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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

PERSISTE BLOQUEIO EM ISRAEL APÓS SEGUNDAS ELEIÇÕES


Pola segunda vez no mesmo ano Israel foi a eleições legislativas no passado 17 de setembro. A convocatória antecipada de novas eleições foi causada pola incapacidade do líder do Likud e primeiro ministro, Benjamin Netanyahu (no poder desde 2009), de formar a coaligaçom de governo com os seus aliados tradicionais (Shas, Israel Nossa Casa, Judaísmo da Torá e Direita Unificada) no prazo marcado polo presidente israelita Reuven Rivlin.

O principal ponto de desacordo nas negociações e que impediu o acordo foi a exigência do partido Israel Nossa Casa (Yisrael Beitenu), partido comandado por Avidgor Lieberman (da minoria russa), de aplicar a nova lei de serviço militar que estabelece o recrutamento, como o resto da sociedade civil, da minoria religiosa. Sem chegar a acordo com os partidos religiosos, fortemente contrários à lei do recrutamento, e logo após a rejeiçom, quer de trabalhistas, quer dos liberais do Azul e Branco, a 29 de maio o primeiro-ministro viu aprovar a dissoluçom do Parlamento (Knesset) e assim provocar eleições antecipadas que foram marcadas para 17 de setembro. Enquanto os trabalhistas rejeitaram qualquer acordo com a direita, os centristas de Azul e Branco rejeitaram coaligar-se com Netanyahu visto os casos judiciários por corruçom que afetam o líder do Likud.

Com 100% dos votos apurados, a coaligaçom liberal Azul e Branco foi a candidatura mais votada (33 cadeiras), mais umha do que o Likud, que obteve 7 cadeiras a menos do que nas eleições de abril.

Em consequência dos resultados (55 aliados Netanyahu, 46 centro-esquerda, 13 árabes e 8 Israel Nossa Casa), nengum bloco consegue obter umha maioria governista.

Umha hipótese seria a formaçom dum governo de coaligaçom entre o centro-esquerda, Israel Nossa Casa (54 lugares) que contasse com o apoio dos partidos árabes (13 lugares). De facto, o líder da Lista Unificada (coaligaçom árabe) anunciou que 10 deputados da sua bancada (salvo os 3 do Balad) iriam apoiar o candidato centrista, Benny Gantz. Porém, Lieberman rejeitou essa hipótese alegando que nunca iria conformar um bloco nem com os ultraortodoxos haredim e judeus messiânicos por serem "os nossos adversários politicos" nem com os Árabes por serem "os nossos inimigos".

Assim sendo, a única opçom que se enxerga para a formaçom dum novo governo é um executivo de unidade nacional entre Azul e Branco e o Likud (65 lugares), mas essa hipótese apenas seria possível sem a presença de Netanyahu.

Perante esta situaçom de impasse, a 25 de setembro o presidente israelita encargou a Netanyahu a formaçom dum novo governo sob a fórmula de governo de uniom nacional sob umha direçom política rotativista. Para aproximar os dous blocos, o presidente sugeriu que Netanyahu se retirasse temporariamente caso seja finalmente inculpado. 

Um governo de uniom nacional tornaria a Lista Árabe na principal força da oposiçom em Israel. Os Árabes constituem por volta de 20% da populaçom do Estado judeu e, segundo X.L. Méndez Ferrín, político, escritor galego, "gozam da plena cidadania israelita, votam livremente nas eleições e têm os seus partidos bem representados num parlamento pluralista". De facto, nas eleições aumentaram a sua representaçom ao conseguir eleger mais 3 deputados do que nas eleições de abril. 

Como referido, com o anúncio de apoiar a candidatura de Benny Ganzt (Chefe do Estado-Maior Geral das Forças de Defesa de Israel entre 2011-15) à chefia do governo israelita, é a primeira vez desde 1992 que os partidos árabes decidem envolver-se na política nacional de Israel e abandonar a sua estratégia abstencionista.

Por enquanto, ficamos à espera.

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