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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

NAZISTAS, JIADISTAS E O ÓDIO DO JUDEU

David Patterson

Na véspera de seu suicídio, Adolf Hitler lançou um apelo à humanidade para continuar a "resistir impiedosamente ao envenenador de todas as nações, a Judiaria internacional". [1] Aqueles que mais fervorosamente prestaram atençom a esse chamado nom foram os neonazistas, mas os jiadistas islâmicos. A ligaçom entre o nacional-socialismo e o jiadismo islâmico remonta Hasan al-Banna, o fundador da Irmandade Muçulmana em 1928, o grupo que geraria a maioria dos principais movimentos jiadistas do nosso tempo. Os slogans exaltando os nazistas faziam parte da campanha de propaganda da Irmandade durante a Revolta Árabe Palestiniana de 1936-39, que foi instigada por Amin al-Husayni, o Mufti de Jerusalém, com o apoio financeiro dos nazistas. [2] Em abril e maio de 1938, a Irmandade liderou manifestações violentas contra as comunidades judaicas egícias. Em outubro de 1938 eles hospedaram a Conferência Parlamentar dos Países Árabes e Muçulmanos no Cairo, onde distribuíram traduções árabes de "Mein Kampf" e "Os Protocolos dos Sábios de Siom".

Com o início da guerra na Europa, os membros da Irmandade tornaram-se ainda nos mais ávidos defensores dos nazistas. Em 1945 eles converteram-se num híbrido de nazismo e do islamismo para formar o jiadismo islâmico, tornando o extermínio dos Judeus nom apenas um objetivo político ou territorial, mas um elemento definidor de sua cosmovisom: nom se podia fazer parte da Irmandade ou de qualquer outro grupo islâmico jihadista, assim como nom se podia ser um nazista, sem defender o extermínio dos Judeus. Quando, em 20 de junho de 1946, o rei Farouk concedeu asilo a al-Husayni, agora procurado como criminoso de guerra nazista, al-Banna aplaudiu a decisom, declarando que "em Berlim, ele [al-Husseini] realizara pura e simplesmente a jihad [como os nazistas tinham feito]." [3] O Mufti assim tornou-se numa fonte de inspiraçom para os jiadistas pola sua identificaçom ao extermínio dos Judeus pelos nazistas. Em al-Husayni, entom, existe umha chave importante para as ligações entre nazistas, jiadistas e o ódio aos Judeus.

