Neste dia de 1948 foi enforcado publicamente no Iraque o líder empresarial judeu de origem síria Shafiq Ades perante 12.000 espectadores, que entom abusaram do seu corpo. Sob acusaçom de vender armas a Israel e apoiar o Partido Comunista Iraquiano os seus bens foram confiscados e todos os Judeus foram demitidos de empregos públicos. Nessa altura o Iraque encetou a expulsom das comunidades judaicas desatando umha campanha limpeza étnica de todos os Judeus.
Shfiq Ades nasceu em 1900 numha família abastada baseada em Aleppo, na Síria. Ele migrou para o Iraque e estabeleceu-se em Bassora.
A sua principal atividade empresarial foi a criaçom e gestom da agência automóvel Ford no Iraque. Ele ainda fez parceria cum muçulmano chamado Naji Al-Khedhairi na compra de sucata de metal militar deixada no Iraque polo exército britânico, vendendo as peças inutilizáveis depois que as peças utilizáveis foram vendidas ao governo iraquiano. Envolvido com a concessom da Ford no país, Ades acumulou laços comerciais e pessoais com notáveis e funcionários iraquianos de alto nível e mesmo teve acesso ao regente, 'Abd al-Ilah. O homem da Ford no Iraque era em 1948 o judeu mais rico do pais. Ele foi descrito pelos historiadores como um “pragmático político” que “nom tinha tempo para mexer-se na política, muito menos na causa sionista”.
O processo
Em julho de 1948, o Iraque tornou o sionismo umha ofensa criminal. Quando preso, Ades foi acusado simultaneamente de ser sionista e comunista. A principal acusaçom contra ele era a de ter vendido armas a Israel. O tribunal militar acusador nom apresentou provas. Também lhe foi negado o direito a umha defesa adequada.
Com efeito, o tribunal militar acusou Ades de enviar carros para Israel, de doar dinheiro ao Partido Comunista Iraquiano e de apoiar os esforços militares de Israel, que nessa altura estava envolvido na Guerra de Independência. Ades foi condenado à morte e a pagar umha multa de 5 milhões de dinares. O resto das suas propriedades foram confiscados.
Os estudiosos Moshe Gat e Philip Mendes concluiram que Ades era claramente inocente segundo as seguintes evidências:
- Nengumha reclamaçom desse tipo foi apresentada contra o seu parceiro muçulmano ou contra muitos outros comerciantes de sucata.
- O julgamento durou apenas três dias e o réu nom foi autorizado a defender seu caso.
- Nengumha testemunha foi chamada.
- O julgamento-espetáculo foi presidido polo juiz Abdullah al-Naasni, membro do Partido Istiqlal, antijudaico e pró-nazista.
- Nengumha evidência concreta foi apresentada de que as armas foram enviadas da Itália para Israel.
A sua execuçom estava programada para ocorrer vários dias depois de ele ter sido considerado culpado. Embora centenas de Judeus tenham sido detidos naquele verão, Ades foi o único condenado a sentença de morte. Único judeu na sua organizaçom, ele também foi o único membro da sua empresa a ser punido polo crime polo qual a empresa foi condenada.
A execuçom
Após o julgamento-espetáculo, Ades foi enforcado em frente à sua casa recém-concluída em Bassora a 23 de setembro de 1948. Por volta de 12.000 espetadores vieram de todas as partes do Iraque para testemunhar o enforcamento do "traidor". As autoridades deixaram o seu cadáver na praça por horas e ele foi abusado polas multidões que comemoravam. Mona Yahya, que na época tinha família a morar no Iraque, escreveu mais tarde sobre o enforcamento que “multidões reuniram-se para assistir ao espetáculo e os seus aplausos incitaram o carrasco a repetir a apresentaçom.
No dia seguinte, as fotografias do enforcado cobriram as primeiras páginas dos jornais iraquianos. O seu pescoço estava quebrado, o seu cadáver pendia sobre umha poça de excremento. Ele foi chamado de de Serpente, Traidor, Espiom, Sionista, Judeu, enquanto o seu milionário património era apropriado polo Ministério da Defesa.
Consequências
A execuçom de Ades causou um choque profundo à comunidade judaica assentada do Iraque de tempos recuados. Como ele era um judeu assimilado e nom-sionista, o caso cortou significativamente o apoio à assimilaçom na sociedade iraquiana e aumentou o apoio à emigraçom como soluçom para a crise na comunidade judaica iraquiana. O sentimento geral da comunidade judaica era que se um homem tão bem relacionado e poderoso como Shafiq Ades pudesse ser eliminado polo Estado, outros Judeus estavam desprotegidos.
Os Arquivos Nacionais de Israel escreveram que depois de Ades ter sido enforcado sob falsas acusações, bem como outras repressões legais, entre as quais, proibições de viagens, “as perseguições fizeram com que muitos Judeus cruzassem secretamente a fronteira para o Irão e de lá escapassem para Israel.”
Após a execuçom, em outubro de 1948 todos os Judeus foram demitidos dos seus empregos públicos no estado iraquiano, totalizando cerca de 1.500 pessoas.
Os bens confiscados ao ramo egípcio da sua família foram avaliados em mais de 1,4 milhões de libras egípcias. A maior parte dos bens confiscados foi através da David Ades & Son, que operava no Cairo e em Alexandria. A propriedade privada da família também foi confiscada polo governo iraquiano. Em 2001 umha loja infantil com o nome Ades continuava a funcionar no Cairo sob propriedade do governo iraquiano.
Hoje em Israel existem ruas com o nome de Ades nas cidades de Ramla, Petah Tikva e Herzelia.
Fonte: Wikipedia (traduçom livre para o galego-português por CAEIRO)
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