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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

PRESENÇA JUDAICA NO GABINETE PRESIDENCIAL DE JOE BIDEN

 Nos Estados Unidos da América existe nos últimos tempos um confronto entre o globalismo e a deglobalizaçom. O confronto foi democrático até o passado 6 de janeiro em que as hostes empolgadas polo presidente derrotado D. Trump (Partido Republicano) atacaram o Capitólio enquanto tinha lugar a reuniom do Congresso Pleno para ratificar a vitória eleitoral de Joe Biden (Partido Democrata). A partir da derrota eleitoral, Donald Trump fez acusações infundadas de fraude eleitoral, moveu vários processos em cortes de diversos estados para desafiar os resultados das urnas e ordenou que oficiais da Casa Branca e do seu governo nom cooperassem com a transiçom presidencial.

Horas despois do assalto ao Capitólio, 121 representantes e 6 senadores/as do Partido Republicano votaram em favor de reverter o voto popular para que Trump continuasse no poder.

Em 13 de janeiro de 2021, umha semana antes da data prevista para deixar o cargo, Trump sofreu novamente um impeachment pola Câmara dos Representantes (232 votos favoráveis, entre os quais 10 congressistas republicanos contra 197), sendo acusado de incitaçom à sediçom por causa da invasom do Capitólio polos seus apoiadores mais extremistas. Assim ele tornou-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a sofrer dous processos de impeachment.

Globalismo face protecionismo
A vitória do candidato democrata representa a retomada da sociedade económico sino-americana da globalizaçom. Entre 1992 e 2016 a essência sistémica da globalizaçom alicerçou-se na sociedade económica entre os Estados Unidos da América e a China. Este período caracterizar-se-ia polos seguintes elementos:

- China é adminitida como economia de mercado na OMC

- As multinacionais ocidentais instalam-se na China para incrementar os seus lucros explorando mão-de-obra barata, dando cabo do modelo fordista, com base no mercado interno, no qual o operariado devem ser capazes de consumir os bens que produzem.

- As multinacoinais instaladas na China vendem a sua produçom nos países ocidentais a consumidores com alto nível de ingressos, contribuindo para a dualizaçom dessas sociedades por causa do empobrecimento do antigo operariado industrial, agora desempregado pola migraçom/delocalizaçom das indústrias à China.

- China avança rapidamente na sua industrializaçom, urbanizando centenas de milhões de camponeses e acumulando um imenso superávit da balança comercial em dólares.

- A Reserva Federal lideriza a injeçom mundial multibilionária de dinheiro para financiar a expansom do mercado globalizado sem importar-se com as bolhas financeiras.

- A maior parte do superávit comercial chinês deve regressar aos EUA financiado o défice fiscal norte-americano através da compra maciça de títulos de dívida do Tesouro.

- As multinacionais multiplicam os seus lucros com o aumento do preço das suas ações graças ao gigantesco aumento da liquidez monetária global (gerando bolhas especulativas).

Esta sociedade econômica sino-americana da globalizaçom gerou dous “danos colaterais”. Por um lado, os setores sociais dos EUA e outros países centrais que resultaram perdedores da globalizaçom, gerarom eleitorados "nacionalistas" que reclamaram voltar à situaçom anterior (Make America Great Again). Por outro lado, a política industrial chinesa nom se limitou à tecnologia importada, mas desenvolveu a sua própria tecnologia, chegando a superar com o 5G à tecnologia ocidental.

Estes fenômenos explicam a chegada ao poder do empresário Donald Trump e a sua estratégia de deglobalizaçom, movendo a frente principal da guerra mundial da hegemonia geopolítica no Mediterrâneo e Próximo Oriente (através da guerra militar com a Rússia) para a hegemonia tecnológico-comercial (através da guerra comercial com a China).

A crise da Covid-19

Neste contexto surgiu a pandemia do coronavirus. Em vez de ter sido umha catapulta formidável para a estratégia de deglobalizaçom trumpista, o presidente Trump foi o mais prejudicado polos efeitos nacionais da Covid-19. Assim sendo, Trump reagiu de forma lenta a pandemia: minimizou a ameaça do vírus, ignorou ou contradisse muitas recomendações de funcionários da área de saúde pública e mesmo promoveu informações falsas sobre tratamentos nom comprovados e a disponibilidade de testes. 

Além disso, durante o período trumpista a extrema-direita conseguiu que o sistema democrático dos EUA rebente: quer polo alinhamento do Partido Republicano (GOP) com as suas teses, processo que Trump acelerou com notável sucesso; quer pola aniquilaçom do bipartidismo rachando o GOP, fagocitando o seu espaço político e empurrando a left-wing dos democratas a reacionar proporcionalmente dentro do seu espaço.

Início dumha nova etapa

Quando Joe Biden fizer o juramento de posse na quarta-feira 20 de janeiro ele começará a reformular o tom e as prioridades do próprio gabinete da presidência. Antes da tomada de posse o presidente eleito anunciou um dos pacotes mais ambiciosos da história do EUA focado em resolver as crises de saúde e econômica provocadas pola pandemia e o desleixo do governo Trump.

O pacote do novo governo inclui um auxílio emergencial de 2000$, o aumento do seguro-desemprego para 400 dólares semanais, 400 bilhões para testes e vacinas, 1 trilhão para famílias/indivíduos, 440 bilhões para comunidades e pequenos negócios, 100 milhões de doses da vacina aplicadas nos primeiros 100 dias de governo, contrataçom de 100 mil funcionários da saúde para vacinaçom, apoio do governo para famílias de baixa e média renda conseguirem pagar o aluguel de suas casas, 3 bilhões de dólares para mulheres e crianças terem o que comer e apoio especial para restaurantes, bares e outros negócios desproporcionalmente afetados pela pandemia. 

