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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

ISRAEL PERANTE A INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA

Há um ano que teve lugar o Referendo sobre a independência da Catalunha, conhecido como 1-O, por ter sido realizado o dia 1 de outubro de 2017, em que os eleitores catalães puderam decidir sobre se a Catalunha devia ser um estado independente em forma de república. Logo a seguir, perante o bloqueio político com o Reino de Espanha, o dia 27 de outubro o Parlamento catalão aprovou umha Declaraçom Unilateral de independência (DUI) da Catalunha. 

Embora logo após a declaraçom secessionista realizada vários países se manifestaram contra a independência defendendo a unidade do Reino de Espanha (entre os quais potências como os EUA, China, França, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Itália, Japom ou Rússia), o governo do Estado de Israel nom tomou oficialmente posiçom, alegando a relaçom de amizade que une o Estado judeu com esta naçom sem estado em processo de libertaçom nacional.

Este artigo analisa os posicionamentos do Estado de Israel durante o conflito secessionista da Catalunha acontecido no ano 2017 e cujos rescaldos ainda persistem.

Sede da República Catalã em Bruxelas

Em 18 de janeiro de 2017 o Embaixador de Espanha em Israel, Fernando Cardenera, incomoda-se por um artigo de opiniom publicado no dia 8 desse mês polo jornal Jerusalem Post que defendia a tese de que Israel ajudasse à Catalunha na reivindicaçom soberanista e apresentava a questom catalão como umha contradiçom europeia que poderia ser utilizada geoestrategicamente polas autoridades israelitas.

O artigo, redigido por Michael Freund, ex-chefe de comunicaçom do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu, recomendava fazer com que a Europa experimentasse "um bocadinho da sua medicina" para desvendar que impera umha certa hipocrisia relativamente ao direito de autodeterminaçom, dando apoio ao processo catalão. "Depois da aprovaçom da lei destinada a regular certas questões do solo da Judeia e Samaria (Cisjordânia para os Árabes), amigos reconhecidos de Israel na Europa nom perderam a ocasiom para carregar contra o Estado judeu em termos muito duros. Reunindo toda a muniçom disponível, que parece ser ilimitada quando o sujeito for Israel, os líderes do continente agitaram-se retoricamente de forma tam obscena como ofensiva".

No seu artigo, Freund lembrou que se a Europa quiser falar em "territórios ocupados" nom devia esquecer as suas "relíquias coloniais", citando que a Catalunha tem previsto convocar um referendo sobre a independência. "Por acaso nom é na Catalunha que o governo regional alveja celebrar um referendo sobre a independência em setembro deste ano apesar da oposiçom das autoridades espanholas? Porém, curiosamente nom parece que a aspiraçom dos Catalães pola independência provoque tanto interesse nas capitais europeias quanto a dos palestinianos, embora os primeiros têm umha melhor opçom para um Estado próprio", frisa.

"Antes de mais, o Estado catalão foi umha realidade, embora brevemente, no século XVII [a República de Pau Claris], enquanto nunca houve umha Palestina independente em toda a história. E ainda que um acredite que os palestinianos estám ocupados desde 1967, Espanha ocupa a Catalunha desde há mais de três séculos, o que faz com que seja um conflito de maior duraçom e a justiça atrasada é justiça denegada", apontou.

Finalmente, Freund propunha que na próxima vez que a Europa ponha em causa a política de Israel em Judeia e Samaria, Israel encaminhe observadores dos direitos humanos à Catalunha para confirmar que nom se vulneram os direitos da sua cidadania e mesmo preparar resoluções na ONU neste sentido.

Na sua resposta no mesmo jornal, o embaixador espanhol retorque que "Espanha nunca ocupou a Catalunha". A nota da Embaixada, intitulada "Nengumha ocupaçom da Catalunha" refere que "apenas cabe passeiar em qualquer cidade catalã para julgar por um próprio o sentido desta ideia. Nunca houve umha história de Espanha contra a Catalunha, nem em 1714 nem nos seguintes 300 anos"O embaixador reproduz o relato da historiografia oficial espanhola: "A Guerra de Sucessom espanhola foi umha guerra internacional causada pola morte sem descendência do rei Caros II de Espanha e a briga entre dous pretendentes: o francês Filipe de Bourbon, duque de Anjou, e o arquiduque austríaco Carlos de Habsburgo, pola tentativa de ocupar o trono espanhol, umha controvérsia que fazia parte das alianças mais amplas e interesses dos diferentes países da Europa nessa altura. Um século mais tarde, os catalães combateram na guerra de independência contra Napoleom pola liberdade do povo espanhol".

A Embaixada espanhola em Israel aponta também a sua oposiçom à convocatória do referendo, alegando que, "consoante a nossa constituiçom, o governo regional da Catalunha nom tem competências para convocar um referendo sobre questões políticas de especial relevo, como a definiçom de Espanha. Ao abrigo da Constituiçom, a Catalunha desfruta, ao igual que as outras 16 Comunidades Autónomas espanholas, dum dos mais altos níveis de autogoverno no mundo, com um nível de competências que pode ser comparado ao de qualquer um estado federal alemão".

Em 13 de junho de 2017 o Presidente Carles Puigdemont assiste ao ato oficial da abertura do Consulado Honorário de Israel em Barcelona. No seu depoimento, realizado a huis clos, o Presidente Puigdemont celebra a reabertura e exprime o seu desejo de que no futuro este rango seja incrementado. A abertura deste posto diplomático estava bloqueado desde janeiro de 2016 polo ministério espanhol dos Negócios Estrangeiros, pois Madrid receiava a presença de diplomáticos na Catalunha durante o processo soberanista.

