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sexta-feira, 12 de julho de 2024

PORQUE A MÍDIA IGNORA O CRIME DO HAMAS CONTRA PALESTINIANOS?

 Hamza Howidy

Desde o início da atual guerra entre Israel e o HAMAS, o HAMAS cometeu inúmeras atrocidades contra o seu próprio povo em Gaza. Isso era verdade mesmo antes da guerra. No entanto, dalgumha forma, apesar do facto de o HAMAS ter efetivamente sequestrado a Faixa de Gaza e todos os seus habitantes e o aterrorizado rotineiramente, estes crimes nunca são relatados polos meios de comunicaçom árabes ou ocidentais, nem polas organizações globais de direitos humanos, que tendem a retratar o HAMAS como um grupo de resistência legítimo que está a tentar “libertar” os palestinianos.

A mídia global reproduz a imagem do jihadismo palestiniano como se fosse um movimento de libertaçom nacional

Esta ausência dos crimes do HAMAS contra os palestinianos nos meios de comunicaçom social nom se deve à falta de provas. Muitos habitantes de Gaza manifestaram preocupações sobre a brutalidade deste regime, que testemunharam em primeira mão. E nom apenas testemunhado; tem havido muitos vídeos publicados em plataformas de redes sociais mostrando moradores de Gaza a criticar o HAMAS e culpar o HAMAS pola atual situaçom desastrosa em Gaza.

Sem dúvida, muitos civis foram mortos por ataques aéreos das FDI. No entanto, sempre que isso acontece, esses incidentes chegam às manchetes nos canais de comunicaçom social. Mas dalgumha forma, quando se trata dos crimes do HAMAS contra israelitas inocentes e habitantes de Gaza inocentes, todo o establishment mediático faz vista grossa, tentando apresentar umha narrativa enganosa a preto e branco sobre este conflito.


Porque?

Se o seu coraçom sangra por Gaza, porque é que nom se indigna com toda a violência que os habitantes de Gaza enfrentam –incluindo a violência do HAMAS?

A triste verdade é que, quando os israelitas nom estão envolvidos, ninguém está interessado em defender os direitos palestinianos com os quais afirmam se preocupar tão profundamente.

Nós, habitantes de Gaza, tentamos várias vezes retirar o HAMAS do poder. Em 2019 e em 2023, o povo de Gaza realizou marchas pacíficas contra o HAMAS; por este crime, fomos brutalmente agredidos por militantes do HAMAS. O HAMAS prendeu mais de 1300 manifestantes em cada protesto.

Eu era um deles. Fui pessoalmente preso polo HAMAS e torturado duas vezes, porque participei nestes protestos.

Portanto, sei em primeira mão que quando cidadãos comuns de Gaza como eu protestaram contra o HAMAS, nom houve atençom mediática. Nengumha organizaçom de direitos humanos exigiu a libertaçom de prisioneiros detidos durante meses nas prisões do HAMAS, para nom mencionar aqueles que foram torturados polo HAMAS e até mortos pelo HAMAS –como Issam Al-Saaffein, que foi morto sob tortura nas prisões do HAMAS.


Esta tendência continuou durante a guerra atual. Desde 7 de outubro, centenas de habitantes de Gaza foram mortos polas falhas dos foguetes do HAMAS. O HAMAS confiscou os alimentos, o combustível e os medicamentos enviados para Gaza e nom parou por aqui.

Ahmad Breka, de 13 anos, foi baleado na cabeça polo HAMAS em Rafah enquanto tentava recolher ajuda humanitária. 

Outros tiveram sorte porque foram meramente baleados nas pernas polo HAMAS enquanto tentavam apoderar-se de bens humanitários que o HAMAS roubou e manteve nas suas instalações.

Estes atos desumanos, juntamente com a agonia que os habitantes de Gaza têm sofrido desde outubro, levaram muitos a manifestarem-se novamente durante esta guerra. Eles manifestaram-se em Khan-Younis em frente à casa de Yahya Sinwar; outros protestaram no norte, pedindo que o HAMAS libertasse os cativos e cessasse a guerra. Eles receberam do HAMAS a mesma resposta que eu: foram alvejados.

E mais umha vez, os meios de comunicaçom social globais ignoraram largamente estes crimes.

A opressom do povo palestiniano sob o regime islamita do HAMAS é negligenciada nos mass media


Ousar levar comida no meio dumha guerra ou protestar contra o HAMAS nom é a única atividade pola qual o HAMAS nos persegue, habitantes de Gaza; tentar desempenhar qualquer papel na entrega desta ajuda aos necessitados, ou mesmo considerar desempenhar qualquer papel no dia seguinte à guerra, é suficiente para fazer com que qualquer pessoa seja condenada à pena de morte polo HAMAS.

Foi o que aconteceu ao líder da tribo Abu-Amro, juntamente com dous membros da sua tribo que foram mortos por militantes do HAMAS há poucos dias.

Há alguns meses, decapitaram o chefe dum clã no norte de Gaza e emitiram um comunicado nas redes sociais: “Nós o assassinamos e faremos o mesmo com qualquer um que se oponha a nós e coopere com Israel”.

Outros que criticaram publicamente o HAMAS durante a guerra foram dados como desaparecidos.

Além disso, muitos membros do Fatah foram colocados em prisom domiciliária polo HAMAS "por razões de segurança" e qualquer pessoa que saísse de casa era raptada. Foi o que aconteceu com Yossef Shahein de Gaza – mas os meios de comunicaçom globais e árabes nunca falaram sobre estes crimes.

A Al Jazeera, que emprega centenas de jornalistas em Gaza e tem vários escritórios lá, nunca noticia estes assassinatos.


Este terrorismo sistemático perpetrado polo HAMAS contra as principais tribos de Gaza e contra os dissidentes tem como objetivo minar o plano para Gaza quando a guerra terminar, o que envolverá necessariamente a capacitaçom da sociedade civil para gerir os assuntos civis em Gaza no futuro. O HAMAS planeia copiar o modelo talibã em Gaza depois da guerra, passando à clandestinidade e tentando lutar nas sombras. Eles esperam que isso os mantenha no poder para que possam continuar a aterrorizar tanto israelitas como palestinianos.

Pessoas inflamadas da propaganda jihadista saem às ruas para hastear a bandeira do HAMAS | PCO/Brasil

Onde está a indignaçom?

Este jornalismo tendencioso tem repercussões terríveis. Foi a razom do sucesso do HAMAS em silenciar a oposiçom em Gaza, e está a inflamar multidões globais que engolem a propaganda do HAMAS e vão às ruas hastear a bandeira do HAMAS, usar máscaras e gritar a favor dos terroristas, retratando enganosamente todos os habitantes de Gaza como membros do HAMAS que deseja continuar a viver sob o seu regime autoritário.

É um abandono horrível dos civis inocentes de Gaza. É claro que o sofrimento deles só importa quando pode ser atribuído aos Judeus.


Hamza Howidy é um palestiniano da cidade de Gaza. Ele é contador e defensor da paz.

Fonte: Newsweek

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