segunda-feira, 3 de junho de 2013

TRÉGUA DE QUATRO SEMANAS NA PALESTINA

Há que fazer recuar os instigadores imperialistas ingleses!


O Conselho de Segurança da ONU aceitou a proposta inglesa sobre a Palestina, que consiste em pedir umha trégua dum mês nas hostilidades para, nesse tempo, encontrar umha soluçom para o conflito.

O delegado soviético, Gromyko, denunciou perante o Conselho de Segurança a manobra britânica no sentido de prolongar a guerra na Palestina ajudando os Estados árabes agressores. Na verdade, se examinarmos o conteúdo da proposta inglesa, apresentada, aliás, por Sir Alexander Cadogan, um dos principais arquitetos do Pacto de Munique, ver-se-á obviamente que encerra umha manobra destinada a facilitar agressom árabe.

Com esta proposta, dizem os representantes ingleses, que o seu país faz concessões. No entanto, por meio do seu texto, nom é possível encontrar qualquer cousa que tenha um carácter de igualdade para ambas as partes. Apresenta-se como umha concessom que a Inglaterra aceita o bloqueio do envio de armas para todos os países diretamente envolvidos no conflito. Mas nom som os árabes os prejudicados, já que até a véspera a Inglaterra vem fornecendo armas ao abrigo de "tratados anteriores", como declarado oficialmente em Londres, além dos depósitos de armamento do exército inglês na Palestina, que foram entregues na sua grande maioria a Transjordânia.

Figura também como outra concessom da Inglaterra a retirada dos seus oficiais dos exércitos árabes, mas isso afeta somente aqueles que conservam a nacionalidade inglesa. Aqueles que, como o General Grup Pasha, tenham adquirido outra nacionalidade, nom som afetados por essa retirada.

A proposta britânica tem todo o carácter de apontar para conseguir um prazo, nom para conciliar os interesses árabes e judeus, mas para encontrar um "modus vivendi" entre os petroleiros anglo-norte-americanos com base em dividir-se a Palestina.

A atitude de árabes e judeus perante a trégua ordenada polas Nações Unidas contribui para encontrar o fundo da manobra. O governo israelita respondeu estar disposto a aceitar a trégua, pedindo a proibiçom da importaçom de armas para os países árabes e que estes usem os depósitos de armamento de potências estrangeiras em território árabe, que se mantenham as posições que ocupam atualmente os diferentes exércitos e que se permita a entrada em Jerusalém para trazer comida e outros bens essenciais para a populaçom sitiada.

A resposta árabe é bastante vaga; anuncia certas condições, ainda nom públicas quando escrevemos estas linhas.

A suspensom provisória das hostilidades pode interessar à Inglaterra nom só para encontrar uma soluçom para o problema da Palestina, e de acordo com o imperialismo norte-americano, mas também para reforçar a frente árabe que começa a mostrar algumhas rachaduras. Sobre isto último informam os correspondentes da imprensa no Próximo Oriente, que no Líbano e no Iraque há umha profunda decepçom no povo por esta aventura guerreira à que Bevin lançou o seu povo.

Comparando esta situaçom a unidade e a firmeza da República de Israel, entende-se a necessidade do imperialismo britânico para manobrar por algum tempo para evitar rachaduras na sua frente.

Pola sua vez, os judeus aumentam a sua capacidade ofensiva. O bombardeio de Amã, capital da Transjordânia, mostra que conseguiu responder ao bombardeamento que das suas cidades fizeram os aviões ingleses a serviço dos Estados Árabes. Neste ataque aéreo a aviaçom de Israel bombardeou com sucesso o aeródromo da RAF. Outra açom que demonstra o fortalecimento da sua aviaçom é que está a ser capaz de entregar armas e suprimentos para os sitiados em Jerusalém.

A opiniom democrática mundial deve estar alerta durante este período trégua para impedir que prosperem as manobras imperialistas anglo-saxoas e fazer com que se aplique o espírito e a letra da Carta das Nações Unidas a fim de acabar com esta guerra de agressom e garantir a existência livre e independente do Estado de Israel.

ÚLTIMA HORA

Os árabes seguem a bombardear Jerusalém

Apesar do acordo da ONU, os árabes continuam a bombardear Jerusalém.

Quando fechamos esta ediçom as agências informam que, apesar da sua aceitaçom do acordo de trégua solicitada pola ONU, os árabes continuam o bombardeamento de Jerusalém. Isso prova a atitude agressiva dos líderes árabes, que sabotam visivelmente os acordos da ONU.


Nº 120 de Mundo Obrero - 3 de junho de 1948 - pág. 4

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