O Presidente Puigdemont durante um congresso judaico em Girona

O referendo, convocado unilateralmente polo Governo catalão a 9 junho de 2017 invocando o direito à autodeterminaçom, bateu com a oposiçom ferrenha do Governo de Espanha com as reiteradas alegações de que a Constituiçom espanhola nom permitia umha votaçom sobre independência de qualquer nacionalidade histórica ou regiom espanhola, ao mesmo tempo que julgava ilegal qualquer votaçom referendária sem o seu consentimento.

O Governo catalão (apoiado por umha maioria parlamentar de 72 mandatos que receberam nas últimas eleições catalãs os votos de 48,1% dos eleitores) tentou frustrar as ações legais em nome do governo espanhol, apressando a aprovaçom dumha lei do referendo por meio do Parlamento catalão nos dias 6-7 de setembro, declarando que seria entom umha legalidade "somente catalã".

O Governo de Espanha nom aceitou a convocatória do referendo, e tentou impedir pola força a sua plena implementaçom através de várias medidas, entre as quais, o envio de contingentes das forças policiais para a Catalunha, encerramento de assembleias de voto, confisco de boletins e urnas de voto, ameaça de multar os funcionários do plebiscito, impedimento dos eleitores de entrarem em locais de votaçom, bloqueio de páginas web institucionais de apoio ao referendo, ocupaçom do centro de telecomunicações e tecnologia da informaçom do Governo catalão, impedindo, destarte, tanto o sufrágio a distância como a contagem dos votos. 

Nas vésperas do referendo, convidados polo Conselho da Diplomacia Pública da Catalunha (Diplocat), a agência catalã de assuntos internacionais, chega a Catalunha umha delegaçom parlamentar internacional com membros de até 17 países para participar como observadores do referendo de 1-O. A delegaçom está chefiada por Dimitrij Rupel, ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslovénia na década de 1990. Entre os convidados está a deputada israelita da Uniom Sionista, Ksenia Svetlova, umha jornalista prestigiada. Embora se trate dumha deputada da oposiçom ao governo de Benjamim Netanyahu, a presença dela é muito significativa e demonstra que o Governo catalão procura a conexom com Israel. Segundo J. Renyer, o facto de Ksenia Svetlova estar em Barcelona deixa em evidência os antissionistas catalães que puderam ter convidado algum dos deputados da Lista Árabe Unida ou da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) para que viessem num gesto de reprocidade entre os promotores de campanhas de solidariedade na Catalunha com a causa palestiniana.

As declarações nos dias anteriores do referendo do ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros comparando o independentismo catalão com o nazismo causam a indignaçom do Governo israelita, que faz um comunicado criticando o ministro espanhol.

No dia do referendo o Governo de Espanha nom hesitou em recorrer a cargas policiais e uso de gases lacrimogéneos, causando centenas de feridos entre a cidadania que tentava votar esse dia. Após a contagem de votos, o resultado foi de 90% de votos em prol da independência, mas com participaçom de apenas 42% dos eleitores habilitados. Logo a seguir, o Presidente catalão realizou umha declaraçom exprimindo que a Catalunha "ganhou o direito de ser independente", mas nom declarou a independência de forma clara e imediata.
Boletim de voto do referendo catalão

Numhas declarações para o jornal Arutz Sheva, o vice-ministro de Defesa de Israel, Eli Ben-Dahan, critica a repressom policial contra o referendo do 1-O na Catalunha, denunciando a hipocrisia do Governo espanhol nos seguintes termos: "Durante muitos anos Espanha deu-nos lições sobre como temos de lidar com os direitos nacionais dos árabes palestinianos. Agora vemos a sua hipocrisia, já que Espanha nem sequer permite aos catalães celebrar um referendo sobre a independência". Estas declarações mostram o mal-estar do Governo israelita porque considera que Espanha defende a independência da Palestina dumha forma unilateral e sem levar em conta as razões de Israel, enquanto reprime um processo independentista democrático e pacífico como o catalão.

Na mesma tarde do referendo, o jornal "The Times of Israel" publica umha crónica da jornada na Catalunha com as primeiras impressões da antedita observadora internacional israelita, que se mostra assustada pola brutalidade da repressom. Significativamente, o jornal também publica umha fotografia dum fascista a queimar umha estelada (bandeira independentista) levantando o braço em sinal de saudaçom nazista.


Segundo soube José E. Muñiz Gómez(1), através dum correo electrónico trocado com o Embaixador de Israel em Espanha no dia depois do 1-O, a postura israelita sobre o referendo de autodeterminaçom da Catalunha é que "Israel nom se intromete em assuntos internos".

No dia 4 de outubro a deputada israelita da Uniom Sionista que faz parte da comissom de observadores internacionais e que foi testemunha do referendo de autodeterminaçom, publica um artigo no Jerusalem Post intitulado: "Catalunha face Espanha: democracia testada".


As violentas cargas policiais contra os catalães que unicamente desejavam votar multiplicam as simpatias internacionais com o processo independentista, embora parece complicado que isto se traduza num apoio e reconhecimento a um novo Estado catalão, umha questom da realpolitik onde entram em jogo razões diplomáticas, políticas e económicas.

