sexta-feira, 24 de maio de 2013

A POLÍTICA DA URSS E DOS EUA NA FUNDAÇOM DE ISRAEL: 1948 (I)


6 de janeiro
Um diretivo da empresa Socony Vaccum transmite ao Secretário da Defesa americano que várias companhias de petróleo solicitaram suspender o trabalho nos seus oleodutos árabes debido ás condições perturbadoras na Palestina.

10 de janeiro
Ben Gurion assina um primeiro acordo com a Checoslováquia para subministro bélico. Por parte checoslovaca os assinantes som os enviados do presidente Klement Gottwald e do ministro de Defesa Nacional, o general Ludovic Swoboda.

O apoio militar checo abrange três categorias:
a) Armas de pequeno porte
b) Aviões
c) Vários serviços militares, incluindo treinamento militar e manutençom técnica

O acordo estabelece a entrega de 50.000 fuzis, 6.000 metralhadoras portáteis, 81 aviões de combate e 90 milhões de cartuchos mais o treino de pilotos. O custo da operaçom ascende a 40.000 dólares por cada aviom e 10.000 dólares por cada piloto treinado durante duas semanas.

Existiam quatro possíveis rotas para transportas o armamento para a Palestina através de países comunistas:
  1. A rota norte, através da Polónia e o Mar Báltico.
  2. A rota sul, através da Hungria, Jugoslávia e o Mar Adriático.
  3. Através da Hungria, Romenia e o Mar negro.
  4. Por ar através da Jugoslávia.
Segundo Avriel a remessa demoraria aproximadamente um mês, mas alargar-se-ia até os dous meses.

O contributo da Jugoslávia, que nom facilitou armamento, consiste na permissom para atravessar o seu espaço aéreo e o uso dos seus portos. Para o transporte marítimo o seu verdadeiro destino foi falsificado polo da Etiópia.

O treino dos pilotos judeus e de mecânicos especialistas na manutençom dos aviões teria lugar dentro das fronteiras checas. Entre os primeiros pilotos judeus estavam Mordechai Hod, que ascenderia ao mando da Força Aérea de Israel e Danny Shapira, o que seria o primeiro piloto de provas israelita.

Os aparelhos seriam desmontados no seu local de origem, introduzidos em aviões de carga e entregados em Israel para serem montados novamente.

A Checoslováquia encarregaria-se de entregar o armamento para as milícias sionistas (dos 19 milhões de dólares gastos para armar os sionistas, 11 provinham da Checoslováquia).

Como todas estas operações seriam levadas a cabo violando a Resoluçom do Conselho de Segurança da ONU que declarava um embargo de armamento para a Palestina, as autoridades soviéticas temiam ser descobertas. Assim, num memorando encaminhado para o vice-ministro Zorin, o chefe do Departamento de Próximo Oriente do MID, I. Bakulin aconselha uma intervençom confidencial em Praga e Belgrado para "permitir saber aos checos e jugoslavos sobre a conveniência de estender a ajuda aos representantes da Estado de Israel na compra e envio para a Palestina de artilharia e aviões” e conduzir negociações com a embaixada israelita em Moscovo após a sua criaçom. Zorin respondeu a estas sugestões que a Uniom Soviética nom poderia "operar com essa falta de cautela. Afinal de contas, nós votamos numha trégua na Palestina. Devemos abster-nos de movimentos que poderiam ser usados contra nós".

Tropas do Exército de Libertaçom Árabe entram na Palestina. O desdobramento completo desta força realiza-se durante dous meses.

13 de janeiro
A Administraçom de Ativos de Guerra dos EUA recebe ordens do Secretário do Exército, Kenneth Real, para cancelar a venda de 199 toneladas de explosivo M-3 para um agente de compras da Agência Judaica, que sacou 73 toneladas para fora do país antes de o resto ser apreendido.

4 de fevereiro
Chaim Weizmann, presidente da Agência Judaica para Palestina e da Organizaçom Sionista Mundial chega a Nova Iorque.

5 de fevereiro
O líder palestiniano Haj Amin al-Husseini participa em Damasco numhas negociações de alto nível entre os líderes árabes para organizar comandos de campo na Palestina e os comandantes do Exército da Guerra Santa (EGS). Esta proposta abriu o caminho para minar a posiçom do Mufti entre os Estados Árabes

7 de fevereiro
Numha reuniom em Londres entre funcionários jordanos, Glubb Pasha (que nom era senom John Glubb, o oficial britânico chefe da Legiom Árabe) e Ernest Bevin, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, acorda-se que os britânicos iriam facilitar a entrada da Legiom Árabe na Palestina logo a seguir da sua retirada, datada para 15 de maio, e que esta força iria ocupar a parte árabe a fim de entrega-la a Amman. No entanto, nom deviam entrar na área de Jerusalém ou em território do Estado judeu.

A decisom final dos britânicos para apoiar a anexaçom dos territorios árabes da Palestina polo rei Abdullah estava provocada em que nom queriam um Estado árabe palestiniano liderado polo mufti de Jerusalém.

