quarta-feira, 15 de maio de 2013

O PSOE PERANTE A CRIAÇOM DO ESTADO DE ISRAEL




Desta maneira "El Socialista", boletim oficial do PSOE, dava conta da criaçom do Estado de Israel e do início da primeira guerra árabe-israelita.

A atualidade internacional apresenta-se sobrecarregada de acontecimentos nom-isentos, infelizmente, de drama.

Os ingleses, em 15 de maio, de acordo com as promessas feitas repetidamente, deixaram o território da Palestina. E mal se embarcou o Alto Comissário, as tropas árabes invadiam o território degenerando em guerra feroz, com ataques de aviaçom, a luta incansável que vinham realizando árabes e judeus.

O Estado judeu foi proclamado coincidindo com a saída da Terra Santa de Sir Alan Cunningham. Eis a sua primeira declaraçom: "Nós, membros do Conselho Nacional, representantes do povo judeu na Palestina e do movimento sionista mundial, juntamo-nos em Assembleia solene no dia em que finda o Mandato britânico sobre a Palestina, e em virtude do direito natural e histórico do povo judeu e da resoluçom da Assembléia Geral das Nações Unidas, proclamamos a criaçom do Estado judeu da Palestina, que leva o nome de Israel".

O Conselho Nacional até a eleiçom da Assembleia Constituinte que deve entrar em vigor antes do primeiro de outubro, atuará como Governo Provisório. A declaraçom, feita em Telavive, abre as suas portas a todos os judeus, e alicerçar-se-á nos princípios da liberdade, da justiça e da paz, com plena igualdade social e política de todos os cidadãos, sem distinçom de raça, credo, sexo, assegurando a plena liberdade de educaçom e cultura. Além disso, os fundadores do novo Estado afirmar o seu compromisso com a Carta das Nações Unidas e oferecem a paz aos árabes residentes no Estado de Israel, que abrange as províncias de Telavive, Haifa, Galileia e Negev.

Dez minutos após a proclamaçom da Constituiçom do novo Estado foi reconhecido polo presidente Truman, ganhando, com a mão, à República dos Sovietes. Inglaterra, mais comprometida com os Estados árabes, irá demorar para fazer esse reconhecimento, e poderá operar, de forma eficaz, para localizar o conflito.

Na verdade, o rei da Transjordânia, que é um dos mais ferrenhos soberanos árabes da Grã-Bretanha, disse, entretanto, que considerava anuladas todas as promessas feitas aos judeus pola Declaraçom de Balfour. "Declaro,   disse ele, que os judeus nom têm qualquer direito na Palestina". E as tropas de todos os Estados árabes, polas diferentes fronteiras, começaram a invadir o país, que está em guerra. Intervirá a ONU? O Estado de Israel tem feito um apelo a este organismo, com efeito, mas os governos dos países árabes querem exterminar os judeus da Palestina. A guerra, seja qual for a sua dimensom, é sempre um gravíssimo perigo. O socialismo, infelizmente, ainda nom tem força moral suficiente no Mundo para evitar esses cruéis e inúteis derramamentos de sangue.

Com razom os ingleses podem acusar de injustiça à imprensa mundial, que tem esbanjado frivolidades ao lidar com a política da Grã-Bretanha na Palestina e na Índia. Os ingleses, nem na Índia nem na Palestina, serviam apenas aos seus interesses imperialistas. A sua presença, aliás, e por vezes dumha maneira singular, evitava conflitos sangrentos. Nom lembram já os monstruosos massacres de judeus? Nom está em constante guerra a Índia uma vez que os ingleses deixaram a sua direçom e deixaram os seus respectivos governos o delicado problema da ordem pública? Um nacionalismo exaltado é extremamente perigoso entre populações sem preparaçom cultural e sem educaçom política.

Da Índia e da Palestina terá de se ocupar em mais dumha ocasiom, no futuro, a Sociedade das Nações, mesmo assumindo, e esse é o nosso desejo, que os conflitos possam ser rapidamente encauzados.

Nº 5.413 de El Socialista, Ano V, 20 de maio de 1948, pág. 2.

Texto tirado do arquivo da Fundación Pablo Iglesias. Traduzido por CAEIRO.

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