Nessa altura distintos âmbitos olham para as antigas repúblicas bálticas (Estónia, Letónia e Lituánia) dando por feito que teriam algum aceno com as exigências catalãs, sendo mencionado também Israel a teor das suas ligações comerciais e políticas com o Governo catalão. Porém, o único estado a manifestar certa solidariedade com o processo catalão é a Bélgica. De facto, o primeiro-ministro belga, Charles Michel, faz umhas declarações referindo que em Espanha existe umha crise política e pedindo diálogo, o que causa um profundo mal-estar do Governo espanhol. 


Seguindo o resultado, na terça-feira 10 de outubro de 2017, o Presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, declarou a independência catalã de forma unilateral, mas, ato contínuo, pediu que o efeito da declaraçom de independência fosse suspenso durante algumhas semanas para abrir um diálogo com Espanha e solicitar algum tipo de mediaçom internacional. Na realidade, tratou-se dum documento intitulado "Declaraçom dos representntes da Catalunha" que estabelecia a Catalunha como república independente assinado polos membros da maioria independentista. Umha vez que a assinatura nom ocorreu numha sessom plenária foi considerado um ato simbólico sem efeito legal.

O dia 12 de outubro, coincindo com a celebraçom do Dia da Hispanidade, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica do Irão manifesta o seu apoio à unidade de Espanha nos seguintes termos: "o Irão acredita numha Espanha unida, integrada e democrática, desejando estabilidade, tranquilidade, solidariedade nacional e respeito à Constituiçom espanhola". Inquirido pola posiçom iraniana perante a violência produzida contra os votantes em 1-O, o diplomata da teocracia persa assegura que "Espanha é um dos importantes parceiros político-económicos do Irão na Europa, polo que Teerám está a acompanhar cuidadosamente os acontecimentos".

Entretanto, nestes dias o Governo catalão, através do Diplocat, tenta estabelecer vias de comunicaçom com diversos governos para preparar essa DUI. Os responsáveis pola agência da diplomacia da Generalidade encaminham-se a intermediários para fazer chegar mensagens a estes governos, entre os quais os países bálticos, Israel, algum país do norte da Europa e repúblicas ex-jugoslavas. Estes pedidos som realizados através de diferentes condutos, em ocasiões através de consultados e noutras de pessoas muito ligadas aos governos dos países que poderiam ser aliados da questom catalã. Segundo as fontes referidas, estes movimentos nom visariam o reconhecimento automático da República catalã, mas sobre "se estariam prontos a mediar com Espanha para que se poda abrir um período de negociaçom logo da rutura unilateral". Com efeito, a mediaçom dalgum país suporia o reconhecimento implícito da independência da Catalunha.

Em 16 de outubro  a Audiência Nacional espanhola decretou prisom de Jordi Sánchez (presidente da Assembleia Nacional Catalã) e Jordi Cuixart (presidente de Omnium Cultural), acusados do crime de sediçom em relaçom com dous atos de protesto realizados em setembro. Dous dias depois, Anistia Internacional pedia às autoridades espanholas a retirada da acusaçom de sediçom e a libertaçom imediata dos "Jordis".

O Governo de Espanha negou-se a fazer qualquer negociaçom com o independentismo e no dia 27 de outubro o Parlamento catalão aprova, como resoluçom parlamentar, umha Declaraçom de Independência da Catalunha da España e a fundaçom dumha República Catalã. A declaraçom é aprovada com 70 votos a favor, contra 10 e 2 em branco. Os 55 deputados da oposiçom recusaram-se a estar presentes durante a votaçom após o jurídico do Parlamento avisar que carecia de valor legal logo de ter sido suspensa polo Tribunal Constitucional espanhol.

Poucas horas depois, o presidente da Espanha, o galego Mariano Rajoy Brey, anunciou que, em uso do artigo 155 da Constituiçom espanhola que permite a dissoluçom do autogoverno, aprovado polo Senado com os votos de PP, PSOE e Cidadãos, ele destituiu o presidente catalão e o seu governo, implementou um governo provisório e convocou novas eleições catalãs no dia 21 de dezembro de 2017. Porém, Puigdemont e outros membros do seu governo nom aceitaram a destituiçom e falaram em resistência pacífica e na continuaçom do trabalho "para construir um país livre". No dia 30 o governo espanhol respondeu acusando o Governo catalão de "rebeliom".


Após a declaraçom e da dissoluçom da autonomia catalã, os independentistas, em vez de  elencar passos para garantir a consolidaçom da nova naçom no âmbito social, econômico e jurídico, entre os quais a investigaçom das responsabilidades do Governo Espanhol nos incidentes do referendo de 1 de outubro; a promulgaçom de decretos para emitir documentos atestando a cidadania catalã; a promoçom dum tratado de dupla cidadania com a Espanha; o estabelecimento dum prazo de transferência para um serviço público adequado; a criaçom dum banco público nacional; o reconhecimento doutras nações e criaçom da sua própria constituiçom, tomaram rumo do exilo (o Presidente Carles Puigdemont e cinco membros do seu governo) ou ficaram na Catalunha para submeter-se à justiça espanhola. 

Entretanto, mesmo antes de se produzir a proclamaçom da República catalã, a mídia israelita noticia que a diplomacia espanhola já estava a pressionar o Governo de Israel para que se pronuncie em contra da proclamaçom da República catalã. Assim sendo, o correspondente diplomático do canal israelita Chanel 10 News, Barak Ravid refere que "o embaixador de Espanha  [Manuel Gómez-Acebo] pediu ao governo israelita que o mais rápido possível emita umha declaraçom em contra da independência da Catalunha e dando apoio à unidade espanhola". Porém, o Governo israelita retorque esse pedido com um "no comment", alegando que "é um tema interno de Espanha e da Catalunha que tem de ser resolto polas duas partes". De resto, a diplomacia israelita nom oculta certo incomodo com o Reino de Espanha por ter-se posicionado em repetidas ocasiões contra Israel na ONU e na UNESCO.