Para além da Legiom Árabe, a ajuda britânica aos árabes inclui o envio de oficiais nazistas alemães capturados para liderar os exércitos árabes que se comrpometeram abertamente a acabar com os judeus de Israel.

9 de fevereiro
Durante umha sessom da Liga Árabe Haj Amin al-Husseini sofre um grave revés quando as suas procuras de mais autodeterminação palestiniana nas áreas evacuadas pelos britânicos e de empréstimos financeiros foram rejeitadas. As suas exigências incluiam a nomeaçom dum representante árabe palestiniano na direçom geral da Liga, a formaçom dum governo provisório palestiniano, a transferência da autoridade para os comités Nacionais locais nas áreas evacuadas polos britânicos, e tanto um empréstimo para a administraçom palestiniana como grandes somas para o Executivo Superior árabe para os árabes palestinianos polos danos danos de guerra. Aliás, a Liga Árabe bloqueou recrutamento para as forças de al-Husseini do EGS.

12 de fevereiro
O secretário de Defesa norte-americano, James Forrestal, diz num encontro do Conselho Nacional de Segurança do Congresso norte-americano que qualquer tentativa séria para implementar a partiçom da Palestina seria umha série de eventos que poderia resultar numha mobilizaçom parcial das forças armadas dos Estados Unidos. Segundo ele, havia possibildiade dumha interferência da URSS no Próximo Oriente e indiretamente admitiu que a decisom da partiçom era inimiga dos interesses americanos. Aliás, revelou também que havia apenas 53.000 homens das tropas americanas disponíveis, enquanto o general Grunther informou que seriam necessárias entre 80.000 e 160.000 homens para implementar a partiçom.

Aos argumentos militares e diplomáticos forçando umha revisom da decisom da partiçom foram somados à pressom dos interesses petrolíferos do sector privado. Os congressistas do lobby petrolífero destacaram que se os EUA continuassem a apoiar a partiçom, o petróleo do Próximo Oriente poderia nom estar disponível para a defesa nacional. Mais imediatamente, o sucesso do Programa de recuperaçom da Europa de Marshal estava ligado ao fornecimento interrupto de petróleo do Próximo Oriente. Além disso, um grupo de americanos proeminentes liderizado por Dean Virginia Gildersleeve, que formou um Comité para a Justiça e a Paz na Terra Santa, dirigiu-se ao Secretário Marshall apontando os perigos da partiçom.

Porém, os esforços de Forrestal por desbaratar a partiçom da Palestina nom tiveram muito sucesso entre os republicanos nem no seu próprio partido e ele foi bastante pressionado por sionistas e parlamentares que temiam a perda dos voto judeu em certos estados chave.


17 de fevereiro
O presidente Truman aprova, a sugestom do Departamento de Estado, convocar as Cinco Grandes Potências no Conselho de Segurança a fim de reconsiderar a questom da Palestina.

Previamente o Secretário de Estado apresentara ao Presidente três alternativas:
1. Abandono direto da partiçom.
2. Apoio vigoroso do Conselho de Segurança para a implementaçom da partilha, o que necessariamente envolveria o uso de tropas americanas unilateralmente ou em conjunto com a URSS.
3. Um esforço para retornar com a questom à Assembleia Geral e tentar remodelar a política, nom necessariamente suspendendo a partiçom, mas adoptando algumha medida temporária, como umha administraçom internacional ou um mandato conjunto entre a Gram Bretanha, EuA e França, com revisom das linhas do plano.

19 de fevereiro
O secretário de Estado George Marshal diz numha conferência de imprensa ao ser perguntado se os EUA continuariam a suportar a partiçom que “toda a questom Palestina” estava sob “consideraçom constante”.

21 de fevereiro
Eddie Jacobson, um amigo pessoal de longa data e próximo do presidente Truman, envia um telegrama para Truman pedindo-lhe para reunir-se com Chaim Weizmann, presidente da Agência Judaica para a Palestina e da Organização Sionista Mundial.

22 de fevereiro
O Presidente Truman instrui o Secretário de Estado George Marshall que, enquanto ele aprova, em princípio, um projecto elaborado pola Secretaria de Estado sobre um documento de posiçom que menciona como umha contingência possível a tutela das Nações Unidas para a Palestina, ele nom quer que nada seja apresentado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que possa ser interpretado como umha mudança de posiçom em favor da partiçom que os Estados Unidos anunciaram na Assembleia Geral em 29 de novembro de 1947. Ele também instrui Marshall para mandá-lo rever o texto final das observações que Warren Austin, representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, vai dar perante o Conselho de Segurança em 19 de março.

27 de fevereiro
O presidente Truman escreve ao seu amigo E. Jacobson rejeitando encontrar-se com Chaim Weizmann.

Numha reuniom da Liga Árabe, os líderes árabes colocam a sua crença na capacidade do ELA para ajudar os palestinianos e para fazer com que a comunidade internacional renuncie ao plano da partiçom.

