sexta-feira, 26 de junho de 2015

TROPICÁLIA DIZ SIM A ISRAEL

A seguir reproduz-se, na íntegra, a carta que o cantor brasileiro Caetano Veloso mandou para Roger Water (ex-líder do Pink Floyd envolvido no movimento BDS), que pediu que ele e Gilberto Gil nom façam show em Israel no próximo julho por causa do "massacre contra os Palestinianos". Na carta, Caetano Veloso justifica a sua presença em Israel.



"Querido Roger,

Há cerca de um mês recebemos sua carta através de Pedro Charbel, um jovem brasileiro que faz parte do Movimento BDS. Pedro veio à minha casa, onde ele nos conheceu, a Gil e a mim — junto com nossas empresárias —, acompanhado de uma jovem brasileiro -israelense, Iara Haazs, uma judia (que também está com o BDS), para pedir que cancelássemos o show, em Tel Aviv, no próximo mês. Antes disso, nós recebemos a carta de um importante militante dos direitos humanos no Brasil com o mesmo pedido.

Hoje nós recebemos outra, desta vez do próprio Desmond Tutu (ele foi citado na sua e em todas as outras cartas e mensagens que recebemos sobre o assunto). Tentarei responder a ele também.

Quando a África do Sul estava sob o regime de apartheid, e eu soube que artistas estavam se recusando a tocar lá, concordei como que automaticamente com tal decisão.

A complicada situação no Oriente Médio não me mostra o mesmo tipo de imagem preto-no-branco que o racismo oficial, aberto, da África do Sul me mostrava então. Eu disse a Charbel como me sentia a respeito.

Ele pareceu achar, como você, difícil de acreditar que pessoas como Gil e eu não fôssemos recusar o convite dos produtores e do público de Israel (o show está esgotado) depois de ouvir o que ele tinha para nos contar sobre aspectos realmente sombrios da relação Israel-Palestina. 

Eu preciso lhe dizer, como disse a ele, como meu coração é fortemente contra a posição de direita arrogante do governo israelense. Eu odeio a política de ocupação, as decisões desumanas que Israel tomou naquilo que Netanyahu nos diz ser sua autodefesa. E acho que a maioria dos israelenses que se interessam por nossa música tende a reagir de forma similar à política de seu país. 

Aqui reproduzo o que disse a um jornalista brasileiro que me questionou como eu responderia ao pedido de cancelamento em uma curta sentença: Eu cantei nos Estados Unidos durante o governo Bush e isso não significava que eu aprovasse a invasão do Iraque. Escrevi e gravei uma música que se opunha à política que levou à prisão de Guantánamo — e a cantei em Nova York e Los Angeles. Eu quero aprender mais sobre o que está acontecendo em Israel agora. Eu nunca cancelaria um show para dizer que sou basicamente contra um país, a não ser que eu estivesse realmente e de todo o meu coração contra ele. O que não é o caso. Eu me lembro que Israel foi um lugar de esperança. Sartre e Simone de Beauvoir morreram pró-Israel. 

Gilberto Gil contou-me já ter sido aconselhado a cancelar shows em Israel antes, mas que ele se recusou a fazê-lo, mesmo após os terríveis acontecimentos de julho de 2014. Quanto a mim, eu gostaria de ver a Palestina e Israel como dois Estados soberanos. E entendo que Israel precisa escutar as reações que chegam do exterior. As Nações Unidas, muitos governos, e até artistas, como você, mostram os riscos de Israel ficar cada vez mais isolado, caso siga com suas políticas reacionárias. Às vezes, eu penso que é contraproducente isolar Israel. Isto é, se se está buscando a paz. Tenho muitas dúvidas sobre tema tão complexo. 

Charbel sabe quantos problemas de produção teríamos no caso de cancelamento de um show que já foi anunciado e completamente vendido. Mas eu desistiria alegremente de tudo se estivesse seguro de que essa é a coisa certa a fazer. Devo pensar por mim mesmo, cometer meus próprios erros. Eu te agradeço — e a muitos outros — pela atenção e o esforço dedicados a me esclarecer sobre a política naquela região. Sempre falarei a verdade de meus pensamentos e sentimentos, e se eu fosse cancelar esse show apenas para agradar pessoas que admiro, eu não seria livre para tomar minhas próprias decisões. Eu vou cantar em Israel e prestar atenção ao que está acontecendo lá. 

Netanyahu não ganhou fácil a última eleição. Acho que o fato de eu cantar lá é neutro para a política do país, mas se minhas canções, voz ou mera presença puderem ajudar os israelenses que não concordam com a opressão e a injustiça — em uma palavra, a se sentirem mais longe de votar em alguém como ele — eu estarei feliz."


A campanha “Tropicália não combina com Apartheid”, feita polo movimento BDS de boicote à Israel, demonstra claro desconhecimento, tanto sobre a política israelita atual, quanto ao Apartheid. Israel é um país no qual reina o respeito à diversidade, à liberdade e à tolerância.

Oposto ao que foi o Apartheid, em que Sul Africanos de cor eram segregados por lei de todo e qualquer aspecto da vida cotidiana (praias, estações de trem, banheiros, escolas, restaurantes), Israel é umha sociedade aberta, composta de pessoas vindas da África, Ásia, Europa, Americanos e do Próximo Oriente, representando múltiplos grupos religiosos. A sua igualdade, liberdade e instituições religiosas som protegidas por lei.

Oposto ao que foi o Apartheid, em que a maioria nom-branca (80%) lutou brutalmente contra a opressom para readquirir cidadania e direito de voto, em Israel a minoria de nom-judeus (20%) sempre teve direitos de voto iguais e outros direitos políticos.

Em 1948, o Apartheid começou na África do Sul, sendo um sistema legal de discriminaçom, segregaçom e dominaçom baseada em raças. Em 1948, Israel declarou-se um Estado, baseando-se num sistema de igualdade política e de direitos civis para todos.

O BDS, fantasiados de Direitos Humanos, som na realidade um movimento hipócrita, que diz lutar pola paz, mas só clama por medidas destrutivas, nom construtivas. Eles som contra a coexistência, diminuem os esforços atuais pola paz, e nom fazem nada para ajudar os Palestinianos a melhorarem as suas vidas ou a começarem a construçom dum estado. Os ativistas do BDS dizem que som a favor de leis humanitárias, mas usam um microscópio sobre Israel procurando por violações, enquanto ignoram o contexto terrorista em que estám incluídas as ações israelitas. Quer ser a favor da Palestina? Diga NOM ao BDS.

Os cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil envolveram-se politicamente nas lutas contra a opressom e a violência que mancharam a história do Brasil no período da ditadura militar. 

FONTE: O GLOBO

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