No dia depois da DUI a mídia israelita, segundo noticia o jornal La Vanguardia, abre as suas capas com imagens de alegria vividas em Barcelona logo depois da DUI perguntando-se se isso pode provocar umha nova guerra civil. As análises e informações dizem respeito das imprevisíveis consequências da suspensom das instituições catalãs e a possibilidade de que, como o 1-O, se vivam novas imagens de repressom. Nesta linha, a jornalista Oshrat Kotler questiona "até que ponto o Governo de Madrid pode reprimir a independência da Catalunha". Um destacado jornalista israelita do portal digital Walla Yaacov pergunta-se num programa especial polos motivos do rápido crescimento do independentismo, e porque o Governo espanhol nom tenta negociar a criaçom dumha federaçom que dê mais soberania à Catalunha sem acarretar a rutura de Espanha. Nos debates, o jornalista do canal público Uri Levy assinala que a Catalunha é a vanguarda da vaga independentista que pode fazer abalar distintos territórios da Europa nos próximos anos, entre os quais o País Basco, Escocia, Baviera, Flandres e distintas áreas da Italia.

Em 29 de outubro, três dias depois da declaraçom de independência catalã, Israel segue sem ceder aos pedidos espanhóis apesar das repetidas pressões da embaixada espanhola tanto ao gabinete do primeiro-ministro, Benjamim Netanyahu, quanto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita para que faça umha declaraçom contra ao reconhecimento da República catalã. 

Nessa altura os governos da Alemanha, Andorra, Argentina, Brasil, Bulgária, Canadá, Chile, Chipre, Colômbia, Costa Rica, Estónia, Finlândia, França, Geórgia, Guatemala, Indonésia, Itália, Letônia, Lituânia, Malta, Marrocos, México, Moldávia, Noruega, Panamá, Peru, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, República da Irlanda, Sérvia, Turquia, Ucrânia e os Estados Unidos recusaram publicamente reconhecer a República Catalã como umha entidade legítima e apoiaram a integridade territorial de Espanha.


Mapa do reconhecimento da independência da Catalunha
Reconhecimento internacional da independência da Catalunha
Por enquanto, segundo noticia o Jerusalem Post, Israel nom vai ir além da posiçom de neutralidade, que é mais próxima das teses catalãs do que a oposiçom exprimida por países como a Alemanha ou a França contra a República catalã, qualificando como "muito improvável" um apoio firme a Espanha. O jornal analisa que enquanto Israel defendeu a independência do Curdistám e a existência dum Estado Curdo no Próximo Oriente, no caso catalão nom existe um interesse esse geoestratégico.

Representantes da UE acreditados em Israel defendem a postura dos 28, contrária à criaçom dumha república catalã nos seus contatos com políticos e diplomatas israelitas. Nas suas reuniões com membros do governo israelita, trasladam que "nom criamos a Europa para ter dezenas de estados novos, mas para unificar-nos".

No dia 29 tem lugar em Barcelona umha multitudinária manifestaçom em defesa da unidade de Espanha convocada por Sociedade Civil Catalã. Francisco Frutos, ex-secretário geral do Partido Comunista de Espanha (PCE) converte-se num protagonista da manifestaçom. Perguntado dias depois numha entrevista sobre a sua denúncia relativa às relações entre o soberanismo catalão com Israel, revela "financiamento que, através de personagens como o sionista George Soros, teve o independentismo. Já o disse o ex-senador Santi Vidal, que a Generalidade tinha dados dos catalães e financiamento nom europeu. Existe um lobby catalão que compara a situaçom da Catalunha com o nascimento de Israel. Um país que tem submetido o povo palestiniano, que lhe quitam as suas terras".

A questom catalã desvendou a hipocrisia da esquerda espanhola sobre o direito de autodeterminaçom

Logo depois dessa manifestaçom unionista o jornal "The Times of Israel" mostra a sua surpresa e medo porque "entre os centos de milhares de espanhóis que protestaram contra a proclamaçom da independência da Catalunha havia dúzias de neonazis que faziam a saudaçom da vitória (Sieg Heil), levandando o braço direito numha saudaçom que lembra os comícios pró-Hitler". Segundo esse jornal israelita, "a manifestaçom foi às vezes violenta, com vídeos que mostram os manifestantes a atacar a polícia e a ser batidos com golpes nas pernas e o corpo." "Numha fotografia, vê-se um manifestante com umha tatuagem dumha esvástica na mão enfrentando-se às forças de segurança catalãs".

Nessa altura, segundo o embaixador israelita em Espanha, Daniel Kutner, Israel evita pronunciar-se sobre a crise catalã para nom se intrometer num "assunto interno espanhol", frisando que Israel "sempre teve muito boa relaçom com a Catalunha e com outras zonas de Espanha". Na Catalunha "temos muitos amigos, e muitos estám deste lado, de aquele,..., mas o que acontece atualmente som assuntos que os espanhóis têm que resolver e tentamos nom intrometer-nos".