8 de março
O Conselheiro do Presidente Clark Clifford escreve ao presidente Truman, num memorando intitulado Política dos Estados Unidos com relaçom à Palestina, que as ações de Truman em apoio à partiçom estám "em total conformidade com a política estabelecida dos Estados Unidos."

9 de março
O Secretário de Estado George Marshall instrui Warren Austin, representante dos EUA na ONU, que se umha assembleia especial das Nações Unidas para a Palestina fosse convocada, os Estados Unidos apoiariam a tutela das Nações Unidas para a Palestina.

12 de março
A Comissom Especial das Nações Unidas para a Palestina relata que "os presentes indícios apontam para a conclusom inevitável de que quando o mandato [britânico] terminar, a Palestina é susceptível de sofrer severamente caos administrativo, conflitos generalizados e derramamento de sangue".

13 de março
O amigo do presidente Truman, Eddie Jacobson, entra na Casa Branca sem um encontro oficial marcado e implora a Truman que se reúna com Chaim Weizmann. Truman responde: “O senhor ganhou, careca filho da puta. Vou vê-lo”.

18 de março
O Presidente Truman reúne-se com Chaim Weizmann, a quem comunica que quer ver a justiça feita na Palestina sem derramamento de sangue e que se o Estado judeu fosse declarado e as Nações Unidas permanecessem estagnadas na sua tentativa de estabelecer umha tutela temporária sobre a Palestina, os EUA reconheceriam o novo estado imediatamente.

A Comissom Especial das Nações Unidas para a Palestina relata ao Conselho de Segurança o seu fracasso em chegar a umha soluçom de compromisso entre judeus e árabes, recomendando que a ONU assumisse temporariamente a tutela sobre a Palestina para restaurar a paz.

19 de março
O representante dos EUA nas Nações Unidas, Warren Austin, anuncia ao Conselho de Segurança da ONU que a posiçom dos EUA é que a partiçom da Palestina já nom é umha soluçom viável e que a Resoluçom 181 "nom constitui umha obrigaçom para as Nações Unidas ou qualquer um dos seus membros". Aliás, o diplomata americano refere que "o plano das partiçom fora acordado apenas com a presunçom de que todas as partes do plano seriam cumpridas juntas. Desde que isto era agora manifestamente impossível, o trabalho das Nações Unidas era assegurar que a paz e a ordem fossem restaurados".

Logo a seguir, o governo americano propõe a criaçom dum mandato a ser estabelecido sob um Conselho de Administraçom e pede que o Conselho de Segurança recomendasse essa Administraçom para a Assembleia Geral e para o mandatário. Sugere também que o Comité para a Palestina suspendesse os seus esforços para implementar a partiçom.

Em resposta, a Agència Judaica rejeita o plano em cheio e anuncia que um Governo Judeu Provisório seria estabelecido em 16 de maio, mesmo se a ONU falhasse em implementar a partiçom.

20 de março
O Secretário de Estado George Marshall anuncia que os Estados Unidos vam procurar trabalhar dentro das Nações Unidas para trazer umha soluçom pacífica para a Palestina, e que a proposta de tutela temporária das Nações Unidas para a Palestina é a única ideia a ser considerada que permitirá que as Nações Unidas possam enfrentar a difícil situaçom na Palestina.

21 de março
O Presidente Truman escreve à sua irmã Mary Jane Truman que os "conspiradores" do Departamento de Estado "embrulharam completamente a situaçom na Palestina", mas que “ele pode trabalhar de qualquer jeito, apesar deles".

22 de março
Presidente Truman escreve ao seu irmão Vivian Truman sobre a Palestina: "Eu acho que a cousa certa a fazer, e a cousa que eu tenho feito, é fazer o que eu acho que é certo e deixá-los todos para o inferno."

25 de março
O presidente Truman afirma numha conferência de imprensa que a tutela das Nações Unidas na Palestina apenas seria umha medida temporária com o objeto de estabelecer as condições de paz que permitam chegar a umha soluçom final política. Ele disse também que essa tutela nom irá remover a partiçom.

O presidente aclarou que a intençom do seu plano nom era revogar a partiçom, mas preencher o vácuo criado polo fim do Mandato britânico. A partilha apenas seria adiada: "Infelizmente, tornou-se claro que a partiçom nom pode ser realizada por meios pacíficos. Nós nom podemos impor esta soluçom ao povo da Palestina polo uso de tropas americanas, por motivos de política nacional e pola Carta. O Reino Unido anunciou a firme intençom de abandonar o Mandato na Palestina a 15 de maio. A menos que umha açom de emergência seja tomada, nom haverá autoridade pública na Palestina capaz de preservar a lei e a ordem. Havera violência e derramamento de sangue na Terra Santa. Umha luta em larga escala entre os povos daquele país será o resultado inevitável. Tal luta infectaria todo o Próximo Oriente e poderia levar a consequências da mais grave sorte, envolvendo a paz desta naçom e do mundo".

30 de março
Os EUA introduzem duas resoluções no Conselho de Segurança, umha chamando árabes e judeus para umha trégua e outra pedindo ao Conselho para marcar umha sessom especial da Assembleia Geral.

Fontes
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