Em 8 de maio de 1921, o governador do Mandato Britânico sobre a Palestina, Herbert Samuel, nomeou Amin al-Husayni como Grande Mufti de Jerusalém. Dous meses após a nomeaçom de Hitler como Chanceler da Alemanha em 30 de janeiro de 1933, Al-Husayni teve seu primeiro encontro com o Cônsul geral alemão Heinrich Wolff em Jerusalém. A revolta árabe de Al-Husayni "ocorreu no contexto da suástica: folhetos árabes e sinais nas paredes estavam proeminentemente marcados com este símbolo nazista; as organizações juvenis... desfilaram como "nazistas-escoteiros" e crianças árabes cumprimentavam-se com a saudaçom nazista". [4] Em 2 de outubro de 1937, al-Husayni encontrou-se com Adolf Eichmann na Palestina. Em 13 de outubro, ele fugiu da Palestina, procurado por incitar o levante contra o governo do Mandato britânico. Dous anos mais tarde, agora financiado pola Alemanha nazista, ele montou sua base de operações em Bagdá. Num memorando datado de 5 de fevereiro de 1941, o Alto Comando da Wehrmacht assegurou a al-Husseini que a Alemanha podia prometer "tudo o que [os árabes] queriam" na soluçom da questom judaica na Palestina". [5] Em 3 de abril de 1941, orquestrou um golpe nazista contra o governo iraquiano, com o qual rebentou a matança de 600 Judeus em Bagdá; 911 casas foram destruídas e 586 empresas saqueadas. [6] O golpe falhou, entretanto, e algumas semanas mais tarde o Mufti apareceu em Berlim.
Amin al-Husayni, durante encontro com Hitler em novembro de 1941
Depois do seu encontro inicial com o Führer em 28 de novembro de 1941, ele registou no seu diário a teimosia de Hitler em que os nazistas e os Árabes estavam envolvidos na mesma luta, isto é, exterminar os Judeus. Os nazistas deram a al-Hussein seis estações de rádio para espalhar a sua propaganda ao mundo árabe. Nas suas transmissões ele repetidamente exortava o muçulmanos para matar os Judeus em todos os lugares. Em 11 de dezembro de 1942, ele fez um apelo ao "martírio" como aliados da Alemanha na guerra contra os Ingleses e os Judeus. "O sangue derramado dos mártires", gritava ele, "é a água da vida" e, se a Inglaterra e os seus aliados ganharem a guerra, "Israel governará o mundo inteiro"; se os nazistas ganhassem, "o perigo judeu" seria derrotado. [8] Naturalmente, ele fez mais do que transmissões de rádio: já em janeiro de 1941, Al-Husseini deslocara-se a Bósnia para convencer os líderes muçulmanos de que umha divisão das SS muçulmana traria glória ao Islã. Dalin e Rothman estimam que ele recrutou até 100.000 muçulmanos para lutar pelos nazistas. [9] A maior das unidades de matança muçulmanas foi a 13ª Divisom de Montanha da Waffen SS Handschar de 21.065 homens. Entraram em açom em fevereiro de 1944. [10] Depois da guerra, "a sua associaçom com o Eixo contribuiu para melhorar, em vez de destruir, o seu halo" no mundo muçulmano. [11] Em 1946 abraçou Yasser Arafat, futuro chefe da OLP, como o seu protegido e trouxe um ex-oficial nazista para o treinamento militar do seu sobrinho Arafat.
al-Husayni passa em revista tropas de voluntários muçulmanos da SS (nov 1943)
As sementes plantadas durante o reinado do Terceiro Reich cresceram em todo o mundo jiadista. "Em 1969", por exemplo,"a OLP recrutou dous ex-instrutores nazistas, Erich Altern, líder da seçom de assuntos judaicos da Gestapo, e Willy Berner, que era oficial da SS no campo de extermínio de Mauthausen. Um outro ex-nazista, Johann Schuller, forneceu armas a Fatah". [12] Abraçando a ideologia de Hitler, o Dr. Yahya al-Rakhawi escreveu no jornal egípcio Al-Ahrar em 19 de julho de 1982: "Esse grande homem Hitler, deus tenha misericórdia dele... que, por compaixom pola humanidade, tentou exterminar todos os Judeus" [13]. O estudioso egípcio Ahmad Ragab expressou a única reserva que os Árabes muçulmanos parecem ter sobre Hitler: "Agradecemos ao falecido Hitler, quem operou, antecipadamente, a vingança dos Palestinianos sobre os vilões mais desprezíveis na face da terra. No entanto, repreendemos Hitler polo facto de a vingança ter sido insuficiente". [14] Assim sendo, os intelectuais árabes -e nom apenas as massas muçulmanas "pobres"- adotam a linha ideológica do Führer sobre a "natureza" do judeu. Muito mais do que uma questom de raça, é uma questom de essência. E a essência nom pode ser alterada nem redimida.

Os jiadistas também aprenderam a liçom de Hitler de que "algo da mentira mais insolente sempre permanecerá e ficará", [15] acusando os Judeus de tudo, desde o libelo de sangue até à conspiraçom secreta para dominar o mundo. Num seminário da ONU sobre tolerância religiosa, o representante saudita Dr. Maruf al-Dawalibi, por exemplo, afirmou: "Se um judeu nom beber todos os anos o sangue dum homem nom-judeu, entom ele será condenado por toda a eternidade" [16]. O Grande Xeque da Universidade Al-Azhar, Muhammad Sayed Tantawi, sustenta que os Judeus estavam por trás das revoluções francesa e russa e ambas as guerras mundiais, que eles controlam os meios de comunicaçom do mundo e a economia mundial, que eles tentam destruir a moralidade ou que eles criam bordéis em todo o mundo. Noutras palavras, os Judeus estám por trás de todo mal que ameaça a sociedade [17]. "Nos olhos islâmicos", diz Küntzel, "nom é que tudo o que for judeu é mal, mas que todo o mal é judeu". [18] É por isso que os Judeus devem ser odiados e finalmente exterminados: é umha necessidade moral e religiosa. Assim como a guerra nazista contra os Judeus, a guerra jiadista contra os Judeus é muito mais do que umha guerra contra a "entidade sionista". Transcendendo contingências políticas ou questões de bodes expiatórios, é umha guerra metafísica. Assim, em 17 de janeiro de 2009, na televisom egípia Al-Rahma, Muhammad Hussein Yaqoub declarou: "Se os judeus nos deixassem a Palestina, começaríamos a amá-los?... Eles som os nossos inimigos nom porque ocuparam a Palestina. Eles teriam sido os nossos inimigos mesmo que nom ocupassem nada... A nossa luta com os Judeus é eterna..., até que nengum judeu ficar na face da Terra" [19], - isto é em nome de Deus.

