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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A UNIVERSIDADE DE SANTIAGO ANULA UM CURSO QUE COMPARA GAZA E AUSCHWITZ

 César Domínguez, professor de literatura comparada na Universidade de Santiago de Compostela (USC), vinha oferecendo desde há anos um programa de estudo de 6 créditos ECTS sob o título "Holocausto". Porém, para o ano 2021-22, decidiu modificar o programa com um novo título: AUSCHWITZ/GAZA: UN CAMPO DE PROBAS PARA A LITERATURA COMPARADA (Auschwitz/Gaza: A testing ground for comparative literature).

Como se o extermínio de 6 milhões de Judeus polo nazismo na Shoah fosse comparável ao conflito israelo-palestiniano, logo a seguir desataram-se as reações e denúncias públicas de banalizaçom do Holocausto por parte de pessoas e de entidades em defesa da cultura judaica e de Israel.

A primeira, a Associaçom Galega de Amizade com Israel (AGAI), publicava um comunicado às 21h do día 20 de agosto acusando o professor e a Universidade de Santiago de Compostela de banalizarem da Shoah e atentarem contra a definiçom do antissemitismo da Aliança Internacional para a Lembrança do Holocausto (IHRA). 

Segundo o comunicado da AGAI o título do curso visa "estabelecer comparações entre a política atual de Israel e a dos nazistas", alegando que "embora nos diferentes organismos internacionais e a comunidade académica seja maioritariamente consensual considerar como umha forma certa de antissemitismo contemporâneo a banalizaçom do Holocausto e, entre as quais, a comparaçom do genocídio judeu com o conflito israelo-palestiniano, a Universidade de Santiago de Compostela decidiu levar a cabo a ignomínia de convertê-la em matéria". A AGAI denuncia que dito curso "segue a esteira, tornando esta ferinte trivializaçom do Holocausto nom apenas num insulto às vítimas do maior crime jamais cometido, mas também num insulto à ingeligência e umha vergonha para a Galiza".

Com certeza, como referido polo prof. Carlos Barros, desde os tempos mais recuados da Idade Média, a diferença doutras nações europeias, a Galiza foi um oásis numha conjuntura em que alastrava o antissemitismo e a violência contra os Judeus. Na Idade Moderna a sociedade galega foi contrária à implementaçom na Galiza da Inquisiçom espanhola, umha instituiçom colonial introduzida da mão do imperialismo castelhano.

A denúncia logo alastrou polas redes sociais. Assim sendo, Pilar Rahola, reconhecida jornalista e vulto do movimento independentista catalão, tuitou a 22 de agosto que se tratava dum "curso inteiro dedicado a umha banalizaçom ignominiosa da Shoah. Gravíssimo ato antissemita da Universidade de Santiago de Compostela". Houve mais reações, entre as quais, de Mario Sinay, especialista em educaçom do Holocausto, quem confirmou estarmos "perante umha banalizaçom certa da Shoah".

No dia 23 o diretor de relações internacionais do Centro Simon Wiesenthal, Dr. Shimon Samuels, encaminhava umha carta ao ministério espanhol das universidades denunciando que "nem o título nem o conteúdo esperado som umha questom de liberdade de expressom, mas dumha banalizaçom da Shoah, que pode incitar ao ódio e à violência contra os Judeus de hoje", acrescentando que se tratava "dum insulto aos republicanos espanhóis deportados nos campos da morte nazistas". A carta concluia que, embora "a banalizaçom da Shoah mostre a ignorância do público; porém, num campus universitário, é claramente um exercício de incitaçom ao ódio".

No dia 24 de agosto às 19h a AGAI comunicava que, após os contatos e conversas mantidas com a Reitoria e Decanato da Faculdade de Filologia da USC, o professor César Domínguez decidira cancelar a celebraçom do curso. A decisom era confirmada no dia depois numha nota de opiniom publicada em Ctxt polo coordenador do seminário.

Na sua nota, a Junta Diretora da AGAI exprimiu o seu agradecimento sincero "a todos e todas os que colaboraram para procurar evitar que na histórica Universidade da capital da Galiza se consumasse a realizaçom dum evento que apenas redundaria no descrédito para o velho nome de Santiago".

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