofer Cassif), contrariando com factos as acusações infames de apartheid.

Neste sentido cabe destacar também o crescimento da participaçom da comunidade árabe, a mais alta jamais produzida e que premiou a Lista Árabe Unida de Mansour Abbas (partido Ra'am), o mais em prol de cooperar na governança de Israel (4,07% e 5 mandatos). Os partidos pró-palestinianos do Hadash-Tal que chamam cinicamente a encarar o "fascismo" e o "racismo" dos Judeus, quando eles som pola destruiçom de Israel e som aliados da Russia, China e o Irám (com a cumplicidade do progressismo mediático e político ocidental) ficaram em segundo lugar do voto árabe com 3,75% e 5 lugares.

2) O crescimento dos partidos sionistas religiosos (ditos de extrema-direita) de partida nom põe em causa o carácter democrático do Estado de Israel, apesar de defenderem reformas em aspectos fundamentais como o sistema judiciário.

3) O papel emergente de Israel na cena internacional (suporte humanitário à Ucrânia, acordo gasístico com o Líbano, cooperaçom estratégica com os Emirados Árabes Unidos e retomada de relações diplomáticas com a Turquia) nom se verá afectado polos resultados eleitorais.


A seguir reproduzimos a análise de João Koatz Miragaya, escritor e editor do site Conexão Israel, cujos fios sobre Israel no Twitter som um referente na Questom Judaica.


QUEM E QUEM NO NOVO GOVERNO DE ISRAEL

Antes dos personagens:

A coalizão conta com 64 dos 120 parlamentares da Knesset. São parlamentares do direitista Likud, dos ultra-nacionalistas religiosos Sionismo Religioso e Força Judaica, e dos ultra-ortodoxos Shas (sefaradita) e Judaísmo da Torá (ashkenazita).

Nenhum partido secular ou mais ao centro aceitou sequer negociar participar da coalizão com Netanyahu, e ele dependia de cada um desses partidos para formar a coalizão. Sem uma segunda alternativa, Netanyahu virou refém de todas as suas exigências.

FOTO: By רונן143

São 37 ministros e vice-ministros, ministérios que foram divididos para atender às demandas de 4 partidos e dos membros do Likud (spoiler: muitos não gostaram do que receberam). Conheça cada um dos ministros nesse fio agora. 

1º Ministro/Binyamin Netanyahu (Likud): Entrando em seu 16º ano (não consecutivos), Netanyahu comandou várias outras pastas. Seu principal feito foram os Acordos de Abraham (relações com EAU, Bahrein e Marrocos). É réu em 3 casos de corrupção. 

Defesa/Yoav Galant (Likud): General da reserva, ex-ministro da Educação. Quase foi nomeado chefe do Estado Maior das FFAA em 2011, algo que não aconteceu por uma denuncia de corrupção envolvendo o terreno de sus casa. 

Finanças*/Betzalel Smotrich (Sionismo Religioso): Advogado, ex-ministro dos Transportes. Vive num assentamento na Cisjordânia, é radicalmente contrário ao Estado Palestino e adepto de uma economia ultraliberal. Em 2005 foi denunciado e inocentado por tentativa de atentado.

Exterior**/Eli Cohen (Likud): Ex-ministro da Indústria e Comércio e da Inteligência, é muito popular no seu partido. Parlamentar respeitado, de tendência moderada. 

Interior-Saúde*/Arie Dery (Shas): Ultraortodoxo sefaradita, Dery já foi ministro do Interior várias vezes. Líder do partido há anos, foi preso por recebimento de suborno, liberado e novamente condenado (está em condicional). Teve de mudar a lei para poder ser ministro.

Educação/Yoav Kish (Likud): Ex-piloto da força aérea, é parlamentar desde 2015. Foi vice-ministro da Saúde e é visto como um moderado no partido. Assumirá um ministério relativamente esvaziado. 

Segurança Nacional/Itamar Ben-Gvir (Força Judaica): Ultra-radical da extrema direita israelense, Ben-Gvir é o primeiro dos herdeiros do rabino Meir Kahane a tornar-se ministro. Leia mais sobre ele no fio abaixo. 

Transportes/Miri Regev: Ex-porta-voz do IDF, ex-ministra da Cultura e do Esporte, assume pela segunda vez a pasta dos transportes. Mulher mais votada nas primárias do Likud, é barulhenta e emite opiniões fortes e preconceituosas. Não tem tanta confiança de Netanyahu. 