Se a Bíblia Jiadista é o Alcorám e nom o "Mein Kampf", entom o mal Jihadista transcende o mal nazista, na medida em que o Alcorám é a Escritura, umha revelaçom de deus, e nom apenas os pronunciamentos do Führer. Estabelecendo umha base bíblica para as suas ações, os jiadistas podem justificar qualquer açom. Eclipsando deus, os nazistas eclipsam a proibiçom absoluta contra o assassinato imposta do além, de modo que a vontade interior e a imaginaçom de dentro colocavam os únicos limites das suas ações. Em contraste, ao apropriar-se de deus, os jiadistas apropriam-se da autoridade para impor o que eles determinaram ser a vontade de deus, o que nom é umha questom de vontade humana, mas umha obrigaçom absoluta. Entre os estudiosos e intelectuais de hoje o silêncio sobre essas ligações é esmagadora. Muito antes da queixa de John Kerry relativamente a que os meios de comunicaçom som os culpados polo problema terrorista porque falam nele e chateam as pessoas [20], a maioria dos estudiosos do mundo tem ficado calado sobre as ligações entre o nacional-socialismo e o jiadismo islâmico. A ligaçom mais fundamental acha-se no antissemitismo exterminacionista que impulsiona ambos. Até nomearmos o Jiadismo Islâmico e entendermo-lo nos termos desta forma de antissemitismo, seremos impotentes para lidar com ele.

Notas

[1] Citaçom em David Welch, Hitler (London: UCL Press, 1998), 97.

[2] Conferir Ziad Abu-Amr, Islamic Fundamentalism in the West Bank and Gaza: Muslim Brotherhood and Islamic Jihad (Bloomington: Indiana University Press, 1994), 1.

[3] Matthias Küntzel, Jihad and Jew-Hatred: Islamism, Nazism and the Roots of 9/11, trans. Colin Meade (New York: Telos Press, 2007), 46.

[4] Matthias Küntzel, “National Socialism and Anti-Semitism in the Arab World,” Jewish Political Studies Review (17, Spring 2005): http://www.jcpa.org/phas/phas-kuntzel-s05.htm.

[5] Lukasz Hirszowicz, The Third Reich and the Arab East (London: Routledge & Kegan Paul, 1966), 122.

[6] Conferir Bernard Lewis, Semites and Anti-Semites: An Inquiry into Conflict and Prejudice (New York: W. W. Norton, 1999), 158.

[7] Joseph B. Schechtman, The Mufti and the Fuehrer: The Rise and Fall of Haj Amin el-Husseini (New York: Thomas Yoseloff, 1965), 306.

[8] Jeffrey Herf, The Jewish Enemy: Nazi Propaganda during World War II and the Holocaust (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 2006), 173.

[9] David G. Dalin and John F. Rothman, Icon of Evil: Hitler’s Mufti and the Rise of Radical Islam (New York: Random House, 2008), 55.

[10] Jeffrey Herf, Nazi Propaganda for the Arab World (New Haven, Conn.: Yale University Press, 2009), 201.

[11] Schechtman, 182.

[12] Dalin and Rothman, 134-35.

[13] Lewis, 232.

[14] Citaçom em Serge Trifkovic, The Sword of the Prophet: Islam: History, Theology, Impact on the World (Boston: Regina Orthodox Press, 2002), 188.

[15] Adolf Hitler, Mein Kampf, trans. Ralph Manheim (Boston: Houghton Mifflin, 1971), 232.

[16] Conferir Lewis, 194.

[17] Conferir Küntzel, Jihad and Jew-Hatred, 94.

[18] Ibid., 5.

[19] Muhammad Hussein Yaqoub, “We Will Fight, Defeat, and Annihilate Them,” Al-Rahma TV, 17 January 2009, http://memri.org/bin/latestnews.cgi?ID=SD227809.

[20] Katie Pavitch, “John Kerry: You Media People Should Stop Reporting on Terrorism So People Don’t Know What’s Going On,” Townhall, 30 August 2016, available at http://townhall.com/tipsheet/katiepavlich/2016/08/30/john-kerry-you-media-people-should-stop-reporting-on-terrorism-n2211810.

Fonte: ISGAP, traduzido livremente para o galego-português por CAEIRO.

David Patterson tem a cátedra Hillel A. Feinberg em Estudos sobre o Holocausto no Centro Ackerman de Estudos sobre o Holocausto na Universidade do Texas em Dallas. Ele é o Series Editor da Série de Antissemitismo para a Academic Studies Press, bem como o coeditor, com John K. Roth, da Weinstein Series nos Estudos sobre o Pós-Holocausto na Universidade de Washington Press. Vencedor do National Jewish Book Award e do Koret Jewish Book Award, ele publicou mais de 35 livros e mais de 200 artigos, ensaios e capítulos de livros. Os seus livros mais recentes incluem "The Holocaust and the Non-Representable" (em breve), "Anti-Semitism and Its Metaphysical Origins" (2015); "Genocide in Jewish Thought" (2012) e "A Genealogy of Evil: Anti-Semitismo from Nazism to Islamic Jihad" (2011).

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