No dia 30 de outubro Espanha pede novamente que Israel acompanhe os passos dos seus aliados ocidentais para rejeitar a votaçom que declara a independência da Catalunha. Todavia, logo de abordar o caso numha reuniom, as altas autoridades diplomáticas israelitas decidem nom expressar nem rejeiçom nem apoio à independência declarada da Catalunha. 

Nos círculos políticos israelitas analisa-se que a neutralidade de Israel é umha reaçom face a hostilidade nos foros internacionais por parte de Espanha, que, aliás, é um importante financiador de organizações anti-israelitas que com frequência tem criticado as ações de Israel no conflito árabe-israelita de forma mais severa do que outros países da UE. Além disso, o apoio a Israel considera-se mais prevalente na Catalunha do que em muitas outras zonas de Espanha. Porém, na diplomacia sionista paira o alto risco que teria apoiar a independência catalã, afastando Israel dos seus aliados ocidentais.

Este posicionamento, recolhido no site de notícias NRG, refere várias razões polas quais Israel nom deve situar-se do lado de Madrid. Em primerio lugar, os residentes da Catalunha mostraram historicamente simpatia por Israel. Os israelitas visitam frequentemente Barcelona e as bandeiras israelitas estám presentes regularmente em eventos e convenções. Israel, por exemplo, -refere o relatório-, é a maior presença no Mobile World Congress, o mais importante evento no negócio da telefonia móbil que anualmente tem lugar em Barcelona.

Polo contrário, segundo dito documento, o governo espanhol tem sido durante anos muito crítico com Israel, demandando que Israel faça máximas concessões aos palestinianos. Israel tem protestado durante anos sobre a posiçom diplomática de Madrid, bem como ao facto de o país ser um dos mais importantes doadores a organizações de extrema esquerda e um centro importante da atividade diplomática palestiniana na Europa. "É simplesmente um pago pola forma em que nos têm tratado", refere umha fonte diplomática citada no relatório. "Vejamos agora como eles lidam com um levante indígena, entre uma populaçom que tem uma reivindicação muito maior de independência e à sua terra do que os palestinianos". Por isso, o Governo de Israel decidiu nom ser o primeiro a declarar o seu apoio à independência catalã, -refere o relatório-, enquanto a comunidade internacional nom reconheça o movimento, Israel ficará em silêncio.

Hispan TV, umha cadeia pública iraniana sediada em Madrid para proporcionar fundamentalmente informações e propaganda anti-israelita recolhe todas essas informações intitulando que "Israel nom apoia a Espanha ante a Catalunha pola sua postura anti-israelita". Esse dia o Ministério de Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestiniana declara o seu apoio a umha "Espanha forte e unida" e aposta no diálogo e a Constituiçom espanhola para resolver a crise catalã nos seguintes termos: "Palestina apoia umha Espanha forte e unida e acha que o compromisso com a Constituiçom espanhola e o diálogo som a via para resolver todos os assuntos internos espanhóis". "O ministério de Negócios Estrangeiros apoia o consenso árabe e internacional na matéria", declarou a diplomacia palestiniana num comunicado.

A ACOM, umha organizaçom pró-israelita sediada em Madrid próxima do PP, contesta a ideia de que umha Catalunha independente seria amiga de Israel, alegando que o município de Barcelona, capital da Catalunha, é umha das cidades aderente à campanha do BDS e dando a conhecer algumhas expressões antissemitas de políticos catalães. A ACOM também lembra que, apesar das diferenças, Israel e Espanha som países amigos. Além disso, a Federaçom de Comunidades Judias de Espanha (FCJE), sediada também em Madrid, afirmou ser contra a tentativa secessionista da Catalunha no mesmo dia da proclamaçom da independência.

No dia 1 de novembro, o Governo de Israel, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, emite o seu primeiro comunicado oficial no que, como estava a pedir Espanha, nom há apoio à unidade de Espanha nem rejeiçom à independência da Catalunha: "Israel e Espanha estám unidas por relações estreitas, amigáveis e de longa data, arraigadas no nosso passado histórico comum e valores democráticos que partilhamos. Israel faz votos para que a crise interna de Espanha seja resolvida à brevidade, pacificamente e através dum amplo consenso nacional". Inicialmente Israel planejara nom realizar qualquer comentário sobre a crise catalã, mas logo depois de consultas com Madrid decide aceder parcialmente aos seus pedimentos, pairando no ambiente se este posicionamento público iria satisfazer os pedidos lançados polo governo espanhol.


De resto, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Emmanuel Nahsohn, rejeita que o Presidente Puigdemont tivesse pedido assilo em Israel para evitar a perseguiçom da justiça espanhola.


A abstençom de Israel perante a independência da Catalunha é devida a duas razões: a inclinaçom pró-israelita da Catalunha e a postura anti-israelita dos espanhóis. 

O pronunciamento do governo Israelita produz-se no contexto dumha visita agendada a Madrid do presidente israelita, Rueven Rivlin, com ocasiom do 30º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dous estados, o que pode introduzir mudanças nos posicionamentos do Estado judeu.

Em 3 de novembro a justiça espanhola emite umha ordem de procura europeia contra o Presidente Puigdemont acusando-o de rebeliom, sediçom, desvio de fundos públicos e desobediência à autoridade. No dia anterior oito membros do governo catalão que ficaram eram encarcerados em Madrid polos mesmos motivos, entre os quais o Vice-presidente e líder de ERC Oriol Junqueras. No dia 5 a justiça belga deixa em liberdade a Puigdemont e os conselheiros com medidas cautelares.