Construção Civil/Itzhak Goldknopf (Judaísmo da Torá): Lider do partido ultraortodoxo ashkenazita, é novo na Knesset. Assume o cargo frente a uma série de acusações de corrupção sobre sua gestão como diretor de uma rede de jardins de infância.

Indústria e Comércio/Nir Barkat (Likud): Ex-prefeito de Jerusalém, multimilionário e com sonho de ser 1º ministro um dia. Também faz parte dos moderados do Likud, e ocupa posição relevante no partido

Justiça/Yariv Levin (Likud): Número 2 do partido e braço direito de Netanyahu, promete uma reforma na Justiça a fim de "equilibrar os poderes". Já foi presidente da Knesset, ministro do Turismo, da Segurança Pública e da Articulação. 

Meio Ambiente/Idit Silman (Likud): Ex-líder do governo na Knesset pelo partido Yamina, de Bennett, a deputada sionista-religiosa assume o que supostamente lhe foi prometido para abandonar o governo anterior: uma pasta de segundo escalão.

Diáspora-Igualdade Social/Amichai Shikli (Likud): Educador, é outro desertor do partido Yamina. Recebeu dois ministerios pequenos pela coragem e lealdade a Netanyahu.

Energia**/Israel Katz (Likud): Ex-ministro dos Transportes, do Exterior e das Finanças, havia ameaçado fazer um escândalo caso não assumisse um ministério do primeiro escalão, mas teve de recuar.

Bem-Estar Social***/Yaakov Margi (Shas): Ex-ministro de Questões Religiosas, homem de confiança de Arie Deri. 

Inovação, Ciência e Tecnologia/Ofir Akunis (Likud): Homem de confiança de Netanyahu, está na Knesset desde os anos 1990. Já foi ministro do Bem-Estar Social

Agricultura/Avi Dichter (Likud): Ex-chefe do Shabak (Serviço de Segurança Nacional), foi também ministro da Segurança Pública. Discípulo de Ariel Sharon, não conta com muita confiança de Netanyahu. 

Comunicações/Shlomo Karhi (Likud): Ministro pela primeira vez, é o parlamentar de retórica mais extremista do Likud. Ataca frequentemente o Judiciário, a imprensa, a esquerda e prometeu fechar o departamento de comunicação do conglomerado público Kan.

Cultura e Esporte/Miki Zohar (Likud): Ex-líder do governo na Knesset, vem tentando se mostrar mais moderado com relativo sucesso. Ainda sustenta posturas extremistas, como ser favorável à anexação da Cisjordânia por Israel.

Ministro da Alia e da Absorção/Ofir Sofer (Sionismo Religioso): Major da reserva, passou por diversos partidos do campo do sionismo religioso até conseguir se eleger. Seu partido é favorável à mudança na Lei do Retorno, impedindo quem não tenha mãe judia de imigrar.

Desenvolvimento do Neguev e da Galiléia/Itzhak Wasserlauf (Força Judaica): Deputado pela primeira vez, já foi diretor geral do partido. Se notabilizou pela campanha para expulsar refugiados africanos de Israel. 

Vice-Ministro no Ministério do 1º Ministro: Avi Maoz (Noam): Único representante de um partido abertamente racista e homofóbico, recebeu os programas educacionais extra-classe e de identidade judaica do exército (além de outras coisas). 


Outros:

- Legado: Amichai Eliahu (Força Judaica)

- Inteligência: Gila Gamlieli (Likud)

- Missões Nacionais: Orit Struck (Sionismo Religioso)

- Turismo: Chaim Katz (Likud)

- Assuntos Religiosos: Michael Machlieli (Shas)

- 2º ministro da Educação: Haim Biton (Shas)

- Ministério do 1º Ministro: Galit Distal-Atvarian (Likud)

- Questões Estratégicas: Ron Darmer (Likud)

- 2º Ministro do Bem-Estar Social: Yoav Ben-Tzur (Shas)

- Vice-Ministro da Agricultura: Moshe Abutbul (Shas)

- Vice-Ministro do Interior e da Saúde: Moshe Arbel (Shas)

NOTAS:

(*) Smotrich e Dery trocam de ministérios depois de 2 anos.

(**) Eli Cohen estará no Exterior por um ano, depois trocar com Katz, que ficará dois anos, e depois tornam a trocar.

(***) Ben-Tzur e Marghi trocam de ministérios depois de dois anos.


Presidente da Knesset: Amir Ohana (Likud): Ex-ministro da Segurança Pública e da Justiça, o primeiro LGBT+ a presidir o parlamento em Israel.


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