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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ALENQUER

Vila portuguesa pertencente à regiom da Estremadura, com cerca de 10.800 habitantes.

Em 1212 Alenquer é entregue a D. Sancha, filha d'el-rel D. Sancho, que no mesmo ano lhe atribui foral. D. dinis concederá novo foral em 1302, reformado em 1510 por D. Manuel.

O topónimo «Judiaria» resistiu em Alenquer ao passar dos séculos e continua 
a identificar o bairro judeu inserido na zona histórica da vila. GoogleEarth
Durante a Idade Média viu assentar a primeira comunidade judaica. Esta enraizou-se numha zona do centro histórico que ainda hoje preserva os nomes de Rua, Travessa e Beco da Judiaria.


Rua da Judiaria de Alenquer. GoogleMaps
Travessa da Judiaria de Alenquer. GoogleMaps
Beco da Judiaria de Alenquer. GoogleMaps
O historiador local, Guilherme Henriques, refere-se ao bairro judeu de Alenquer nestes termos: «No fim da rua dos Muros, próximo à Porta de Nossa Senhora da Conceição, existem uns quintais e casas arruinadas denominados ‘a Judiaria’. Era aqui o bairro particular dessa raça laboriosa e proscrita […] e o facto dele ficar reduzido a quintais foi, provavelmente, pela repugnância que os cristãos sentiam de habitar as casas que tinham servido a este povo perseguido e desprezado.»
Arruamentos da Judiaria de Alenquer. GoogleMaps
Na altura de 1442 apontam-se 18 judeus moradores na vila, número que talvez corresponda apenas aos chefes de família, podendo englobar as 90 pessoas. Considerados culpados de incendiarem a vizinha Igreja da Várzea, os Judeus de Alenquer terám sido expulsos da vila no final do século XV, nom sem antes terem sido condenados a reedificar o templo.

Os ofícios mais correntes destes correspondiam ao que era normal noutras comunas: alfaiates, ferreiros, sapateiros e diversos artesãos. Existem dados históricos que comprovam a força económica dos Judeus de Alenquer, já que chegaram a contribuir com umha das mais elevadas taxas (impostas) para o reino superando as comunas de Santarém, Leiria, Torres Novas, Abrantes, Lamego, Porto, Ponte de Lima, Tomar, Setúbal ou Coimbra e sendo apenas superada polas de Lisboa, Beja, Guarda e Moncorvo.


Alenquer é a terra de Damião de Góis, que, nom sendo judeu, foi umha das mais famosas vítimas da Inquisiçom. Teve dous processos e foi por isso preso (1571). Este humanista e historiador, grande personalidade do renascimento chegou a ser nomeado guarda-mor dos Arquivos Reais da Torre do Tombo. Em 1560 mandou restaurar a Igreja de Stª. Maria da Várzea, local que preparara para o receber após a morte (1574). Em meados do séc. XX, a capela com o seu túmulo foi trasladada para a Igreja de S. Pedro.

O cemitério (autónomo do cristão) da comunidade situava-se muito perto desta Igreja da Várzea, também extramuralhas e no local onde no princípio do século XIX  veio a ser construída a hoje virtual Real Fábrica do Papel. Adro dos Judeus era o nome polo qual esta zona era conhecida no séc. XV.

A teor da presença de comunidades judaicas na zona histórica da vila, o município de Alenquer aderiu à Rede de Judiarias de Portugal – Rota Sefarad, com o objetivo de reabilitar o património relacionado com a herança judaica e de estabelecer políticas de promoçom turística e cultural entre as entidades aderentes.




Travessa da Judiaria de Alenquer (à direita, Rua da Judiaria).
GoogleMaps


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