A 4 de novembro, na véspera da chegada do Chefe de Estado de Israel, o jornal Haaretz, num artigo assinado por um dos seus correspondentes em Barcelona, Asaf Ronel, aponta que o silêncio desde Jerusalém sobre o processo independentista catalão provoca as falsas esperanças de que Israel pudera ser o primeiro estado a reconhecer a república independente da Catalunha e que o primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu "pagaria assim" a Espanha o seu apoio à causa palestiniana. O artigo defende que o interesse catalão em Israel vai além, já que "muitos em Barcelona comparam a sua situaçom com a dos Judeus em 1948". De facto, assinala que os catalães tendem a comparar os dous povos que teriam em comum ser umha "naçom que sobreviveu centos de anos sem Estado" e arrastar "estereótipos de ser bons nos negócios" que contribuiram para que os seus desejos de independência sejam vistos como algo "de ricos" quando na realidade se alicerçam numha "profunda identidade nacional".

O jornal Haaretz analisa os paralelismos entre Israel e a Catalunha

O jornal destaca especialmente as manifestações de Alex Miquel da Omnium Cultural ao afirmar que em Espanha o franquismo nom morreu, mas que evoluiu durante a transiçom e que o 1-O evidenciou que foi derrotado nalgumhas áreas, mas nom nos assuntos territoriais. Apesar da comparança com os israelitas, os catalães rejeitam a ideia da violência para defender as suas aspirações. E, neste sentido, apontam que é "difícil acreditar que a independência seja possível sem derramar sangue".


Em 5 de novembro, no dia da chegada do presidente israelita a Espanha de visita oficial, a embaixada israelita em Madrid teima em afirmar que o seu país nom costuma reagir perante "assuntos internos doutros países", evitando manifestar mais umha vez um apoio expresso à unidade de Espanha. Em concreto, Israel nom é partidário de fazer interpretações de qualquer tipo, reconhece que mantém umha boa relaçom histórica com a Catalunha "que nada tem a ver com a questom política vivida com o Governo central" e teima em que as relações com o Reino de Espanha estám "fundadas" por "sólidas bases".

No jantar oficial oferecido o dia 6 polo rei Filipe VI, o chefe do Estado israelita destaca no seu discurso que "Espanha é um só país para nós e a sua excelência é o símbolo dessa unidade. Todos os cidadãos de Espanha som queridos para nós e nós esperamos e pregamos para que todos os conflitos sejam resolvidos pacificamente". No entanto, o chefe de Estado Israelita fala predominantemente sobre como deter a expansom do movimento BDS em Espanha ou sobre o primeiro centenário do restabelecimento da presença judaica.

No dia 7 de novembro, durante o seu discurso perante o Senado espanhol, o presidente de Israel limita-se a dizer que "a amizade entre Israel e Espanha é profunda desde há muitos anos. Espanha é um estado para nós, umha entidade estatal soberana única, e todos os problemas com os que está a lidar estes dias som assuntos internos. As nosas relações com todos os cidadãos de Espanha som muito prezadas e pregamos para que o presente desafio se resolva através do entendimento".

Na opinión do antedito José E. Muñiz, com estas declarações Israel prefere manter unha posiçom ambígua a respeito do conflito político entre o Estado espanhol e a Catalunha, talvez como umha maneira de devolver-lhe "todo o que Espanha tem feito" por Israel em nível internacional. Porém, finalmente o Governo espanhol respira aliviado logo de ver com preocupaçom e nervosismo o receio e as posturas mornas ou excesivamente neutrais do governo de Israel sobre a independência da Catalunha.

Dias depois analistas políticos da imprensa israelita refletem sobre o facto de as palavras do presidente israelita no Senado terem ido além da postura diplomática oficial do governo Netanyahu, de estrita neutralidade, e como foram amplificadas pola imprensa espanhola como umha vitória contra a Catalunha. O jornalista, que nom dá por fechada a postura israelita, finda o artigo enxergando a possibilidade de a Catalunha finalmente se tornar um Estado independente.

Entretanto, o Presidente Puigdemont em Bruxelas aceitou as eleições forçadas polo governo espanhol como um plebiscito mais à independência, desafiando o governo espanhol a aceitar os resultados das eleições. 

O dia 18 de novembro falece em Buenos Aires o Fiscal Geral do Estado espanhol, principal acusaçom dos líderes independentistas, em consequência dumha falha multiorgánica. Logo a seguir surgem boatos de que ele teria sido envenenado através dumha toxina por "agentes próximos do Mossad" como "vingança esmagadora do Estado contra o desafio secessionista catalão auspiciada polo sionismo internacional".  As informações, qualificadas de ridículas e infundadas, causam mal-estar na Fiscalia espanhola (ministério público). O Centro Wiesenthal, dedicado a documentar vítimas da Shoah, denuncia umhas declarações dum ex-fiscal espanhol nas que, numha entrevista para um jornal de extrema direita, aponta que "Israel e judeus argentinos" poderiam estar atrás da morte de dito fiscal. O Centro qualifica estas afirmações como "um exemplo extremo de obsesivo antissemitismo" e pede que o Governo espanhol condene as declarações e tome medidas.

De visita oficial em Espanha e durante um almoço oferecido polos reis de Espanha no Salom de Colunas do Palácio Real, o presidente palestiniano, Mahmud Abbas, expressa no dia 20 de novembro de 2017 a sua "firme postura de apoio à unidade do povo e o território de Espanha", posiçom ratificada na sua reuniom com o presidente Mariano Rajoy, obtendo, em troca, o compromisso de que Espanha irá trabalhar com os seus sócios da UE para que o Estado palestiniano seja realidade "nos próximos meses". Segundo recolhe a imprensa catalã, nesse encontro o monarca espanhol manifestou o seu apoio à independência da Palestina.

