quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O BUNDISMO: A PARTIR DE 1947


O extermínio de quase a totalidade da judaria europeia perpetrado polos nazistas durante a Segunda guerra mundial deixa ao Bund sem a base humana que justificara a sua existência. 

A partir de entom os bundistas, no seu duplo papel como defensores da autonomia nacional-cultural judaica no marco dos estados multinacionais e de modelos de igualdade social e econômica, enfrentam-se à realizaçom da proposta nacionail-territorial do sionismo: o Estado de Israel.


O nascimento do Bund Internacional
O Bund Internacional é umha organizaçom socialista judaica internacional sediada em Nova Iorque que recolhe o legado do Bund inicial.

O Bund Polaco estabelecera umha representaçom em Nova Iorque em 1941 desde onde editava um jornal. O massacre dos Judeus na Segunda Guerra mundial, a sua dispersom e o triunfo dos sionistas como um movimento político dominante entre a judaria levarom à revisom fundamental da definiçom nacionalitária polo Bund. Destarte, no que era umha prática habitual entre os sionistas, os bundistas convocam um Congresso Mundial das organizações bundistas de diferentes países.

A I Conferência tem lugar em Bruxelas em maio de 1947 e nela constitui-se o Comité de Coordenaçom Mundial do Bundismo e das Organizações Judaicas Socialistas Filiadas (IJLB). A Conferência aceitou a existência dumha naçom mundial judaica, visando ser especialmente ativo entre a comunidade utente do iídiche. O Comité Mundial foi liderado por Emmanuel Novogrodski até 1961. Ele fora secretário do Bund Polaco, participara no Conselho Nacional do governo polaco no exilo após o suicídio de S. Zygielbojm e participara no estabelecimento da delegaçom bundista em Nova Iorque.

Em 1948 o Bund Polaco retira-se do Comité de Coordenaçom Mundial para acabar integrando-se no partido único do regime comunista polaco.

Em junho de 1947 o IJLB foi admitido com o estatuto de observador na Conferência da Internacional Socialista reconstituída celebrada em Zurique.

O Bund e a criaçom do Estado de Israel
O Bund manifestou-se em contra da partilha da Palestina realizada polas Nações Unidas em novembro de 1947 e reafirmou o seu apoio à soluçom de Um só estado, isto é, um único estado binacional que garantisse igualdade de direitos para Judeus e Árabes sob o controle das potências e da ONU.

Em 1948 o Bund Internacional participa pola primeira vez no Congresso Mundial Judaico embora estivesse dominado polos sionistas e elementos burgueses. Após a proclamaçom do Estado de Israel em 14 de maio, o Bund Polaco (clandestino) apoiou o novo Estado expressando a sua esperança de que o estado lutaria contra o chauvinismo judaico, dialogaria com os Árabes, lutaria polo socialismo e contra o imperialismo. Mas o Bund nos EUA criticou a proclamaçom do Estado judaico temendo que a fraqueza da comunidade judaica na Palestina poderia ser derrotada polos Árabes.

Já que a criaçom do Estado de Israel estava em contradiçom com a ideologia bundista, a II Conferencia Mundial do Bund Internacional celebrada em Nova Iorque em outubro de 1948 condenou a proclamaçom do Estado de Israel. A conferência estivo em favor dum estado binacional alicerçado na igualdade nacional e no federalismo democrático.

Em 1951 assistiu como «organizaçom associada» no Congresso fundacional da nova Internacional Socialista em Frankfurt am Main. O Bund rejeitou a escolha entre o capitalismo e «o imperialismo soviético» declarando o seu apoio ao socialismo democrático. No conflito entre as duas grandes superpotências o Bund nom foi neutral senom que apoiou aos EUA já que nos países ocidentais, salvo exceções (a Espanha de Franco), o movimento operário desfrutava de direitos básicos.

Em 1951 estabeleceu-se umha organizaçom bundista em Israel, o Arbeter-ring in Yisroel-Brith Haavoda liderizada por I. Artuski, quem no início da década de 1930 fora um dos líderes trotskistas do Partido Comunista da Polónia e em 1935 juntara-se ao Bund Polaco.

Umha das questões básicas que tivo de ser respondida polo Bund israelita foi se o Estado de Israel devia ser identificado com o sionismo. Segundo o Bund israelita o Estado judeu nom poderia ser erguido somente polos esforços sionistas sem o apoio das superpotências e a tal efeito declarou a sua vontade de mirrar o carácter sionista de Israel.

