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domingo, 6 de janeiro de 2019

CHAVES

Cidade portuguesa da regiom de Trás-os-Montes erguida no vale do rio Tâmega.

À época da invasom romana da península Ibérica, os romanos construíram fortificações, aproveitando alguns dos castros existentes pola periferia. Tal era a importância desse núcleo urbano, que foi elevado à categoria de município no ano 79 d.n.e., advendo daqui a antiga designaçom Aquæ Flaviæ da atual cidade de Chaves, bem como o seu gentílico de flaviense. 

A partir do século III a chegada de Suevos, Visigodos e Alanos deu cabo da colonizaçom romana. O domínio bárbaro durou até que os mouros, oriundos do Norte de África, invadiram a regiom no início do século VIII.

Com os árabes, também o islamismo invadiu o espaço ocupado polo cristianismo, o que causou umha azeda querela religiosa e provocou a fuga das populações residentes para as montanhas a noroeste, com inevitáveis destruições. As escaramuças entre mouros e cristãos duraram até ao século XI. A cidade começou por ser reconquistada aos mouros no século IX, por D. Afonso, rei de Galécia-Leom que a reconstruiu parcialmente. Porém, logo depois, no primeiro quartel do século X, voltou a cair no poder dos mouros, até que no século XI, D. Afonso III, rei de Galécia-Leom, a resgatou, mandou reconstruir, povoar e cercar novamente de muralhas.

Já aqui prosperava umha importante Judiaria, cuja Sinagoga se situava num edifício entre a Travessa da Rua Direita, e a Rua 25 de Abril, onde se lê em antiga inscriçom na soleira da porta o nome "Salomom". O edifício existe, de grande portal encoberto e em degradaçom (aqui chamado "casa de rebuçados da espanhola"), em lugar cimeiro do típico casario das "muralhas novas". Porém, judiaria de Chaves ainda nom foi definitivamente localizada.

Em 1434 a comunidade de Chaves recebeu umha carta de privilégios e pagava à coroa umha taxaçom de 31.000 reis.

Depois da expulsom dos Judeus de Portugal existiu umha importante comunidade "Marrana" em Chaves.

Quando os Marranos de Portugal retomaram o contato com o judaismo no século XX, alguns cripto-judeus de Chaves regressaram ao judaismo. Em 1930 estabeleceu-se um comité de "Novos Judeus" comandado polo antigo marrano Augusto Nunes. Porém, com o estabelecimento da ditadura em 1932 a atividade judaica entre os marranos locais esmoreceu.

Em 25 de julho de 2013 foi apresentado mais um número da revista "Aqua Flaviae" subordinado à temática "A presença cristã-nova em Chaves no período filipino (1580-1640)" autoria de Jorge José Alves Ferreira. Este trabalho fornece umha valiosa informaçom sobre a presença da comunidade judaica em Chaves, retirando-a da penumbra para a tornar atrativa na sua Judiaria da zona histórica onde estaria localizada. Mais concretamente a investigaçom diz respeito a um conjunto de conhecimentos sobre a comunidade judaica de Chaves relativamente à localizaçom geográfica, ao Tribunal do Santo Ofício, à vivência quotidiana dos cristãos-novos, com destaque para práticas religiosas, teias relacionais, família ou mundo do trabalho.


Recentemente a câmara municipal de Chaves estabeleceu um protocolo com entidades israelitas para a fundaçom dum Centro de Estudos Judaicos do Alto Tâmega (CEJAT) que, desde 2015, dependente da Associação Rotary Club de Chaves, se dedica ao estudo da presença judaica nesta regiom transmontana.

Atualizaçom:
A partir do ciclo de investigações levadas a cabo polo historiador Jorge Alves Pereira e do referido CEJAT pudo-se localizar de delimitar a judiaria de Chaves na época medieval. 

Assim sendo, embora se desconheça a abrangência total da judiaria, esta localizar-se-ia na área da Rua Direita, Pr. da República, R. de Santa Maria, Rua do General Sousa Machado (antiga Rua Nova), R. do Poço, Largo do Cavaleiro,  R. Luís de Viacos, Rua do Postigo das Manas e Travessa das Caldas.

A partir da expulsom dos Judeus o arruamento onde se localiza a atual R. do General Sousa Machado passou a chamar-se Rua Nova em alusom à presença judaica existente nessa área, conservando este nome durante quase quatro séculos. Nela localizar-se-ia a escola de estudo das sagradas escrituras, célebre na comunidade científica dessa altura e que tornou a Chaves num centro de irradiaçom de cultura em nível regional.

Na judiaria de Chaves achar-se-ia também uma das capelas à que posteriormente se dirigiriam os cristãos-novos para fazer os seus rituais. Trata-se dum prédio que se distingue dos demais pola fasquia da sua fachada e existência dumha janela para permitir a entrada de luz. 
Edifício onde se localizaria a sinagoga de Chaves
O local da sinagoga de Chaves teria sido por embaixo deste edifício ou nas suas imediações.

A Rua de Luis de Viacos é a única que na toponímia flaviense alude à presença judaica.

Foi a partir de fontes indiretas que se pude delimintar a judiaria flaviense. Em documentos do Abade de Baçal refere-se que no Largo do Cavaleiro teria morado um fidalgo cavaleiro que foi representante das povoações de Chaves nas Cortes e que moraria "em frente da judiaria".

Na atualidade nom existe na toponímia de Chaves qualquer elemento que aluda à presença judaica ou cristã-nova apesar da importância da comunidade judaica para a defesa da cultura na cidade. De facto, com a publicaçom de Sacramental em 14 de abril de 1488, os judeus de Chaves contribuiram para a impresom do primeiro livro em língua portuguesa.


Em Monforte de Rio Livre, antiga vila localizada na atual freguesia de Águas Frias do município de Chaves e que foi sede de concelho até 1853, existem vestígios de presença judaica.

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