Embora o presidente palestiniano nom chega a pedir expressamente no seu discurso no Palácio Real o reconhecimento diplomático pleno da Palestina por parte do Reino de Espanha, sim expressa a sua confiança em que este se produza em breve. Logo de se mostrar "orgulhoso" da resoluçom aprovada polo Congresso dos Deputados em 2014 apelando para o Governo espanhol reconhecer o Estado da Palestina, acrescenta que "esperamos que seja num tempo próximo".

No seu encontro com o presidente espanhol o líder palestiniano volta a reiterar o seu apoio a "umha Espanha forte e unida no quadro da Constituiçom e as leis". Pola sua parte, o ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano, Riad al Malki, numha conferência de imprensa com o seu homólogo espanhol, mostra-se "claro e firme" como, frisou, "deveria ser todo o mundo" em prol da "unidade territorial de Espanha e da Constituiçom espanhola". O chefe da diplomacia palestiniana aponta que qualquer conflito que se formular a respeito deve ser resolvido sempre consoante o que marca a Constituiçom.

Embora durante a visita oficial a Espanha do presidente palestiniano nunca surgiu a questom catalã, ERC, através do seu porta-voz no Parlamento espanhol, Joan Tardá, expressa o seu "desgosto" e protesto porque Abbas tivesse "ignorado o direito de autodeterminaçom da Catalunha", apesar da "histórica solidariedade" catalã com a causa palestiniana. Numha carta entregada ao presidente da entidade palestiniana, os republicanos assinalam que "lamentamos profundamente o seu recente comunicado de desconsideraçom com a vontade democrática do povo catalão, bem como instamos a que reconsiderem as suas palavras e façam prevaler nos seus interesses o combate polos direitos humanos e as liberdades legítimas de todos os povos oprimidos".

Carta de protesto de ERC encaminhada ao Presidente da Palestina

Numha entrevista realizada no dia 25 de novembro para o programa de investigaçom Zman Emet, do canal público israelita Canal 1 Kan, que preparou umha reportagem sobre a situaçom na Catalunha, o Presidente Puigdemont desde Bélgica define a UE como "um clube de países decadentes, obsolescentes, no que mandam uns poucos e muito ligados a interesses económicos cada vez mais discutíveis" e "onde há várias varas de medir". As suas críticas chegam ao ponto de formular que os catalães "deveriam decidir se querem pertencer a esta UE e em que condições. Vamos ver o que diz o povo da Catalunha".

Na entrevista, realizada polo jornalista israelita de origem  portuguesa, Henrique Cymerman, numha localizaçom escolhida polo presidente cessado em Bruxelas, Puigdemont confessa temer pola sua segurança e confirma que o Governo belga dispôs medidas no seu entorno. Segundo ele "ateou-se um ódio, umha espécie de fúria, contra todos nós e o que representamos" e denuncia que a sua família recebeu ameaças de morte. "Quem me garante a mim um tratamento justo num contexto no que há vídeos de dirigentes políticos reclamando o meu encarceramento e participando em manifestações com grupos neonazistas que pedem o meu afuzilamento", conclui.


Sobre a alegada existência de avisos de reaçom violenta do Estado à DUI, Puigdemont assinala que "o temor existiu". "Consta-nos a vontade do Estado de usar a violência para evitar a independência". De facto, sostém que tem conhecimento de que houve "planos para ocupar com a força policial as instituições catalãs". "Temi que o Estado espanhol nom colocasse limites ao uso da violência para travar a democracia". Relata que as cargas policias na escola à que vam as suas filhas "porque é a escola das minhas filhas e tinham de [ensañarse] aí, foram brutais".

O presidente destituido sostém que se optou pola declaraçom de independência porque "nom havia outra opçom". Segundo ele, "claro que nom é a única soluçom", mas assinala que "é dever de Espanha formular qual é a sua soluçom para este problema" . "O que nom é aceitável é que negue o problema (...), nós estamos prontos a ouvir tudo, mas há que sentar-se a falar". Nesta linha, explica que, logo da sentença do Tribunal Constitucional espanhol contra a Reforma do Estatuto de Autonomia o nacionalismo catalão optou polo itinerário do Estado próprio, que "talvez poda ser um Estado que tenha umha relaçom confederal, federal, associada com Espanha ou independente", mas a resposta sempre foi nom.

"Estávamos prontos para fazer umha transiçom nacional desde a democracia com umha situaçom de normalidade democrática, dum Estado espanhol que aceita um referendo e umha vontade popular". "Nunca contemplámos outro calendário que nom fosse longo. Nom esperávamos nengum reconhecimento internacional em horas, dias, semanas ou meses à DUI". "É algo de cozinha muito lenta", reconhece Puigdemont, que sostém que essa ausência de apoios "nom prejulga nada".


Puigdemont refere-se à sua situaçom judicial formulando um paradoxo: "se ganhar as eleições [de 21 de dezembro] e sou investido presidente, o que me teria levado a ganhar as eleições é o que me pode levar a prisom. Eu acho que a Europa nom pode aceitar isso".