Conforme a isto, a III Conferência Mundial celebrada em Montreal em 1955 decidiu que a criaçom do Estado judeu supunha um acontecimento importante na história do povo judeu. O Estado poderia desempenhar um papel positivo na vida dos Judeus, mas algumhas mudanças eram necessárias.

Os participantes na conferência exigirom:
1.Que as autoridades de Israel devem considerar o Estado como património dos Judeus de todo o mundo
2.Isso significaria (contrariamente à conceiçom sionista) que os assuntos da comunidade judaica em Israel estariam subordinados aos assuntos da Judaria mundial.
3. A política do Estado de Israel seria a mesma para todos os seus cidadaos independentemente da sua nacionalidade (na altura a maioria de Árabes israelitas viviam sob umha lei marcial).
4.Israel deve tender relações de paz com os Árabes. Isso requereria parar a expansom territorial de Israel e trazer umha soluçom para o problema dos refugiados Palestinos.
5. O iídiche deve ser ensinado em todas as instituições educativas e deve desfrutar de todos os direitos na vida pública (na altura todos os partidos sionistas, salvo o Poale Zion de Esquerda, participarom na perseguiçom da cultura iídiche ao considerá-la como umha gíria da diáspora).

Porém, o impato dessas exigências foi limitado porque o Bund israelita nom conseguiu desempenhar um papel político considerável. Na única vez que concorreu às eleições para o Parlamento em 1959 ganhou apenas 1300 votos e nengum mandato. Mais frutíferos forom os esforços do Bund em favor do desenvolvimento da cultura iídiche.

De 1959-78 o Bund organizou campamenos juvenis de verao no Estado de Nova Iorque. O movimento juvenil do Bund, SKIF, também organizou campamentos de verao no Canadá e Melbourne (Austrália). Hoje a SKIF opera em Melbourne e na França desde 1963 como o Clube Laico das Crianças Judaicas (CLEJ).


Após a guerra árabe-israelita de 1967
Em 1967 o Bund israelita, como o resto de partidos, considerou a agressom de Israel contra os países árabes como umha guerra de defesa. I. Aruski responsabilizou da guerra às duas superpotências que lutavam entre si polos seus aliados locais. Além disso, os EUA forneceram armamento a Israel e à Arábia Saudita e Jordánia, ou seja, dous lados antagônicos do conflito.

Na opiniom do Bund israelita a vitória de Israel supunha umha oportunidade para a paz entre Israel e os Árabes porque, como resultado da guerra todos os territórios do antigo mandato británico estavam sob o controle de Israel. Israel deveria exigir aos Estados árabes o reconhecimento do Estado de Israel, aceitar o seu direito de passagem polos estreitos de Tiran e do canal de Suez, suspender a sabotagem económica e resolver os conflitos pacificamente. Israel e a ONU deveriam assegurar umhas condições de vida decentes aos refugiados palestinos. O Bund israelita considerava como soluçom realista executar a resoluçom da ONU de 1947 da criaçom de dous estados na Palestina. O Estado palestino deveria ser umha federaçom juntamente com o Estado judeu.

A V Conferência do Bund Mundial tivo lugar em Nova Iorque em 1972. Nela exigiu-se a retirada das tropas israelitas dos Territórios Ocupados como resultado da guerra de 1967. Igualmente, reconheceu o direito de autodeterminaçom para os Palestinos, tanto dos territórios ocupados quanto em Israel e apelou para umha soluçom justa ao problema dos refugiados palestinos. Na resoluçom a maioria de delegados enfatizou que os principais atrancos no caminho para resolver o conflito árabe-israelita nom eram as necessidades reais dos israelitas, mas o militarismo, o expansionismo e o chauvinismo sionista. A Conferência apelou para a criaçom dumha Federaçom de dous Estados nacionais como soluçom do conflito árabe-israelita.


Em 1997 organizarom-se actos comemorativos do centenário da constituiçom do Bund em Nova Iorque, Londres, Varsóvia, Paris e Bruxelas.

Na atualidade existem outros grupos filiados no Reino Unido (Grupo Socialista Judaico), França (Centro Medem-Arbeiter Ring), Dinamarca, Canadá, EUA, Austrália, Argentina e Uruguai.

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