Este leque medidas, chamadas de "pacote Biden", será enviado ao Congresso assim que ele assumir o governo. O Partido Democrata controlará tanto a Câmara quanto o Senado.

Presença judaica no Gabinete Biden

A seguir mostram-se os membros do Gabinete dos Estados unidos do governo de Joe Baiden que assumirám os cargos depois que o presidente eleito tomar posse em 20 de janeiro de 2021.

Desde que confimados polo Senado, a equipa de governo estará formada por cinco Judeus ocupando um lugar proeminente nos postos de Secretário de Estado (Antony Blinken), Secretária do Tesouro (Janet Yellen), Procurador-Geral (Merrick Garland) e Secretário de Segurança Interna (Alejandro Mayorkas). 

Antony John Blinken (Nova Iorque, 1962) é um oficial do governo americano e diplomata formado nas universidades de Harvard e Columbia. Sob o presidente Barack Obama atuou como Assessor Adjunto de Segurança Nacional (2013-15) e Secretário de Estado Adjunto dos EUA (2015-17). 

Durante a administraçom Clinton (1992-2001), Blinken serviu no Departamento de Estado e em cargos importantes na equipa do Conselho de Segurança Nacional. Ele também foi membro sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (2001–2002), Diretor da Equipa Democrática do Comité de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos (2002–2008) e membro da transiçom presidencial Obama–Biden, ativo de novembro de 2008 a janeiro de 2009. De 2009 a 2013, Blinken atuou como assistente adjunto do presidente e conselheiro de segurança nacional do vice-presidente Joe Biden.

Filho de pais judeus Judith (Frehm) e Donald M. Blinken, embaixador dos EUA em Hungria (1994-97). Em 1971 mudou-se para Paris com a sua mãe divorciada e o seu novo marido, o advogado Samuel Pisar, sobrevivente dos campos de Auschwitz e Dachau na Shoah. Os seus avós maternos eram judeus húngaros. Um tio de Blinken, Alan Blinken, foi embaixador em Bélgica (1993-97). É bisneto de Meir Blinken, um autor judeu-americano nascido no Império russo que realizou a sua obra em iídiche entre 1904-15.

Janet Louise Yellen (Nova Iorque, 1946) é umha economista e professora formada nas universidades de Brown e Yale. Durante a administraçom Obama foi eleita vice-presidenta da Reserva Federal (2010-14) e presidenta da Reserva Federal dos EUA (2014-2018). Nasceu numha família judia de Brooklyn (Nova Iorque) filha de Anna (nascida Blumenthal) e do médico Julius Yellen.

Merrick Brian Garland (Chicago, 1952) é um juiz federal americano desde 1997, presidente da Corte de Apelações para o Circuito do Distrito de Colúmbia formado em direito na Universidade de Harvard. A sua mãe Shirley (nascida Horwitz) foi diretora de serviços de voluntariado do Conselho de Idosos Judeus de Chicago (agora chamado CJE SeniorLife). O pai dele, Cyril Garland, chefiava a Garland Advertising, umha pequena empresa familiar. Nascido numha família judia, Garland foi criado no judaísmo conservador. Os seus avós deixaram o Pale of Settlement dentro do Império Russo no início do século XX, fugindo de pogroms antissemitas e buscando umha vida melhor para os seus filhos nos Estados Unidos.

Alejandro Mayorkas (Havana, 1959) é um advogado formado na Universidade de California, Berkeley e Loyola Law School. Teve responsabilidades na administraçom Clinton e Obama(2009-14). O seu pai era um judeu cubano de origem sefardita que possuía umha fábrica siderúrgica em Havana. A sua mãe era uma judia romena cuja família escapou da Shoah e fugiu para Cuba na década de 1940. Em 1960 a Revoluçom Cubana marcou a segunda vez que os seus pais se viram forçados a fugir dum país que considerava o seu lar.

A pessoa escolhida para Chefe de Gabinete, autoridade do governo encargado de comandar o Gabinete Executivo do Presiente e o Gabinete da Casa Branca, é Ron Klain. Por ser umha posiçom de alta relevância, recebe o epíteto de "segundo homem mais poderoso de Washington".

Ronald A. Klain (Indianapolis, 1961) é um consultor político, ex-lobista, político e advogado. membro do Partido Democrata, foi chefe de gabinete de dous vice-presidentes dos EUA: Al Gore (1995-99) e Joe Biden (2009-11). Entre 2014-15 foi nomeado por Barack Obama para servir como Coordenador de Respota ao Ébola da Casa Branca.

Os seus pais som Stanley Klain, um empreiteiro, e Sarann ​​Warner (nascida Horwitz), umha agente de viagens. Klain é judeu e formou-se nas universidades de Georgetown e Harvard.

ATUALIZAÇOM | 24/01/2021

O Conselho Democrata Judeu da América (JDCA), também conhecido como Jewish Dems, umha organizaçom que se define como a voz dos Democratas Judeus socialmente progressista, pró-Israel e dos valores judaicos" deu a conhecer hoje os democratas judeus que estám a "trabalhar por restaurar a alma da nossa naçom" no governo de Joe Biden.



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