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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

"O JUDEU É O CULPADO. O INIMIGO É SEMPRE O MESMO"

 Cerca de 300 neonazistas marcharam por Madrid para prestar homenagem à Divisom Azul, os voluntários fascistas espanhóis que lutaram ao lado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial na frente da Rússia.

O evento foi convocado pola Juventude Patriótica, uma organizaçom neonazista de Madrid, e foi apoiado por diferentes grupos neonazistas e fascistas de toda a Espanha, entre os quais, España2000 ou La Falange, cujo líder, Manuel Andrino, participou da marcha.

Isabel Medina Peralta, neonazista espanhola que arengou contra os judeus


Grupos neonazistas de toda Espanha reúnem-se em Madrid todos os anos para realizar este ato, que coincide com o aniversário da Batalha de Krasny Bor em 1943.

A marcha, que percorreu várias ruas da capital espanhola até o cemitério de Almudena da cidade, ocorreu atrás dumha bandeira do escudo da Divisom Azul com a legenda "Honra e glória aos caídos". Os participantes fizeram a saudaçom nazista e cantaram canções fascistas.

Uma rapariga, identificada como a neonazista Isabel Medina Peralta, dirigiu-se ao acontecimento vestida com umha camisa azul e foi gravada dizendo: “É nossa obrigaçom suprema lutar por Espanha, lutar pela Europa, agora fraca e liquidada pelo inimigo. O inimigo será sempre o mesmo, embora com máscaras diferentes: o Judeu. [...] O judeu é o culpado e a Divisom Azul lutou contra ele. Quis libertar Europa do comunismo, umha invençom judaica destinada a enfrentar os operários e as nações [...]”

Perante a denúncia realizada polo site La Marea (em espanhol), Isabel Peralta reafirmou-se nas suas afirmações em declarações à imprensa e tuitando "tendes medo da verdade. Mas o bom e verdadeiro sempre triunfa neste mundo" [Twitter apagou o perfil dela a 17 de fevereiro].

O ataque nom apenas aos Judeus, como faziam os velhos antissemitas, mas ao sionismo, faz parte do discurso do neonazismo espanhol. Na sua conta de Twitter, a referida rapariga fascista tuitou em 22 de julho de 2020 que "o fascista nom odeia as raças, o fascista ama-as. ama a variedade do mundo, a diversidade de raças, costumes e culturas e quer conservá-las. O fascista odeia aos verdadeiros culpados desta invasom e suplantaçom racial. Ao antirracista, ao sionista".

No seu perfil encontram-se mais acusações contra o sionismo e os Judeus. Assim sendo, a 27 de maio de 2019 postou umha imagem de José António Primo de Rivera, fascista espanhol fundador da "Falange Espanhola", acompanhada pola seguinte mensagem:


A seguir reproduzimos umha traduçom da mensagem onde esta mostra do nazi-fascismo espanhol expressa o velho antissemitismo em termos de antissionismo:

"Nom. Nom passamos. Passou um grupo liberal, um cinto de Judeus camuflados trás as cores vermelha e amarela [da bandeira espanhola]. Um fato de ignorantes, falsos letrados demoburgueses que apenas se importam com os votos e sentar os seus nojentos cus nesse mausoléu podre chamado parlamento.

"Se nom querem que apoiemos o separatismo nom apoiem a Palestina" [em referência à alegada ameaça que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu fez ao ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol na sequência do movimento independentista da Catalunha]

O sionismo é um movimento diabólico, engendrado para dominar. Para acabar com a entidade das nações e, em silêncio, implantar umha nova ordem, como levan tentando desde que o homem é homem.

Mas a morte de Espanha nom chegará esta vez enérgica, predicadora e ruidosa. Chega às caladas, subtil, invisível. Chega empunhando umha bandeira de Espanha, agitando-a toscamente como instrumento para recrutar adeptos, para engrossar as suas fileiras com todas aquelas gentes que de verdade querem voltar a ver a Espanha unida, forte e resolta.

Por enquanto comprazem-se no seu engano, enquanto pactuam com sionistas acordos monstrosos, enquanto jogam o comércio nacional, a loja de frutas do velho senhor que viu em primeira fila a degeneraçom de Espanha e para travá-lo de boa fe vota-os [refere-se ao partido Vox e aos resultados das eleições gerais de 28 de abril de 2019]. Que nom acreditam na justiça, porque nom acreditam na verdade. Porque nom acreditam em nada. Todo, mesmo as cousas essenciais do destino pátrio estám sujeitas à livre discusom, porque nisso baseia-se o seu jogo democrático de guerrilhas estúpidas entre estúpidos.

E nom passaram. Quando passarmos, quando passar Espanha, fá-lo-á de forma alegre e juvenil, passará a Primavera e as bandeiras vitoriosas de Fe, grandez e honra. E passaremos, com certeza que passaremos. Nom terá sido esta vez e provavelmente também nom será a seguinte. Mas seguiremos a fazer a revoluçom como os últimos 90 anos. porque nós sempre estaremos aqui embora um estúpido conjunto de papéis nos digam que nom estejamos. Si estaremos. Nós sabemos que um boletim de voto nom vai salvar Espanha. Como sabemos que nom se pode falar ao povo em pátria se nom conhece a justiça. Como sabemos que é preciso fazer a revoluçom agrária e a revoluçom nacional, para que todos os povos se sintam harmonizados numha irrevogável unidade. 

Porque Espanha apenas e isso: umha unidade de destino no universal. E os meus camaradas e eu nom vamos permitir nunca que essa unidade se veja enfraquecida polos separatismos locais, pola luta de classes, dos partidos ou dos gêneros.

Porque Espanha é apenas tudo. E os que de erdade passaremos gastaremos as nossas vidas em realizar a grande empresa que se merece que realizemos a nossa Naçom. Porque se passarmos, passaremos".

O evento contou com um serviço religioso em frente a um monumento à Divisom Azul, no qual foi colocada umha coroa de flores com umha suástica. Um padre dirigiu-se ao público dizendo: “O marxismo, como ontem [...] continua a tentar perturbar a paz da nossa sociedade, perturbar a paz dos espíritos e, acima de tudo, remover o príncipe da paz, nosso Senhor Jesus Cristo”.

Também se dirigiu aos presentes Ignacio Menéndez, advogado do extremista de extrema direita Carlos García Juliá, coautor do massacre de Atocha em 1977, que foi recentemente libertado da prisom.

Menéndez pediu aos presentes que nom cumprissem as medidas contra a Covid-19: “Precisa violar o toque de recolher, que se reúna com a sua família e amigos e com mais de seis pessoas como estamos aqui hoje; e que se abraçem, e que cantem e que vivam com alegria. Porque fascismo é alegria. ”

A Federaçom das Comunidades Judaicas da Espanha (FCJE), afiliada do país ao EJC, condenou o incidente nos termos mais veementes. “Exigimos que o Ministério Fiscal de Crimes de Ódio investigue este incidente e, quando apropriado, processe e condene esses atos criminosos. Além disso, a FCJE, em conjunto com a Plataforma contra o Antissemitismo e o Movimento contra a Intolerância, vai atuar com todos os instrumentos legais ao nosso dispor.”

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