domingo, 14 de abril de 2013

VOLUNTÁRIOS JUDEUS NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Durante a guerra civil espanhola as tropas nazi-fascistas comandadas por Francisco Franco receberam o apoio do Terceiro Reich, a Itália fascista e do Portugal governado por Salazar. Ao contrário, o bando republicano contou com o apoio da URSS e o México. Para maior vergonha do mundo democrático, países como o Reino Unido ou a França, entom governada pola Frente Popular de L. Blum, praticaram umha política oficial de nom-intervençom.

Nessa altura umha parte significativa da populaçom judaica, especialmente na Europa, estava ativa em organizações socialistas e comunistas em entre-guerras.

Os partidos da esquerda europeia promoveram as Brigadas Internacionais para lutar ao lado dos republicanos, chamado ao que acorreram muitos judeus, chegando a constituir umha parte considerável dos voluntários socialistas, aproximadamente 10 por cento.

A seguinte tabela mostra a origem dos voluntários judeus nas Brigadas Internacionais.

País
Número de voluntários
Voluntários judeus
% de voluntários judeus
Polónia
3.000
2.250
73,3
EUA
2.800
1.250
44,6
França
7.500
1.043
13,9
Palestina

500

Alemanha
3.000
400
13,3
Reino Unido
2.000
200-400
10-20
Bélgica
1.600
200
12,5
Checoslováquia – Hungria
3.000
120-150
4-4
Canadá
1.500
71
4,7
URSS
2.000
53
2,7


No total, foram entre 6000 e 8000 os judeus de diversas orgiens que participarom no combate ao levante militar de Franco.


Mesmo a liderança das Brigadas Internacionais chegou a considerar formaçom dumha brigada inteiramente judaica, hipótese descartada perante a oposiçom do Komintern a formar unidades militares étnicas. No entanto, uma companhia judaica, a Companhia Naftali Botwin foi formada dentro do Batalhom Palafox da Brigada Dombrowski (a XIII Brigada Internacional) e que combateu na Batalha do Ebro.

Esta Companhia tiña um hino próprio, Der March der Botvin-soldaten, composta por Olek Nuss, quem sobreviveu a guerra mas foi executado polos nazistas na França; e o seu próprio jornal, "Botwin", redigido em iídiche. O seu ânimo combatente, apesar dos adversos resultados bélicos, fizeram-lhes merecer o apelativo de Dei royte teyvelonim, (os diabos vermelhos). O seu nome era em homenagem a Naftali Botwin, um judeu polaco executado em 1925 por abater um delator à polícia.

Na sua Declaraçom fundacional, esta companhia manifestava:
"Todos nós, antifascistas, sem distinçom de nacionalidade ou convições políticas, estamos firmes na nossa conviçom de lutar duramente contra o fascismo, o racismo e o antissemitismo; de esforçar-nos por libertar o povo de Espanha e à humanidade da bestialidade fascista e a escravatura. Os antifascistas de todos os países assistem-vos nesta luta pola vossa liberdade e a nossa". 

Junto dos voluntários das Brigadas Internacionais, e em especial os da Brigada Dombrowski, os voluntários judeus distinguiram-se polo seu heroísmo, o seu espírito de luta e a sua devoçom por combater o fascismo. Em Madrid, Guadalajara, Brunete e Saragoça, onde quer que a brigada se encontrar, lutou sempre contra o inimigo mortal da humanidade: o fascismo. Os voluntários judeus sempre estiveram em primeira linha, dando exemplo com o seu heroísmo e consciência anti-fascista.

O compromisso da comunidade judia com a legitimidade democrática naquela guerra, para além do apoio material que enviava desde todo o mundo, reflectiu-se no papel protagonista dum deles, Gershon Dua-Bogen, Secretario Geral do Partido Socialista dos Traballadores de Israel (MOPS) e chefe do Departamento judeu no Secretariado Nacional do Partido Comunista Polaco (PCP). Delegado do comité Central do PCP para Espanha, foi o comissário político-partidário das Brigadas Internacionais na súa sede de Albacete. 

Além disso, a maioria dos Corpos Médicos das Brigadas eram judeus. Muitos jornalistas do jornal iídiche parisiense "Naye Presse" foram à frente espanhola a combater o fascismo. De facto, a última baixa das Brigadas Internacionais foi dum dos "diabos vermelhos", Haskel Honigstein, quem recebeu um funeral de Estado por parte do Governo constitucional espanhol. 

Por enquanto, as forças golpistas contaram com o brutal apoio dentre 80.000 e 100.000 estrangeiros árabe-muçulmanos, enquadrados fundamentalmente nas Forças Regulares de indígenas do protectorado que já tinha ajudado na cruel repressom das revoltas das Astúrias de 1934, e que durante a guerra espanhola e o posterior esmagamento da Resistência guerrilheira (os maquis) tinham reconhecido o "direito de pilhagem" com o monstruoso exercício, caracterizado por violações e feminicídios cruéis. Aquele colectivo foi recompensado com a elevaçom do seu cruel, mas muito condecorado mando marroquino Mohamed Ben Mizziam Bel Kasem como Comandante Geral de Ceuta e depois mesmo Capitám Geral da Galiza, acabada a guerra. Em 1937 Franco chegou a dizer "a nossa guerra é umha guerra religiosa. Nós, todos os que combatemos, cristãos e muçulmanos, somos soldados de Deus e nom lutamos contra homes, mas contra o ateísmo e o materialismo".

Nom por acaso, Dolores Ibárruri La Pasionaria remeteu em  1948 à Associaçom de Voluntários de Israel nas Brigadas Internacionais umha proclamaçom saudando o novo Estado de Israel e comparando os exércitos invasores árabes com o levante fascista que tinha destruído a República.

Em 2007 Eran Torbiner realizou o documentário Madrid before Hanita em que fez umha crónica do combate ao fascismo de 300 judeus comunistas, provenientes da Palestina e integrados nas Brigadas Internacionais. O filme inclui entrevistas com os últimos sobreviventes, bem como bocados das suas cartas e diários durante o conflito. Também as brigas que tiveram na hora de se alistar com os líderes sionistas e os camaradas que nom compreendiam a necessidade de intervir num conflito tam alheio.

Artigo de elaboraçom própria a partir das informações fornecidas na Wikipédia (artigo "Jewish volunteers in the Spanish Civil War") e textos de José Luis Prieto.

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