Perguntado polas relações do "movimento nacional catalão" com o Estado de Israel e o povo judeu em geral, o Presidente Puigdemont refere que "na Catalunha vemos Israel como um projeto nacional e cultural muito parecido, umha naçom perseguida que teve de proteger a sua língua, que teve de combater contra mesmo grandes impérios que tentaram neutralizá-la e que teve (e tem) de lutar duramente para fazer-se um espaço no mundo e para fazer-se respeitar".


Nas eleições de 21 de dezembro de 2017, com umha participaçom de 82%, os partidos independentistas atingiram a maioria absoluta de mandatos (70 de 135) e 47,5% de votos. Os partidos espanholistas, partidários da unidade espanhola, mal alcançaram os 43,4%.  Com umha posiçom intermédia entre os dous pólos, os "comuns" (a marca catalã de Podemos) obteve 7,5%. 

As candidaturas de Puigdemont (no exilo) e de Oriol Junqueras (no cárcere) somam 66 lugares, mais um do que a soma de unionistas e Podemos. A maioria absoluta parlamentar completa-se com a CUP (4 mandatos). O PP, com 4,2%, é a última força política do Parlamento da Catalunha.

Em 25 de março de 2018 a polícia alemã deteve o Presidente Puigdemont. Porém, a 5 de abril o Tribunal Superior estadual de Eslésvico-Holsácia rejeitou extraditar Puigdemont por rebeliom, o que excluiria um processo por esta acusaçom em caso de ser entregue a Espanha, alegando a ausência de violência ou de ameaça de violência apresentada na acusaçom da justiça espanhola. Pola sua vez, a justiça belga, britânica e suíça também deixam em liberdade os independentistas catalães refugiados naqueles países.

A 19 de abril de 2018 o Presidente Carles Puigdemont parabeniza Israel polo 70º aniversário da sua independência. "A vossa luta contra a adversidade e o vosso espírito de sacrifício ganhou o nosso respeito na Catalunha", frisou numha mensagem na rede social twitter. Em resposta, a CUP contestou as palavras do Presidente catalão alegando que "nom respeitamos a forma em que Israel ocupou, violou e assassinou o povo palestiniano. Nunca aceitaremos nengum estado de apartheid ou colonialista. É umha mágoa parabenizar a este racista, sionista e assassino Estado de Israel. Tem de ser condenado e sancionado".


Despois de várias tentativas, em 10 de maio de 2018 Quim Torra é indicado como candidato à Presidência do Governo catalão por Puigdemont. No dia 14 é eleito polo Parlamento catalão como 131º Presidente da Generalidade da Catalunha, tendo tomado posse no dia 17 de maio. Destarte, dava-se cabo da aplicaçom do artigo 155 que apagara o autogoverno catalão desde o 27 de outubro de 2017.

Em 1 de junho de 2018, com a aprovaçom da moçom de censura ao governo de Mariano Rajoy, Pedro Sánchez (PSOE) foi eleito presidente do Governo espanhol com 180 votos contra 169. A eleiçom do governo socialista, que apresentou um programa favorável à "normalizaçom politica" na Catalunha, só foi possível a teor do voto dos 17 representantes do independentismo catalão.


Em 5 de setembro de 2018, durante a celebraçom dumha nova ediçom do Festival da Inovaçom Tecnológica de Televive, um dos mais prestigiados do mundo em startups, trata à Catalunha como se fosse um país independente. Na ronda de apresentaçom das delegações internacionais assistentes ao evento a Catalunha é nomeada separadamente de Espanha. E entre as bandeiras, enquanto a catalã é colocada entre a do Canadá e Chile, espanhola aparece lado a lado da Coreia do Sul. 


A Catalunha fora tratada também como umha entidade independente de Espanha durante a primeira visita oficial do Presidente Pujol a Israel em maio de 1987.

Em 13 de setembro de 2018 a imprensa catalã informa, citando fontes do jornal espanhol ABC, que Israel poderia reconhecer Catalunha como Estado caso a Espanha reconhcer unilateralmente o da Palestina, na sequência da aplicaçom polo governo hebreu dos "princípios de reprocidade e simetria nas suas relações como melhor meio para ser respeitado". Segundo esse jornal, o reconhecimento da Palestina por parte do Reino de Espanha poderia ser umha realidade pola influência do partido Podemos no Governo socialista de Pedro Sánchez. Logo a seguir, a 21 de setembro de 2018 o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Emmanuel Nahshon, evita comentar se em caso de Espanha reconhecer de forma unilateral a Palestina como Estado, Israel irá reconhecer a Catalunha. "Nom comento especulações", diz à agência israelita JTA, sem se posicionar segundo informa o jornal Arutz Sheva.



Arutz Sheva lembra que um dos lobbies pró-israelitas mais importantes do Estado espanhol, ACOM, advertiu que Espanha estava a pressionar para que a UE reconhecesse o Estado da Palestina, especulando-se com um reconhecimento unilateral espanhol. Nessa hipótese, segundo a ACOM, entom caberia a possibilidade de que, em correspondência, Israel reconheceria a República da Catalunha.

O jornal israelita lembrou que o independentismo catalão colocara Espanha numha grande crise em outubro de 2017 e que a polícia espanhola "se enfrentou aos eleitores" num referendo sobre a independência que foi considerado ilegal. "O Parlamento aprovou depois umha moçom declarando a independência, embora o Governo central lançou umha advertência para desistir. E Madrid dissolveu o governo autonômico numha tentativa de bloquear a secessom".



(1) Investigador porto-riquenho especializado nas relações de Israel com o nacionalismo basco e catalão.

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